Sollaria Hopper nunca foi uma garota fácil de lidar, talvez por causa da sua complicada família, uma mãe que abandonou ela, um pai agressivo, uma irmã que odeia brigas e um irmão problemático, o qual era bem parecido com ela. Mas fora isso, ela tent...
Chapter Ten — Stay With Me "The Grabber" Sollaria's point of view
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A consciência voltou como um afogado chegando à superfície, aos trancos, ofegante, e envolta em uma escuridão úmida e pesada, mas não era a escuridão do porão, era... silenciosa. Eu abri os olhos, pesados e doloridos, e pisei em um vazio, não era chão, não era nada e então, lentamente, formas começaram a se solidificar ao meu redor: Máquinas de fliperama desbotadas, seus écranos escuros e mudos, um salão vazio, iluminado por uma fonte de luz que não parecia ter origem, em que o ar cheirava a poeira antiga e estática.
E então, eu o vi.
Ele estava encostado em uma máquina de Pac-Man, seus braços cruzados, sua postura a mesma de sempre, um estudo de desafio relaxado. Vance. Meu irmão. O coração deu um salto tão violento no meu peito que doeu. Ele não estava apenas "ali". Ele estava. Cada detalhe, desde a jaqueta de couro desgastada até a maneira como seus cachos caíam sobre sua testa, estava perfeito, mas... translúcido, um brilho fantasmagórico envolvia seus contornos.
- Vance? - o nome saiu de meus lábios como um suspiro quebrado, um fio de voz em um mundo de silêncio
Ele se virou, e seus olhos, os mesmos olhos verdes que eu herdara, mas agora carregados de uma sabedoria antiga e uma tristeza infinita, encontraram os meus.
- Oi, Lira - a voz dele era a mesma, um pouco mais suave, mas era dele. Era a voz que me contava histórias, que me defendia, que me entendia.
Não foi um sonho, era mais real que qualquer coisa. Eu me joguei para a frente, minhas pernas bambas me carregando em direção a ele e logo meus braços se envolveram em seu torso com uma força desesperada, e eu enterrei o rosto no seu peito, no mesmo lugar onde eu costumava me esconder quando o mundo era grande demais. Seu cheiro, não o cheiro de sangue e suor da minha última memória dele, mas o cheiro dele, o verdadeiro cheiro dele, de sabão em pó barato e da jaqueta de couro, encheu meus pulmões, e foi a coisa mais real que eu senti em semanas, isso fez um soluço violento sacudir meu corpo todo, e as lágrimas não vieram; elas jorraram, quentes e incontroláveis, manchando sua camiseta.
- Eu sinto tanto... tanto... - solucei - Eu deveria ter ouvido... deveria ter te impedido de sair...
- Ei, ei... - sua voz era um murmúrio suave contra meu cabelo, seus braços me envolvendo com uma força que era inabalável - Para com isso. Você não tem culpa de nada, entendeu? Nada!
- Eu senti tanta, tanta talta de você - eu chorei, minhas palavras se perdendo no tecido - Tanta falta, Vance. Você não pode imaginar!
Seus braços, fortes e firmes, me envolveram. Ele não disse "vai ficar tudo bem", apenas me segurou, sua mão fazendo um cafuné lento e pesado em meus cabelos, um gesto que era só nosso.