Capítulo 3 - Intimação para o jantar

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Soraya

Sinto o peso sobre o lado oposto do colchão diminuir, me despertando por completo. O quarto está em um escuro quase absoluto, mas sei que já deve se passar das 8 da manhã. As cortinas blecaute das minhas janelas fazem bem o seu trabalho e por isso eram uma das únicas coisas que ainda não estavam encaixotadas para a mudança. Simone que antes dormia ao meu lado, se levanta e fica de costas para a cama.

Nenhuma peça de roupa cobre suas curvas, que parecem ainda mais sensuais na meia luz. Ela não parece perceber que a assisto suas ações, entretida.

Ela levanta os braços acima da cabeça e une suas mãos no alto, se alongando, seus movimentos lentos e sensuais como de costume. Provavelmente está se preparando para voltar ao hotel e para o seu dia no congresso de psicologia, havia me contado ontem que era uma das palestrantes.

Nunca me considerei uma pessoa que vive presa ao passado, remoendo todas as decisões erradas e fantasiando sobre ter tomado todos os caminhos certos. Mas seria hipócrita dizer que não existem alguns momentos que sempre me fazem questionar os rumos que minha vida teria tomado, se eu tivesse agido de forma diferente.

Se eu tivesse insistido mais, se eu tivesse cedido mais, se eu tivesse tentado entender melhor.

Talvez viver seja apenas acumular uma centena de “E se?” até perceber que para que eles finalmente te deixem em paz você tem que agir. Antes se arrepender de algo feito do que passar o resto da existência se questionando sobre os talvez.

Tenho a total ciência que nosso relacionamento vai se resumir a sexo casual, que no próximo dia ela está com voo marcado para São Paulo e que depois desse final de semana as possibilidades de um reencontro entre nós são quase nulas.

Teria sido muito mais fácil fingir eu que estava dormindo e ter a deixado ir, de volta para os amigos. Mas a lembrança dela se contorcendo de prazer embaixo de mim, queima em minha mente e faz com que cada célula em meu corpo ansie por mais. Tenho certeza de que se ela for tão fácil, acabará se tornando mais um dos meus “E se?”.

Por isso, não penso duas vezes, fico de joelhos na cama em silêncio e passo meus braços pela sua cintura, a trazendo para perto de mim. Sua pele está quente contra a minha, não espero sua reação antes de roçar meus lábios em suas costas. Ela estremece.

Se existe a chance de ter mais uma noite com ela, mesmo que seja só mais uma noite, eu não vejo motivos para não tentar. O que ela me fez sentir ontem não é algo fácil de se encontrar por aí. Podemos aproveitar ao máximo e depois cada uma segue seu caminho.

— Bom dia. — Sua voz sai rouca, ainda embargada de sono.

Ela gira seu corpo entre os meus braços e quando termina o movimento, agora de frente para mim, apoia um único joelho no colchão. Nessa posição fico na altura de seus seios e deposito também um beijo ali, em meio aos dois. 

Simone se inclina em minha direção, trazendo seu rosto para bem próximo do meu, por causa de seus centímetros a mais de estatura consigo sentir sua respiração quente em minha testa. Meus olhos aos poucos se acostumam com a escuridão e com essa mínima distância entre os nossos corpos, o cheiro da sua pele me envolve de maneira quase inebriante.

— Bom dia.

Elevo o ângulo do meu queixo e agora sua respiração se funde a minha, nossas bocas a instantes de se tocar. Aproveito do momento para puxá-la pelos quadris, a fazendo perder o equilíbrio e uso do seu próprio peso para que ela caia de costas sobre a cama.

Deitada em meus lençóis brancos, seus cabelos se espalham ao redor do seu rosto e parecem ainda mais escuros, quase de um jeito surreal, como se fossem formados pela escuridão do céu à meia noite.

Requisitos para um diploma - SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora