Sollaria Hopper nunca foi uma garota fácil de lidar, talvez por causa da sua complicada família, uma mãe que abandonou ela, um pai agressivo, uma irmã que odeia brigas e um irmão problemático, o qual era bem parecido com ela. Mas fora isso, ela tent...
Chapter One - Stay With Me "A morte" Sollaria's point of view
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O toque final da sirene ainda ecoava nos corredores como um último suspiro moribundo, e aquele som deveria ter sido minha libertação, mas em vez disso, era a trilha sonora do meu pesadelo. O cheiro doce e enjoativo de desinfetante barato se misturava ao suor de centenas de alunos se aglomerando, criando uma barreira humana impenetrável, cada cotovelo, cada mochila que esbarrava em mim era um obstáculo. Eu me enfiei entre corpos, o coração batendo um ritmo frenético contra as costelas, um tambor de pânico abafado pelo burburinho.
Eles estavam lá atrás, eu não precisava virar para saber, porque eu sentia o peso dos olhares de Moose e sua gangue furando as minhas costas, como alfinetes de gelo, e minha pele formigava com a memória de outras vezes, da primeira vez, quando Vance havia mudado de turno, quando eles pensaram que eu era uma presa fácil, então eu aprendi rápido que naquela selva de concreto, ou você mostra os dentes ou é devorado. O problema não era me defender; o problema era o rastro de bagunça, porque um único fio de cabelo fora do lugar, um arranhão sequer, e meu pai... bem, ele não perguntaria o lado da história que ele estava.
Graças a deus, logo o ar fresco da rua atingiu meu rosto como uma bênção quando finalmente me arrastei para fora da massa de corpos, a luz do sol da tarde era quase cegante depois da penumbra dos corredores e então eu o vi: Vance, meu irmão mais velho, estava encostado no muro de tijolos da escola, a postura um estudo de desinteresse calculado, mas eu conhecia cada nuance daquele rosto, seus cachos loiros, mais bagunçados que o normal, contavam a história de um dia ruim, seus ombros largos estavam tensos, e os nós dos dedos de sua mão direita, pendurada ao lado da coxa, estavam vermelhos e levemente esfolados
- Oi, Vance - eu disse, minha voz saindo mais ofegante do que eu gostaria
Seus olhos, da cor de uma tempestade, se levantaram e se prenderam nos meus, e um canto de sua boca se moveu quase imperceptivelmente.
- Oi, Lira - o apelido, uma invenção dele de quando eu mal conseguia falar meu próprio nome, soou como um porto seguro - Tá atrasada
- Eu sei - a resposta foi automática, meu olhar fugindo dele e varrendo a entrada da escola
Lá estavam eles: encostados na parede oposta, tentando parecer descolados, Moose cruzou os braços, seu sorriso era um corte feio no rosto, mas eles não se mexeriam, não aqui, não com Vance por perto, porque meu irmão não era apenas forte; ele era um território marcado, e todo mundo naquela escola sabia onde eu me encaixava no mapa dele. E na mesma hora, o clima mudou, eu senti, mais do que vi, Vance se afastar do muro, sua presença ao meu lado tornou-se mais densa, mais focada.
- Está tudo bem? - a voz dele era um tom mais baixo, seguindo minha linha de visão, e seus punhos se cerraram, os brancos dos nós dos dedos aparecendo - Eles estão te incomodando de novo?