Sollaria Hopper nunca foi uma garota fácil de lidar, talvez por causa da sua complicada família, uma mãe que abandonou ela, um pai agressivo, uma irmã que odeia brigas e um irmão problemático, o qual era bem parecido com ela. Mas fora isso, ela tent...
Chapter Seventeen — Stay With Me "Hospital" Sollaria's point of view
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
A consciência voltou como um afogamento. Sons primeiro: o bíp ritmado e monótono de uma máquina, um sussurro distante. A luz além das minhas pálpebras era muito branca, muito artificial, com certeza não era o escuro do porão e o cheiro... era de antisséptico, limpo e ácido, não era o cheiro de terra, sangue e homem.
Tentei me mover, e uma dor surda e profunda no meu abdômen me prendeu ao lugar, um gemido baixo escapando dos meus lábios. Imediatamente, senti uma pressão na minha mão, alguém estava segurando ela. O toque, mesmo gentil, foi como um choque, meu corpo inteiro estremeceu, um reflexo de pânico instantâneo. Eu puxei a mão para longe, encolhendo-me contra os travesseiros, meu coração batendo como um tambor enlouquecido.
- Vance? - a voz saiu um frágil sussurro, uma esperança desesperada. Ele tinha me puxado para fora. Ele tinha me salvo - Vance?
A silhueta se moveu, e a voz que respondeu não era a dele. Nunca mais seria.
- Não, filha. Não é o Vance - a voz era masculina, mais grave, e carregava um peso que eu reconhecia mesmo através do meu terror
Minha visão, embaçada e cheia de pontos, começou a se focar, o rosto que se aproximava era marcado, cansado, e naquele momento, estranhamente vulnerável, era meu pai.
- Pai? - a pergunta foi um suspiro de confusão. O que ele estava fazendo aqui? Onde estava o Grabber?
- Sim, sou eu, filha - ele disse, e sua voz trêmula.
Ele tentou me tocar novamente, sua mão se movendo para tocar meu braço mas eu recuei violentamente, um movimento brusco que fez a dor no meu estômago gritar e um som de angústia escapou de mim. Não. Não me toque. Por favor, não me toque.
A expressão no rosto dele se partiu, ele viu o puro e simples medo nos meus olhos, o medo que ele mesmo havia plantado e que outro homem havia regado até florescer em um horror absoluto.
- Sinto muito... - a voz dele quebrou, e ele baixou a mão, recuando - Sinto muito por tudo...
A confusão deu lugar a uma lucidez dolorosa, eu estava em um hospital. Eu estava limpa. A dor era real, mas era uma dor administrada, não a dor selvagem e infligida do porão. E meu pai estava aqui, pedindo desculpas por "tudo", como se duas palavras pudessem apagar anos de socos, de gritos, de bitucas de cigarro e de vidro quebrado. Logo as memórias começaram a voltar em flashes desconexos: a luz da lanterna, o rosto do Sr. Brown, a voz de alguém gritando que eu estava viva.
- O que... o que está acontecendo? - minha voz era fraca, assustada
- Você está viva, filha
Ele se inclinou para a frente, muito devagar, como se eu fosse um animal selvagem, e me puxou para um abraço, meu corpo ficando rígido como uma tábua. Eu não conseguia relaxar. Não conseguia levantar os braços para retribuir, porque cada ponto de contato entre seu corpo e o meu era um lembrete de outros toques, de outras mãos que me seguraram com força, que me machucaram, então eu apenas fechei os olhos e suportei, esperando que acabasse. Quando ele se soltou, seu rosto estava úmido, ele não disse mais nada, apenas se virou e saiu do quarto, sua desculpa de "precisar de ar" soando tão frágil quanto eu me sentia, mas eu não dava a mínima para ele.