☘05

37 11 58
                                    

Julian


–Papai! Papai!

Cardan gritou,de longe,enquanto subia o pequeno morro,com sua espada de madeira em uma das mãos.
Seus cabelos pretos como as penas de um corvo,balançavam no mesmo ritmo.Sua pele brilhava como o Sol.

O menino corria em minha direção. Foi impossível não mostrar um sorriso para ele. É uma visão alegre para esta manhã.

–Eu consegui!–Gritou o menino,assim que chegou mais perto.

Eu estava de saída,mas resolvi parar onde estava e esperar por ele.

–Eu consegui!–Ele repetiu, quando finalmente me alcançou.

O rosto dele estava sujo de terra,e agora os cachos escuros dos seus cabelos grudavam na sua testa,com o suor.

–Você saiu muito cedo.–Eu o encarei.–Nem comeu o desjejum comigo.

– Perdoe-me...–Ele respirou fundo,para recuperar o fôlego. E olhou para mim,com determinação em seus lindos olhos azuis.–Mas o senhor me deu pouco tempo para aprender aqueles movimentos.  Eu precisava praticar!

–É mesmo... Você aprendeu?

–Sim, senhor!

–Então vamos ver...–Eu tirei a minha capa devagar, para ter os braços mais livres. – Mostre-me o que aprendeu!

Cardan se afastou um pouco mais e segurou a sua espada com firmeza.

–Não vai usar a sua espada?– Ele perguntou.

–Não vou precisar!– Eu sorri.

–Pode vir!– Disse ele,com determinação.

Eu avancei em sua direção, desferindo alguns socos e chutes.
Cardan se movia bem mais rápido do que estava da última vez que treinamos juntos,e desviava  com um pouco mais de facilidade.

Faz algum tempo que estou ensinando o menino a se defender. Para que ele saiba o que fazer,quando eu não estiver por perto.
Cardan tem levado o treinamento com seriedade.

Eu me abaixei,para lhe aplicar uma boa rasteira ,mas o garoto foi esperto e deu um salto para me impedir.
E quando eu menos esperava, sua espada estava vindo em direção ao meu pescoço. Mas eu consegui detê-lo, segurando o seu braço com força.

Eu sorri para ele, para celebrar mais uma vitória. Mas o garoto foi esperto, mais uma vez.
Levantou uma das pernas e me acertou um chute no estômago.

Ele havia conseguido uma parte do que eu estava ensinando.
Mas o chute ainda não estava bom o suficiente para me derrubar.

–Muito bem, Cardan!– Eu sorri para ele, e limpei a sujeira das minhas roupas.–Você está atento aos movimentos do seu inimigo. Isso é bom!

–Obrigado,papai!

–Continue treinando! Até chegar o dia em que eu não pegue leve com você.

–Darei o meu melhor!–Ele se curvou.

–Vá tomar um banho e coma alguma coisa! Eu voltarei logo!–Eu vesti a minha capa outra vez.

–Onde vai?– Ele franziu as sobrancelhas, visivelmente curioso.

–Irei ver aquela moça doente.

– A moça que foi mordida pelo lobo?

–Sim... A ferida dela foi um pouco profunda. Precisa de todo cuidado possível.

Mas não era apenas o ferimento que me preocupava.
Aquela moça dizia coisas estranhas. E estava vestida daquela maneira...

Cardan se despediu de mim com um abraço e voltou para a casa. Eu desci o morro e fui em direção ao estábulo, para pegar o meu cavalo.

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora