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MARIA JÚLIA NARRANDO

— Que merda, palhaço! — esbravejo irritada ao ser notificada que uma carga de drogas foi aprendida. Eu paguei caro nessa merda!

— Vamos dar um jeito, Maju. — ele diz calmo e eu lhe lanço um olhar mortal.

Não estávamos sozinhos. Tinha alguns vapores presentes e nosso combinado era sempre nos tratarmos pelo vulgo.

— Arlequina, alguém passou as informações para a polícia. — um vapor diz.

— Jura? — pergunto irónica. Isso era óbvio.

— Podem sair — palhaço toma a frente porque eu, estou a ponto de surtar.

Observo os vapores saírem da sala e bufo irritada me levantando indo até a geladeira. Pego uma latinha de cerveja, abro e bebo um grande gole.

— Calma — ouço a voz do Palhaço perto de mim — Você está muito tensa. Precisa relaxar. — diz fazendo uma massagem em meus ombros. Em um movimento rápido me viro de frente pra ele, ficando cara a cara. Sua boca estava convidativa, mas não.

— Você nunca mais vai me tocar — digo apontando o dedo em seu peito.

— Poxa, Maju... — ele resmunga — Não temos uma amizade colorida? Eu tô com saudade.

— Tínhamos uma amizade colorida. Mas você deu um jeito de mandar tudo para o inferno. — digo me afastando e voltando para a cadeira que eu estava antes.

— Ta saindo com alguém, não está? — pergunta se sentando em minha frente.

— Não é da sua conta!

— É aquele playboy, não é? — continua atormentando meu juízo.

Respiro fundo para não surtar ainda mais.

— Não tem ninguém. — essa foi minha única respostas.

— Eu vejo vocês sempre juntos e sei que não são apenas amigos.

Depois da minha noite com o Nicolas, não ficamos mais. Mas, sempre estamos nos esbarrando pelo morro. Já cheguei até cogitar a ideia dele estar me seguindo, mas me xinguei mentalmente depois por ser tão neurótica.

A ong está criando forma. Nicolas alugou um barracão que estava vazio e está em reforma agora.

— Somos amigos.

— Eu vi o jeito que ele te olha! — Palhaço apontou.

— Vai arrumar uma buceta pra você comer, cara. Para de me encher o saco! — digo irritada — Eu sou uma mulher solteira, independente e fico com quem eu quiser. Graças a Deus, eu não devo satisfação pra você, nem pra ninguém.

— Ta bom, Maria Júlia. — diz se levantando — Depois que aquele playboy quebrar seu corações, não venha chorar pra mim não. — sai da minha sala batendo a porta.

Era só o que me faltava, ter que dar satisfação da minha vida para o Palhaço.

Ao invés do bonito estar atrás de resolver sobre as drogas apreendidas, não, ele está atrás de me encher o saco.

A dona da porra toda (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora