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Chapter Eighteen - Stay With Me
"Home"
Sollaria's point of view

Apesar de odiar hospitais com toda a força da minha alma, aquela semana interminável dentro daquelas paredes brancas e esterilizadas foi um mal necessário

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Apesar de odiar hospitais com toda a força da minha alma, aquela semana interminável dentro daquelas paredes brancas e esterilizadas foi um mal necessário. A anemia me deixava fraca como um filhote, e a dor da cirurgia era um lembrete constante de cada golpe, cada violação. Cada vez que uma enfermeira se aproximava para checar meus sinais vitais, eu precisava conter um impulso de recuar porque o toque, antes algo que eu tolerava com dificuldade, agora era uma batalha interna.

Mas Finney estava sempre lá, todos os dias, depois da escola, ele aparecia. Às vezes, ele só ficava sentado na cadeira ao lado da minha cama, lendo em silêncio enquanto eu cochilava. Sua presença era um antídoto contra a memória da solidão. Ele não tentava me forçar a falar, não me pressionava, apenas estava lá. E naqueles momentos, a agulha no meu braço e o frio do chão de concreto pareciam um pouco mais distantes.

Quando finalmente me liberaram, voltar para casa foi como entrar em um museu de um passado que não existia mais. A casa estava silenciosa, uma quietude pesada e não natural havia se instalado, sufocando os ecos dos gritos do meu pai e das risadas altas do Vance. Agora, meu pai era uma sombra que se movia pelos cômodos, seus olhos evitando os nossos, sua raiva substituída por um vazio que era, de certa forma, mais assustador. Eu quase preferia os gritos. Pelo menos a raiva era algo vivo, algo que eu conhecia. Aquele silêncio era o som da culpa, e ele ecoava em cada canto vazio, e eu nunca sabia quando iria evoluir para descontar na bebida de novo.

A porta do quarto do Vance estava sempre fechada, algumas noites, eu ainda acordava sufocada por pesadelos, meu corpo suando e tremendo, e meus pés me levavam até o corredor antes que minha mente percebesse, eu sempre parava em frente à sua porta, minha mão tremula pairando sobre a maçaneta, até que a realidade caía sobre mim como um balde de água gelada. Ele não estava lá. Não haveria mais ninguém para me enrolar em seu casaco fedendo a cigarro e sussurrar que "já ia passar", mesmo quando nada nunca realmente passava.

Fomos a todos os funerais, no do Robin, eu me mantive um passo atrás de Finn, minha presença silenciosa uma tentativa de oferecer o mesmo apoio que ele me dava. Eu via a dor nos ombros curvados dele, e tudo que eu queria era poder carregar um pouco daquele peso. No funeral do Vance, foi ele quem não soltou minha mão, seu aperto era firme, ancorando-me enquanto o mundo desmoronava ao meu redor. Só me soltei quando avistei Cassie, sozinha, suas lágrimas silenciosas caindo no vestido preto.

- Cassie - chamei, minha voz rouca

Ela levantou o rosto, os olhos inchados

- Sollaria... Sinto muito pelo Vance

- Ele te correspondia - disse, as palavras saindo num só fio, antes que eu perdesse a coragem. Respirei fundo, sentindo o couro da pulseira dele contra meu pulso - Ele era teimoso e nunca soube usar as palavras certas, mas ele te amava. Muito mesmo. E eu sei que isso é a verdade

✔️| Stay With Me - 𝙵𝚒𝚗𝚗𝚎𝚢 𝙱𝚕𝚊𝚔𝚎Onde histórias criam vida. Descubra agora