Capítulo IV

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   Entre muitas coisas naquele momento que me causavam insistentes questionamento acerca de tudo, estava aquele ser excêntrico de beleza inigualável e de uma personalidade que mais parecia uma odisséia entre o bem e o mal. Michael era uma pessoa muito confusa. Ao estar perto dele eu só me questionava o que ele iria fazer logo em seguida, se iria esbravejar ou se iria ser educado. Ele era muito inconstante, tal qual o clima da minha cidade, onde nasci.

   Passado alguns dias, eu estava muito melhor, mas ainda tinha dificuldade para andar, meu rosto estava quase sem nenhuma marca ou arranhão o que era bom, pois estar perto de alguém bonito como aquele homem, com o rosto cheio de hematomas não era nada agradável.

   Tentei várias vezes me aproximar dele, sem segundas intenções é claro mas ele era esguio, nossas conversas eram curtas, ele parecia não ter muito interesse nelas, aliás ele não parecia ter muito interesse em nada.

  Tomei um susto um dia desses quando desci as escadas e encontrei ele limpando uma arma em cima do sofá. Ele olhou para trás e rapidamente chegou se eu estava lá. E não disse uma palavra sequer. Eu fiquei com medo, espero que sem razão.

   — Michael, você não tem família? —. Questionei na mesa de jantar, ele me olha, com certeza decidindo se iria me responder ou não.

   — Eu tive —. Falou seco e voltou a comer, não quis insistir no assunto, pois deveria ser muito delicado para ele.
Só queria puxar assunto mesmo, mas era difícil.

   A única coisa que eu sabia dele, era que ela amava espancar nazista, não sei bem como eu começaria uma conversa sobre isso mas enfim, eu tive uma brilhante ideia. Depois do almoço, com muita dificuldade fui andando para o sofá, e procurei no meu celular alguns filme que nazistas apanhassem. Entre alguns escolhi um que há muito tempo há ouvi falar sobre ele. "Bastardos Inglórios".

   Ele estava na mesa, de lá poderia muito bem ver a televisão, então apertei o botão e o filme começou. Eu estava um pouco nervoso, não sabia muito bem por qual razão estava fazendo aquilo, mas eu só queria que ele viesse assistir comigo.

   A introdução do filme era tão maravilhosa que esqueci dele durante toda ela, e quando acabou tomei um susto quando o vi parado, de pé, bem atrás de mim.

   — Você se assusta muito fácil —. Disse.

   — Desculpa, mas você apareceu aqui do nada —.

   — Só estava prestando atenção no filme —.

   — Ele é bom, pelo menos estou achando, até aqui —.

   Ele não disse nada, somente sentou-se no outro sofá e continuou a assistir o filme. Era possível ver sua alegria quando um nazista morria. Ele às vezes me dava medo, mas era tão bonito.

   Fiquei a maior parte do tempo olhando para ele, as vezes ele me olhava também, mas rapidamente desviava. Seu cabelo era muito bonito, combinava bastante com deu rosto. Acho que ele não tinha defeitos.

  — Tomara que ele sobreviva —. Eu falo sobre um dos melhores melhores personagens, o detetive nazista.

   — Tomara que morra, nazista bom é nazista morto —. Ele falou seco. Fiquei surpreso pelo seu ódio por supremacistas, eu queria tanto saber o porque, mas ele não me contava amava me fazer suspense.

   Suspirei quando no final, o meu personagem favorito sobreviveu, olhei para ele e sua expressão era de curiosidade.

  — Que foi? —. Questionei.

  — Nada —.

  — Ele sobreviveu ainda bem —.

  — Se tivesse encontrado comigo iria ganhar bem mais do que apenas uma cicatriz na testa —.

   — Ao que parece você os odeia, nazistas, o pessoal da Klan, só não entendo ainda o porquê —.

  — Quer dizer que é preciso de algum motivo pra odiar pessoas assim? Pessoas não, monstros, quem por acaso teria empatia por assassinos —.

   — Não sei, pra mim todo branco é assim, todo mundo nos olha assim, como invasores, e nem é preciso ser branco qualquer pessoa bem na vida acha que é branco —.

   — Acredite nem todo mundo é podre assim, mas só não entendi porque você torceu para ele viver, ele deveria morrer —.

   — Não sei, creio que com essa traição ele salvou muitas vidas, muitas mesmo, e acho que teria sido muito melhor se as coisas tivessem acabado assim —.

   — É um pensamento otimista, mas na realidade tudo termina com morte e sangue, já vi tanta coisa que não tenho, mas esperança na humanidade —.

   — Por que não? —.

   — Lutamos contra nós mesmos, defendemos pessoas que nos atacam diariamente, no final não há nenhuma diferença entre inimigos e aliados, não há lados apenas desejos —. De todos os seus lados o que ele menos esperava era seu lado intelectual, e ele era muito sábio ao que parecia.

  — É um belo pensamento, você deve ter passado por poucas e boas pra chegar nessas conclusões —.

  — Conclusões? Quem disse que eram conclusões, eram confissões de homens moribundos, dilacerados e partidos como se fossem carne moída. Lamentando por ter entrado em uma luta ilógica, podendo em vez daquilo estar em casa, com suas famílias, vivendo vidas normais e não servindo de máquinas de guerra. Essas palavras são iguais de ambos os lados, acredite nunca eu chegaria a essas conclusões —.

    Aqueles olhos azuis, com toda certeza já haviam visto coisas demais, coisas das quais nem ouso pensar, acho que era por isso que ele insistia tanto em se manter em silêncio, há coisas traumatizante na vida, e algumas merecem ser esquecidas e a...

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    Aqueles olhos azuis, com toda certeza já haviam visto coisas demais, coisas das quais nem ouso pensar, acho que era por isso que ele insistia tanto em se manter em silêncio, há coisas traumatizante na vida, e algumas merecem ser esquecidas e acredito que era aquilo que ele estava fazendo tentando esquecer de tudo.

   Mas ainda assim eu sentia um pouco de esperança em seu coração e em seu sorriso, embora ele dissesse insistentemente que não.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 
  

  

 

  
  

  

  

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