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MARIA JÚLIA NARRANDO

Tenho uma puta admiração por quem segue o coração. Sem medo. Sem receios. Apenas segue o coração...

Eu não consigo fazer isso. Algo me impede, me trava, não deixando eu seguir em frente. O que me leva a pensar que eu nunca vou conseguir ser feliz novamente.

Ando pelo meu quarto olhando para as roupas em cima da minha cama, não sei qual vestir, estou indecisa como a muito tempo não ficava. Um friozinho na barriga que me assusta.

— Nossa! — ouço palhaço dizer ao entrar em meu quarto — Se eu soubesse que você estaria de toalha me esperando eu tinha vindo antes. — diz sorrindo e se aproximando de mim.

— Quem disse que eu tô te esperando? — Viro de frente pra ele.

— Se não ta me esperando, ta esperando quem? — pergunta me abraçando — Onde você vai?

Me remexo desconfortável me afastando de seu abraço.

— Nicolas me chamou para jantar com sua irmã. — digo mordendo o lábio nervosa.

Palhaço ficou sério e se afastou.

— O lance de vocês parece que está ficando sério... — ele comenta. — Gosta dele? — pergunta me analisando.

— Não sei — digo sincera — Eu... sinto coisas quando estou com ele.

— Que tipo de coisas? — perguntou.

— Não vou falar disso com você. — digo. Eu seria uma filha da puta se desabafasse com ele depois dele ter se declarado pra mim.

— Eu sou seu amigo, além de tudo. — pontua me puxando para um abraço — Mas te entendo, pô. Está em dúvida qual roupa usar? — pergunta.

— Você sabe que sim.

— Esse vestido fica lindo no teu corpo — diz pegando um vestido preto que estava na cama. Ele era bonito, nada muito extravagante.

— Obrigado! — pego o vestido de sua mão indo no banheiro me trocar.

— Vai onde? — Palhaço pergunta.

— Vou me trocar — digo o óbvio.

— Se troca aqui, ué. Eu adoro ver seu corpo. — sorri malicioso. — Eu já vi cada cantinho dele, pô. Sei todas as curvas e marcas de cor.

— Ficou reparando em meu corpo assim? — pergunta sentindo meu rosto esquentar.

— Seu corpo é uma obra de arte. — ele diz se aproximando de mim — Eu memorizei cada pedacinho seu. E mesmo que eu nunca mais te toque, eu vou lembrar dele aqui. — aponta para sua cabeça.

Engulo em seco.

— Por que está falando isso? — pergunto.

— Eu te amo — ele diz novamente — Eu disse pra você naquele dia na boca, e era verdade. Não vou desistir de ter seu perdão e de te ter pra mim.

— Você não sabe o que é amor — digo me afastando limpando uma lágrimas solitária — Você mesmo me disse que não tinha coração.

A dona da porra toda (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora