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Ana

Uma vez ,enquanto eu lia A Razão do Amor -de uma autora estrangeira chamada Ali Hazewoold- vi a protagonista falar sobre desgraças. "Uma desgraça nunca vem só."

Não sei se posso chamar de desgraça o que aconteceu nas últimas dezoito horas?
Mas,a certeza de que eu ,realmente, quase caí em desgraça ,por causa de uma velha sem noção,me deixou assustada.

Tudo aconteceu muito rápido. Não faz nem uma semana que eu estou aqui,e a minha vida já virou de cabeça para baixo,do avesso,na horizontal e depois na vertical. Agora sinto que estou flutuando, como se a gravidade não existisse mais.
Estou flutuando,saindo da Terra em direção a um buraco negro nas profundezas do espaço.

Eles estavam certos quanto a esse negócio de reputação. É algo muito sério para eles.

Quando eu e Julian chegamos na vila esta manhã para comprar "coisas" para a decoração do ,pasmem, nosso casamento ,e convidar as pessoas para o ,pasmem de novo, nosso casamento(que vai acontecer daqui há dois dias),eu quase morri de nervoso.

O povo de Azaleia não é nada discreto. Alguns olham para nós,Cochichando.
Mas,Julian segura a minha mão com força -mais força do que o normal. - e me guia para...para onde mesmo?
Sinto que vou desmaiar. O suor frio em meu corpo denuncia a minha queda de pressão.

-Ei!-Julian balançou minha mão,para chamar a minha atenção. Respiro fundo para recuperar o fôlego e ele se abaixa um pouquinho para murmurar algo em meu ouvido. -Não tenha medo!

-Não estou com medo. Só estou...- Ansiosa? Nervosa? Com ódio daquela velha?

-Eu sei.- Ele disse,como se lesse meus pensamentos. -Eu quero apertar o pescoço da senhora Gillis tanto quanto você. Mas,tenha só um pouquinho de paciência.

-Vou tentar. -Sussurrei de volta. Uma risada me escapou.

-E se por acaso,nos afastarmos,deixe a sua marca o mais visível possível. Basta apenas uma pessoa ver e o problema estará resolvido.

-Mas e se alguém desconfiar?

-Não vão.-Disse Julian. -Apenas Uri podia desconfiar,mas eu acredito que ele esteja em uma missão agora e que só voltará na próxima lua.

- Entendi. -Olhei para ele por um instante, Julian me encorajou com um aceno de cabeça e um sorriso.

Seria bem melhor que ele não se afastasse de mim,nem por um segundo,mas...Tudo bem.
Eu posso fazer isso. Posso enfrentar uma sociedade desconhecida. Mesmo que eu queira cavar um buraco e ficar lá dentro até que todas essas pessoas me esqueçam.

-Onde nós estamos indo mesmo?- Pergunto,já que meu cérebro não guarda mais nenhuma informação nova desde ontem. Acho que pifou.

-Adivinhe!- Ele para de andar e eu também, segundos depois de tropeçar pela minha falta de atenção.
Obrigo meus sentidos a funcionarem e respiro fundo outra vez ao ver a porta da casa da velha desgraçada(este será o nome dela,a partir de hoje).

Eu poderia reclamar com Julian e implorar para que ele não me faça entrar alí dentro,mas...
Eu vou me vingar. E eu já sei como.

A porta está aberta ,porque é dia,e por isso nós entramos sem bater. Haviam outras duas mulheres olhando vestidos com a velha desgraçada. Clientes,suponho.

-Bom dia,Senhora Gillis!-Julian a cumprimentou. A velha e as outras mulheres tiveram um sobressalto juntas.

- S-Senhor Julian!- Ela sorriu, Aquela falsa, e olhou para nós da cabeça aos pés, demorando um pouco em nossas mãos entrelaçadas e adivinhem só, na marca em meu pulso esquerdo. Há!-Que bom vê‐lo!

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora