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NICOLAS NARRANDO

Enquanto dirigia batia meus dedos impacientes no volante, vez ou outra, eu me pegava olhando a Maju que estava focada na estrada.

Ela estava maravilhosa.

E eu mal conseguia disfarçar o quão apaixonado eu estava.

Estava pensando em contar a verdade pra ela, abrir o jogo e tudo mais, mas não é só isso. Tem muita coisa envolvida e eu não posso ser egoísta e pensar apenas em mim.

Maria Julia nunca entenderia. Ela nunca me perdoaria... e eu fico louco só de imaginar ela me odiando.

— Por que você quer que eu conheça sua irmã? — ela perguntou me olhando.

— Minha irmã é tudo que eu tenho. Minha única família. Eu quero que ela conheça a única mulher que eu... — travei ao ter noção do que eu ia dizer. Porra.

— Que você? — me incentivou a continuar de falar.

— Além dela, você é a única pessoa que eu me importo de verdade. — me limito a dizer sendo totalmente sincero.

Maria Júlia me olhou em silêncio por alguns minutos e logo depois voltou sua atenção para a estrada.

— Por que o Palhaço não gosta de mim? — perguntei quebrando o silêncio.

— Não é que ele não goste de você — se mexeu no banco desconfortavelmente — Palhaço é assim mesmo com todo mundo novo. Ele não confia facilmente nas pessoas. Pra ele, todo mundo é suspeito. Ele até diz que sou boba demais e que esse mundo não me merece — diz rindo.

— Realmente. Você é pura demais pra esse mundão. — concordo e ela negou.

— Não fale isso. Eu já matei, sabia? — falou me encarando.

— Foram as circunstâncias da vida que te colocaram nessa situação. — pontuei.

— Isso não muda o fato de eu já ter matado alguém.

— Eu acho que ele sente por você algo além da amizade. — falo observando ela.

— Por que você acha isso? — questionou.

— Ele me odeia porque estou com você. Ele te olha de um jeito diferente...

— Sendo sincera com você, Palhaço se declarou pra mim esses dias — ela diz rindo negando com a cabeça — eu esperei tanto por esse dia que no final, não senti porra nenhuma com sua declaração.

— Como assim? — perguntei apertando o volante com força.

— Eu já me declarei uma vez para ele e porra, eu nunca fui tão humilhada em minha vida... — riu ironicamente — Ele disse que estava fazendo aquilo para o meu bem. Que eu precisava entender que pessoas boas não existem e que eu não poderia ter coração para sentir qualquer tipo de sentimentos...

— Que idiota — resmunguei.

— Eu ainda sofria muito com a morte do Luan. Ainda me envolvi com outro cara e ele voltou com a ex... depois me envolvi com o palhaço... Nossa, eu nunca tive sorte no amor. E eu sempre fazia as escolhas erradas. Escolhia as pessoas erradas, na verdade. Mas enfim, meu coração já tava todo estraçalhado e o palhaço fez o favor de jogar para o inferno todos os caquinhos dele.

A dona da porra toda (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora