MARIA JÚLIA NARRANDO
— Não se faça de sonsa! — palhaço aponta o dedo na minha cara.
Consumida pelo ódio me levanto da minha cadeira segurando firme seu dedo abaixando o mesmo.
— Não aponta o dedo na minha cara! — digo firme.
— Eu tô te mandando o papo, Maria Júlia, pega ele se quiser. Depois não quero tu chorando pra mim não.
Desde o momento em que cheguei aqui na boca, palhaço está me infernizando falando do Nicolas. Ele já falou mil vezes que não confia nele, que seu faro não erra nunca.
— Eu entendi, Palhaço. Você é meu amigo, não meu pai. Quer comandar tudo que faço!
— Eu me preocupo com você, caralho. — ele bate na mesa.
— É só isso mesmo que te incomoda? — pergunto lhe encarando no olho.
— O que mais séria?
— Ciúmes? — arqueio a sobrancelha.
Ele ri.
— Fumou é? Eu? — aponta pro peito — Com ciúmes? — riu — Se liga, Maju, eu jamais teria ciúmes de você.
Ri irônica.
— Você tenta mentir não apenas pra mim, mas pra você também. Eu sei que isso não é apenas "preocupação" — faço aspas com o dedo na última palavra — É só assumir, pô. — me sento novamente.
Palhaço vira de costas pra mim fazendo menção de ir embora, até agradeço mentalmente por isso, não aguentava mais escutar ele falar na minha cabeça.
Chegando na porta, Palhaço para, e vira de frente pra mim novamente. Eu continuo na mesma posição apenas observando seus movimentos.
— Por que tu acha que é ciúmes? — ele perguntou se aproximando da mesa novamente.
— Você nunca se apaixonou, Palhaço. — me levanto se aproximando dele — Ciúmes é quando você fica incomodado quando a pessoa esta com outro alguém. Você até odeia a outra pessoa antes mesmo de lhe conhecer...
Palhaço coça a cabeça pensativo.
— Hum — resmunga — Eu acho... talvez, apenas talvez ta? — pergunta e eu assinto — Talvez eu realmente esteja com isso ai... — diz sem jeito.
Eu juro que minha vontade era cair na risada da cara dele. Uma dificuldade dos infernos pra assumir que está com ciúmes.
— Viu? Não morreu. — digo sorrindo.
Palhaço se aproximou de mim e colocou a mão em minha nuca puxando meu rosto próximo ao seu.
— Deixa eu ver um negócio aqui — me puxa para um beijo.
No começo, eu fiquei estática, não sabia se deveria corresponder ou não. A minha "história" com o palhaço é complicada.
A gente começou a ficar quando ele iniciou o treinamento para que eu assumisse o morro. Ficamos. E naquela época, eu era muito bobinha, me apaixonava fácil, fácil... O que aconteceu? Sim, me apaixonei nesse fodido e ele logo quando soube me machucou tanto como nunca antes. Ele disse palavras duras e que eu jamais poderia esquecer. E ainda ficou com varias pessoas na minha frente, o fim de tudo pra mim foi quando ele transou com uma mina sabendo que eu chegaria e pegaria eles no flagra. Quando eu fui querer saber o porque daquilo, novamente, ele me humilhou. Disse coisas terríveis e uma delas foi que eu era boba demais por misturar as coisas, era apenas sexo e eu tonta me apaixonei. Depois desse dia, eu nunca mais fui a mesma. Prometi a mim mesma nunca mais me apaixonar ou deixar que pisassem em mim como ele fez.

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A dona da porra toda (PAUSADA)
RomantizmMaria Julia mais conhecida como Maju teve uma das maiores perdas que alguém poderia ter. Perdeu seu amor, seu melhor amigo, perdeu seu tudo. E antes dele partir deixou uma missão para sua amada. Assumir o comando do alemão. Ela não queria, não era...