Capítulo 14 - Seu dia por um beijo

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Simone

Eu amo conhecer e tentar entender as pessoas. A maneira que cada um de nós age, se expressa e vê um mundo de uma maneira única me fascinam desde quando eu era pequena o suficiente para ainda ser pega no colo pelos meus pais e lançava perguntas pessoais demais a desconhecidos, com a minha inocência infantil que sempre colocava minha mãe em situações difíceis.

Quando eu digo conhecer, me refiro a realmente destrinchar todas as camadas exteriores da personalidade de um indivíduo. Notar as pequenas coisas que apenas mostramos para aqueles que realmente estão dispostos a nos ver, que às vezes passam despercebidas pelos olhos dos mais desatentos.

Habilidade que se mostrou muito útil no decorrer da minha vida, as pessoas costumam confiar muito mais em quem parece estar disposto a ouvir e se interessar de verdade. Além de mostraram lealdade a aqueles que demonstram se lembrar das coisas que importam para elas.

Descobrir detalhes, gostos e manias que destoam por completo das personalidades públicas, que são exibidas como um baile de máscaras do cotidiano, sempre foi minha parte favorita.

Por exemplo, Janja, com sua personalidade extrovertida e seu bom humor imperturbável. Consegue manter a paciência com um sorriso no rosto e com uma verdadeira calma interior em situações que até Jesus duvidaria, mas vira uma fera quando alguém não devolve algum de seus potes.

Principalmente aquelas Tupperwares coloridas que ela tinha trago de uma viagem internacional feita com o noivo.

Uma vez havia batido incessantemente na antiga casa de Marques e Daniela depois de meia noite, atrás de uma travessa que ele demorou meses para devolver, unicamente para estressá-la. Depois disso ele nunca mais fez alguma brincadeira que envolvesse qualquer um dos utensílios de cozinha da loira.

Agora estou descobrindo que Soraya, com seu gênio forte e sensualidade é apaixonada pelas animações da Disney. A tela da televisão exibe o catálogo inteiro do estúdio, sem espaço para nenhuma outra opção.

— Vem, vem. — Ela me chama com animação, que é denunciada não apenas pela sua voz, mas também pela forma que seus olhos brilham de entusiasmo, quando me vê parada na porta que separa a cozinha da sala. — Já escolhi o filme que vamos ver.

Ela está completamente enrolada no cobertor branco, apenas sua cabeça está visível para fora do grosso tecido. Seus cabelos estão desalinhados de uma forma que me faz querer bagunçá-los ainda mais e ela parece ainda menor em meio ao enorme volume do tecido em volta de si. Meus lábios se curvam para cima automaticamente com a visão, que deveria me parecer deslocada quase como se eu estivesse em algum tipo de realidade alternativa, mas que me passa uma paz interior difícil de ser descrita.

Simplesmente parece certo, tal qual a sensação de encaixar duas peças corretas em um quebra cabeça e por fim conseguir ver a imagem se formando em seu fundo.

— Estou indo. — Digo rindo. — Eu não sabia o quanto você queria, então segui suas palavras e trouxe o pote inteiro. — Me aproximo, ansiosa para também entrar embaixo do edredom e fugir do frio repentino em meio ao verão.

Ela liberta seus braços para pegar o pote de sorvete Haagen-Dazs de minhas mãos. O cobertor escorrega de seus ombros, deixando a sua clavícula marcada e os seios cobertos pelo sutiã meia taça vinho expostos. Sua pele continua tão bronzeada quanto quando a conheci no pequeno Quiosque a beira mar, mesmo que ela não tenha pego sol em momento algum no último mês, o tom fica ainda mais cativante em conjunto com o cobertor alvo e agora ele ganha mais um motivo para ser o meu favorito.

Não consigo deixar de pensar que a imagem daria um ótimo wallpaper para meu celular, onde eu poderia olhá-la quantas vezes quisesse durante o dia. Com tempo o suficiente para apreciar cada um dos detalhes, desde a curva do seu pescoço esguio até as sardas em seus ombros.

Requisitos para um diploma - SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora