Sollaria Hopper nunca foi uma garota fácil de lidar, talvez por causa da sua complicada família, uma mãe que abandonou ela, um pai agressivo, uma irmã que odeia brigas e um irmão problemático, o qual era bem parecido com ela. Mas fora isso, ela tent...
Chapter Twenty - Stay With Me "Pesadelos" Sollaria's point of view
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Já se passavam meses desde que eu havia escapado daquele porão, mas o tempo dentro da minha cabeça era uma coisa distorcida. Os pesadelos não só persistiam, como haviam se tornado mais vívidos, mais cruéis. Eles não se contentavam mais em apenas me mostrar o Grabber; eles precisavam me lembrar de tudo que eu poderia ter perdido. Naquela noite, o pesadelo foi uma facada especialmente torturante, eu estava de volta ao cativeiro, mas desta vez, o cenário era um cemitério de almas que eu conhecia, espalhados pelo chão de concreto, inertes e pálidos, estavam Vance, Bruce, Robin, Griffin, Billy... e Finney. O Finney do meu sonho estava deitado em uma poça de sangue que parecia nunca parar de crescer, seus olhos, sempre tão cheios de uma doçura teimosa, agora vazios e sem vida. Um grito ficou preso na minha garganta, eu recuei, tropeçando, querendo fugir daquela visão, mas colidi com uma presença sólida e familiar, o cheiro de couro envelhecido e suor invadindo minhas narinas. Era Grabber, suas mãos fortes, fecharam-se em meus braços.
Eu acordei com um sobressalto, meu corpo sacudindo violentamente, o suor frio colando a camiseta na minha pele, a respiração era um ferrão no meu peito.
- Lira?! Lira, você está bem? - a voz de Kayla, carregada de sono e preocupação, veio ao meu lado
Eu me virei, ofegante, e a vi deitada na outra metade da cama, ela vinha fazendo isso desde que os pesadelos aumentaram, dormindo comigo em silêncio, uma sentinela contra meus demônios noturnos. A visão dela deveria ter me acalmado, mas a imagem do Finney morto ainda estava queimada atrás das minhas pálpebras.
- Pesadelos de novo?
- Sim. Não precisa se preocupar
- Sobre... ele?
- Mais ou menos - evitei
- O Vance estava?
- Não - outra mentira
Vance estava sempre lá, de uma forma ou de outra, um fantasma protetor que meu subconsciente transformava em mais uma vítima.
- Eu to bem... eu to bem...
Kayla ficou em silêncio por um momento, estudando meu rosto à luz fraca que entrava pela janela
- Tem certeza que está bem?
- Sim. Foi só um pesadelo
- Tá. Vem dormir comigo de novo
Notei como ela mantinha as mãos firmemente presas a ela mesma, sem tentar me tocar. Essa era a parte que mais doía. Minha própria irmã, a pessoa que me conhecia desde sempre, tinha que calcular cada movimento para não desencadear uma reação em mim. Eu era uma armadilha para as pessoas que eu amava. Um peso.
- Vai ficar tudo bem - ela acrescentou, sua voz um fio de esperança no escuro
- Eu sei
- Ninguém nunca mais vai mexer com você, Lira. Você está segura
