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MARIA JÚLIA NARRANDO

Enquanto a água caia sobre meu corpo, deixei que algumas lágrimas caíssem também.

Eu não sou a mulher forte que demonstro ser.

E aqui, no banheiro, durante meu banho, deixo toda minha fraqueza exposta.

Meu banho é meu refúgio.

Onde posso chorar sem olhares de pena, sem julgamentos.

Hoje é um dos piores dias pra mim. Dia que meu amor completaria mais um ano de vida se estivesse aqui. Todo dia é ruim, mas hoje, hoje é o pior de todos.

Se Luan estivesse aqui, ele me acordaria todo eufórico pelo seu aniversário. Não conhecia ninguém que amasse tanto fazer aniversário como ele. Com toda certeza ele teria planejado todo nosso dia, que se resume em: transa matinal, resenha com os amigos, transar até nos sentirmos fracos.

Só queria que ele estivesse aqui, pra eu lhe dar um abraço apertado e lhe beijar tanto. Eu sinto tanta falta do seu abraço... Queria que ele estivesse aqui para o mundo ver como éramos lindos e perfeitos juntos. Queria que ele tivesse aqui para que eu pudesse lhe amar intensamente como se não houvesse o amanhã. Queria que ele tivesse aqui para que eu pudesse ver seu lindo sorriso, eu só queria que ele estivesse aqui.

Hoje era um dia daqueles que eu queria apenas ficar deitada em minha cama o dia todo me afogando na fossa que me encontro. Mas, eu tenho um morro para comandar e ficar deitada chorando não se inclui em meus planos.

Ouço barulho de tiros e rapidamente desligo o chuveiro, pego a toalha que estava pendurada, me enrolo na toalha e saio do banheiro às pressas atrás do meu radinho.

Procuro esse bendito e não encontro, quando a porta do meu quarto é aberta bruscamente. Dou um pulo assustada, mas era o palhaço.

Ele estava sem camisa e me olhava de cima abaixo.

— Porra — resmungou ofegante pela corrida que deve ter feito — estão invadindo!

— Quem? — pergunto.

— Polícia. — avisa.

Respiro fundo.

— Eu vou com você. Vou me arrumar!

— Tem certeza? — pergunta receoso. Eu nunca participei de confronto, esse será o primeiro.

Eu estou me sentindo péssima hoje e talvez será bom essa adrenalina.

— Absoluta. — digo tirando a toalha de meu corpo e entrando no closet.

— Caralho! Desse jeito eu vou esquecer dessa merda de invasão e vou te agarrar! — palhaço diz entrando no closet.

— Você sabe se eu quero isso? — pergunto.

— Eu sei que sim. Você nunca nega um fogo. — diz sorrindo malicioso. Sorrio também. Era verdade.

Me visto rapidamente sobre o olhar do Palhaço.

— Vamos?! — pergunto amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo.

— Calma. — ele procura algo no meu closet e pega uma máscara preta do meu closet. Desde quando isso está ai? — Veste isso para ninguém ver seu rosto.

A dona da porra toda (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora