Os encontros de Emy e Rony se tornaram um pouco mais frequentes. De dia, quase não se falavam (até porque Emy se sentia indisposta demais para tolerar qualquer outro ser senão Shell) mas, às madrugadas, ela sempre ouvia os passos na escada, e esse era o sinal. E então, ficavam conversando até quase de manhã ou fazendo alguns lanchinhos.
Uma ou duas semanas depois, Harry havia chegado no largo Grimmauld. Ela tinha levantado da cama e ido cumprimentá-lo com um abraço.
— Nossa, você está bem? — perguntou Harry, depois de inspecionar as olheiras escuras e a aparência cansada de Emy.
— Ah, estou, sim — respondeu ela, sorrindo um pouco. — Só estou um pouco cansada, sabe. Todos nós estamos, acho. Como foi no ministério?
Harry tinha se metido encrenca, para variar. Tinha usado o feitiço do patrono para espantar dementadores que apareceram em sua cidade. E então, foi expulso — mas logo conseguiu a vaga na escola tão querida novamente, graças a Dumbledore.
Emy não estava por dentro dos assuntos discutidos na ordem. Ou por dentro de qualquer coisa no mundo; não queria estar. Só queria ter que lidar com as quatro paredes pretas de seu quarto temporário na mansão, na cama confortável com o travesseiro de algodão e as carícias de seu gato. Às vezes, Ginny a atualizava, logo após conferir se o humor de Emy estava suportável. Anos depois, Emy afirmava que Ginny era realmente uma guerreira por tê-la aguentado naqueles tempos.
— Ele surtou, ontem — fofocou Ginny, que se referia a Harry. — Não sei exatamente sobre o que foi, mas deu pra ouvir os gritos dele pra Mione e Rony de longe. E ele quer participar da reunião dos adultos, quer enfrentar Você-Sabe-Quem. Eu acho que é justo; ele já fez isso uma vez e pode fazer de novo. Quero dizer, é ele quem Você-Sabe-Quem quer…
— O fato de ele querer o Harry só torna tudo mais perigoso — disse Emy, ríspida. — Eu acho que ele deveria deixar os adultos fazerem as coisas sozinhos. Da última vez, as coisas não acabaram bem pra todo mundo, se não se lembra.
Ginny apenas franziu os lábios, sem saber o que dizer. Emy suspirou.
— Desculpa, estou sendo uma idiota — ela disse, batendo o travesseiro com força no próprio rosto.
— É, já estou acostumada.
Nas poucas vezes em que Emy comparecia ao jantar com todos da Ordem, percebia sempre as mesmas coisas: a insistência dos mais novos de participar das reuniões e do trabalho duro, os adultos sempre recusando, Moody mal-humorado (que trocadilho!), Tonks divertindo todos com suas habilidades de metamorfomaga (e parecia especialmente interessada em perceber se divertia Remus Lupin) e, o que mais a intrigou, Sirius Black lançando olhares tensos para Remus de vez em quando que eram retribuídos relutantemente — ela não descreveria exatamente com a palavra “tenso”, mas não queria confirmar nada além do que poderia ser real.
Quando a lista de materiais chegou por meio de corujas para os que voltariam a Hogwarts para mais um ano letivo, todos se surpreenderam ao ver que Rony tinha se tornado um monitor da Grifinória — Hermione também tinha recebido as parabenizações pela conquista, mas todos esperavam que ela virasse uma monitora.
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𝘁𝗵𝗲 𝗴𝗶𝗻𝗴𝗲𝗿, ronald weasley
Teen FictionEMY HOWARD sofre uma mudança drástica em sua vida quando descobre que é uma bruxa, mesmo em uma família completamente banal - ou, pelo menos, era isso o que pensava. Sua vida vira de cabeça para baixo quando chega em Hogwarts e constrói laços de am...