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MARIA JULIA NARRANDO

Depois da minha volta pela comunidade, parei no meu destino final. A boca.

Como sempre havia um aglomerado de pessoas. Uns usuário, outros vendendo. E algumas mulheres procurando uma pica pra sentar e para se bancar.

Cumprimento alguns conhecidos e adentro a boca indo diretamente até minha sala.

Palhaço estava lá fazendo algumas anotações no caderninho.

— Enfim, cheguei! — digo me jogando no sofá que havia ali.

Observo Palhaço parar de escrever seje lá o que for, e se virar lentamente em minha direção.

Ele estava bravo?

— Quem era aquele cara? Da onde vocês se conhecem? — pergunta sério.

— Seu vulgo combina muito com você. Você é tão engraçado, palhaço. — digo me segurando para não rir de sua cara. Eu adoro zombar do seu vulgo.

— Não estou brincando, Maria Júlia. — ele continua sério.

— Eu não te devo satisfação não. — cruzo os braços.

— Estamos colocando um desconhecido dentro dessa merda. Eu quero saber mais sobre ele. — Palhaço esbravejou esfregando os olhos. Ele estava furioso.

— Você quer saber se a gente transou? Sim. Transamos! Ele é o cara do Leblon. — digo a verdade. Não tenho motivos para mentir.

— O cara que nem teve capacidade de te trazer pra casa! — diz rodando a caneta entre os dedos.

— Eu não quis que ele me trouxesse. — corrigi — Eu não estou te entendendo, aonde você quer chegar com isso?

— Ele é confiável? — pergunta.

— Eu não sei, ué. Não conheço ele. Eu vi ele apenas uma vez na minha vida. Essa foi a segunda.

— E por que diabos você aceitou essa merda? — perguntou ainda mais irritado.

— Eu aceitei? — me levantei rindo e fui pegar uma garrafinha de agua na geladeira que tinha aqui — Eu não falei porra nenhuma.

— Você me beliscou por que então? Você queria essa merda de ong!

— Eu acho que uma ong vai ajudar a comunidade. — confesso — Mas quem aceitou, foi você, não eu.

Palhaço passa suas mãos pelos cabelos nervoso. Ele esta a ponto de me mandar para o inferno sem caminho de volta.

— Não sabia que tu curtia aquele tipo de homem...

— Eu sou eclética. — digo vendo o Palhaço ficar vermelho de raiva.

— Eu vou embora para não socar sua cara! — ele diz se levantando.

— Mas cê ta nervoso? — pergunto me sentando onde ele estava.

— Vai para o inferno sem caminho para volta! — esbravejou.

A dona da porra toda (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora