Entre estampidos e devaneios, uma onda de desespero dominou cada centímetro do corpo de Emy. Suas memórias se embaralhavam, sua mente turva pela bagunça.
Suas pálpebras pesavam tentando restabelecer sua visão. Momentos se espalhavam no cenário — a Mini-Emy no balanço; o rosto branco e macabro na cozinha, sua voz ríspida e agonizante ecoando em suas têmporas; seu pai retirando fios prateados de sua testa…
Até que, finalmente, um cenário se consolidou. Conforme átomos se criavam a cada segundo e um clima fúnebre se formava, Emy reconheceu, novamente, a cozinha tão frequentada de sua casa.
— Por favor, Emy, sabe que odeio fazer isso… — Emy olhou para o lado e o viu, uma varinha de madeira escura e ornamentada apontada para seu crânio em sua mão.
“Obliviate”, seu pai sussurrou. Emy não conseguiu ler sua expressão inerte — não conseguiria dizer se ele realmente ‘odiava fazer aquilo’.
Sua visão se tornou turva novamente quando sentiu suas memórias serem puxadas de si a contragosto.
— Nãão!
Sua cabeça chamuscava. Acordou no meio da noite, o dormitório em completa escuridão, exceto pelo luar que trespassava a janela, refletindo sua sombra no chão. Seu corpo transpirava e sua cabeça ainda queimava.
Depois de conflitos internos, Emy finalmente decidiu sair da cama por um tempo e andar por aí (não conseguiria dormir, de qualquer forma) — achava que tinha perdido a sensatez, já que a plena madrugada pairava e, obviamente, já passava do toque de recolher (seu relógio marcava três horas da manhã).
Os únicos sons audíveis na comunal eram seus passos silenciosos. Esbarrou sua barriga no sofá e exclamou de dor. Também cambaleou na mesinha de centro. Quando saiu pelo buraco do quadro da Mulher Gorda, Emy percebeu que tinha segurado a respiração por todo esse tempo.
Ela respirou fundo, sussurrou “Lumos”, apontando a varinha para o ar e, logo, a faísca de luz apareceu na ponta da varinha.
Emy não sabia muito o que fazer agora. Não tinha planejado essa parte. Poderia subir até a Torre de Astronomia, talvez ficar por lá até a alvorada; poderia ir para os jardins; ou até à floresta (embora, tinha certeza, se arrependeria amargamente se isso acontecesse, se ainda tivesse a coragem).
— O que você tá fazendo aqui fora? — Uma voz de súbito soou às suas costas.
Emy se virou depressa.
— Mas que merda, Ronald! — exclamou ela, levando a mão livre às têmporas em um gesto dramático, observando o garoto parado em sua frente, de pijama. — O que você tá fazendo aqui?
— Ouvi você esbarrando em todas as coisas existentes possíveis na comunal e vim conferir se não era nenhum sonserino ou algum maluco — ele se explicou, abaixando a varinha estendida de Emy com a mão.
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𝘁𝗵𝗲 𝗴𝗶𝗻𝗴𝗲𝗿, ronald weasley
Teen FictionEMY HOWARD sofre uma mudança drástica em sua vida quando descobre que é uma bruxa, mesmo em uma família completamente banal - ou, pelo menos, era isso o que pensava. Sua vida vira de cabeça para baixo quando chega em Hogwarts e constrói laços de am...