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Ana

Quando saímos do "hospital" Julian estava mais calado do que o normal. Estávamos caminhando há mais ou menos um minuto e ele apenas respirava fundo de vez em quando.

–O que aconteceu?– Perguntei, finalmente. Ele não respondeu. Na verdade,ele parecia não estar me ouvindo. –Julian?‐ Dei um soco bem leve em seu braço. Ele "acordou".

–O quê?– Ele virou-se para olhar para mim.- O que disse?

–Você está bem?

‐Estou,eu...Só estava pensando de mais. Me desculpe.

–Tudo bem...– Respirei fundo também. –Para onde nós vamos agora?

–O que acha de comer alguma coisa? Depois podemos assistir o treino dos meninos.

–Seria ótimo!

Nós seguimos por uma rua larga,feita de tijolos de pedra.
Há um poço enorme bem no meio dela,onde alguns homens e mulheres pegam água.
Julian disse que aqui é a rua principal da aldeia. E com certeza é.
Há muitas barracas de vendedores que vendem de tudo.
E outras casas que são tipo aquelas "lojinhas" pequenas que existem em qualquer bairro.
Uma delas me chamou a atenção. Na verdade, o produto que estava à venda. Eu conhecia aqueles pedaços de madeira amarrados em dúzias.

–Alí é onde o Adam vende a madeira que coletamos na floresta.– Julian tirou a minha dúvida.

–Sim,eu reconheci.

Olhei para lá com curiosidade a tempo de ver Adam sair pela porta. Ele veste uma camisa verde musgo sob a capa preta e uma calça de cor escura(quase preto). Os cabelos dele são ondulados e cheios,e estão uma bagunça ,combinando perfeitamente com a cara de poucos amigos que ele tem.
Será que ele sabe rir?

Adam olhou em nossa direção e nos notou. Eu acenei para ele e lhe dei um sorriso,mas ele não esboçou nenhuma reação. Apenas virou as costas para nós e continuou a fazer o seu trabalho.
Que falta de educação!
Novamente, Será que ele sabe rir?

‐Não se deixe ofender.– Julian me orientou.

–Você não acha que o Adam não é uma pessoa normal? Olha só para ele!

–Infelizmente, o humor de Adam está além do meu alcance.–Ele acabou rindo e eu também.

Nós continuamos o nosso percurso até chegarmos em frente a uma casa gigantesca de dois andares.
Haviam plantas trepadeiras em todas as janelas,e algumas flores que eu nunca vi na vida ,na decoração da casa.
Era muito bonita e parecia aconchegante.

Quando passamos pela porta do estabelecimento, muitos olhares se voltaram em nossa direção.
Houve acenos com a mão, acenos de cabeça e...

‐Senhor, Julian!– Exclamou alguém ,do nosso lado. Um homem.

Julian virou-se para olhar e sorriu. Mas não foi um sorriso de felicidade.

‐É muito bom vê-lo por aqui!– O homem de meia idade estendou a mão para Julian que fingiu não ver.–Devo preparar uma mesa?–Julian não respondeu. Olhei para ele,sua mandíbula estava cerrada. Pensei até ter ouvido o ranger de seus dentes.– O senhor vai querer o prato de sempre?

–Claro!– Respondi por ele. E então o homem notou que havia alguém diferente alí.

–Ah,olá...–Ele me deu um sorriso largo e se curvou. Eu fiz o mesmo,por diversão.– Fiquem à vontade! Eu irei trazer logo!

O homem se afastou e lançou um olhar de medo para Julian antes de ir em direção a um outro cômodo, acredito que seja a cozinha,já que um cheiro bom de comida estava vindo de lá.

O Príncipe PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora