MARIA JÚLIA NARRANDO
1 MÊS DEPOIS:
Um mês.
Hoje faz exatamente um mês que eu assumi o morro, que eu peguei e assumi todas as responsabilidades que é ser dona disso tudo aqui.
É fácil? Não.
Mas até que eu estou me saindo bem. Só recebo elogios até o momento.
Ainda não entrei em confronto, mas confesso que estou contando os dias para esse momento.
Mentira.
Na verdade, meu coração até acelera só de imaginar. Mas me fascino com a adrenalina que será esse momento.
Hoje é sexta-feira, e como em todas as manhãs estou andando tranquilamente pela comunidade que eu aprendi a amar.
Tenho uma rotina matinal, e pelo menos por alguns minutos preciso andar pela comunidade para ver como as coisas estão. Não ando armada até porque não quero que saibam que eu sou a dona disso tudo. E de longe, tem alguns vapores fazendo minha escolta às escondidas.
— Bom dia, dona Marta! — cumprimento a senhora que estava varrendo a calçada de sua casa. Ela é dona de uma pensão aqui no morro e sua comida é deliciosa.
— Bom dia, filha. — sorriu como sempre. Ela era feliz, sempre estava rindo. — Como está? — pergunta parando de varrer para me observar.
— Bem e a senhora? Estou com saudades daquela feijoda que só você sabe fazer. — digo salivando.
— É só aparecer na pensão que faço uma no capricho pra você. Você anda sumida... — diz ainda me observando.
Ah, se ela soubesse os motivos do meu sumiço.
— Ando um pouco ocupada mesmo, mas vou dar um jeito de fugir até a pensão. — sorrio me afastando da senhora antes que ela começasse a fazer perguntas que eu não poderia responder.
Continuo minha caminhada falando com um morador ou outro. Sou bastante conhecida por aqui, mas eles nem sonham que estou a frente de tudo.
De longe avisto um rosto conhecido, mas não era qualquer rosto ou qualquer pessoa, era simplesmente o carinha que fiquei outro dia que eu mal me lembro. Como era mesmo seu nome?
Nicolas.
O que ele faz aqui?
Ele mora no Leblon. O cara deve ser podre de rico e tenho certeza que nunca pisaria por aqui.
Quando vejo ele se virando em minha direção, viro de costas rapidamente, não quero que ele me veja.
Queria tanto ser invisível agora...
— Que ele não me veja. Não me veja. — digo baixinho pra mim mesma.
Não sei se continuo parada aqui, me escondo ou saio correndo.
— Maju — ouço me chamarem.
Ops, tarde demais.
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A dona da porra toda (PAUSADA)
RomanceMaria Julia mais conhecida como Maju teve uma das maiores perdas que alguém poderia ter. Perdeu seu amor, seu melhor amigo, perdeu seu tudo. E antes dele partir deixou uma missão para sua amada. Assumir o comando do alemão. Ela não queria, não era...