Sollaria Hopper nunca foi uma garota fácil de lidar, talvez por causa da sua complicada família, uma mãe que abandonou ela, um pai agressivo, uma irmã que odeia brigas e um irmão problemático, o qual era bem parecido com ela. Mas fora isso, ela tent...
Chapter Fifteen — Stay With Me "O outro porão" Sollaria's point of view
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A segunda fase foi onde meu espírito se quebrou de vez, a dor física era uma tempestade constante, um fogo branco que consumia cada centímetro do meu corpo. O chicote tinha aberto a pele nas minhas costas, braços e pernas. A facada na minha barriga latejava com uma intensidade nauseante a cada movimento, cada respiração. Mas era o outro tipo de violação, a íntima e prolongada, que havia apagado quem eu era. Ele gostava disso, gostava dos meus gritos abafados, dos meus espasmos involuntários, das lágrimas de puro e simples horror que ele conseguia extrair de mim como se fosse um poço sem fim. Para ele era um espetáculo, e eu era atriz principal sendo destruída em cena
E quando ele finalmente se cansou, não houve alívio, havia apenas um vazio gelado, uma certeza de que eu não existia mais. Eu era só uma casca, um recipiente quebrado para a dor dele. Ele me arrastou escada abaixo, de volta a um porão diferente, mais sujo e escuro, lá havia uma cova rasa cavada na terra, ele me jogou dentro como se eu fosse lixo.
- Daqui a pouco vai encontrar com o seu irmãozinho - a voz dele era amigável, enquanto a primeira pá de terra batia no meu peito, pesada e fria
Um pânico animal tomou conta de mim. Enterrar viva. Ele ia me enterrar viva. Eu tentei gritar, mas minha garganta estava tão arranhada que só saiu um ruído seco e agonizante.
- Não se preocupe, Sollaria, não vou te enterrar viva - ele disse, como se lesse meus pensamentos
Ele continuou jogando terra, cobrindo minhas pernas, meu torso, imobilizando-me completamente
- Isso é só pra você não tentar fugir. O que eu acho muito difícil, considerando o estado que você está, mas é só uma precaução - outra pá de terra - Eu só vou te enterrar de verdade quando você morrer de fome aqui
A revelação foi pior do que a morte instantânea. Fome. Sede. Uma agonia lenta e solitária no escuro.
- Mas não acho que você vai demorar muito
Ele continuou até que apenas minha cabeça estivesse para fora, o peso da terra esmagador, pressionando meus pulmões já doloridos, cada movimento era um esforço.
- Isso já é o suficiente. Amanhã eu venho te ver, querida Sollaria. Espero que esteja viva para a gente se divertir mais ainda
A porta se fechou, a escuridão absoluta tomando conta de tudo. A terra me comprimia, cada grão uma agulha de dor nos meus ferimentos abertos, eu não conseguia sentir minhas pernas e meu corpo era um mapa de agonia, cada marca do chicote, cada corte, cada hematoma latejando em uníssono, e para piorar, a facada na minha barriga era um fogo constante. Ele tinha razão. Eu não duraria. Chorei, mas não eram lágrimas de medo ou tristeza, eram lágrimas de rendição, de puro e simples esgotamento, porque tudo que eu queria era morrer. Mas então, uma imagem invadiu a escuridão: Finney com seus olhos bons, sua mão gentil segurando a minha no escuro. Se eu morresse, ele morreria também. A culpa foi a última emoção a me abandonar, então tentei me mover, um último e patético esforço mas nada aconteceu, somente senti uma dor avassaladora tomar conta de mim mas que logo começou a se transformar em um entorpecimento estranho.