Capítulo 10 - Retirar do sistema

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Notas:
Demorei um pouquinho mas por fim está aqui o cap novo para vocês. Quero agradecer imensamente pela 6 posição no Simoraya Awards. Realmente não esperava tantos votos, vocês são perfeitas! E por isso, como agradecimento, dessa vez está aqui um  cap enorme com mais de 4K de palavras e um hot imenso de tirar o fôlego.
Espero que gostem!!

Soraya

Demoro alguns segundos para escapar da confusão mental que me desorienta espacialmente e me lembrar que estou no escritório do trabalho. Meus olhos estão pesados e sequer me lembro de ter caído ao sono no meio dos papéis brancos, que espalhamos pela mesa nas longas horas que tentamos orquestrar uma defesa para o caso durante a madrugada e a manhã de hoje.

Ainda estou sentada na mesma cadeira em que passei todas as primeiras horas do dia. Porém agora debruçada sobre a mesa de Simone, a mesma mesa de madeira escura que serve de palco para muitas de minhas fantasias, usando meus braços como travesseiros.

Minhas costas reclamam com uma dor persistente causada pela posição nada confortável em que fiquei, meus membros superiores estão dormentes e levemente endurecidos por passarem tanto tempo suportando o peso da minha cabeça.

Também não escapei completamente dos sintomas da ressaca. Apesar de ter bebido ao menos três litros de água, associadas ao horrível café amargo, durante o amanhecer, na esperança de driblar os efeitos do álcool. Minha cabeça lateja e minha boca está tão seca que parece que fiquei ao menos um dia perdida no deserto. Ressacas de tequila sempre foram uma das piores.

Ao menos, como diria André: A tequila funciona em um esquema inversamente proporcional, quanto pior sua ressaca no dia seguinte é porque melhor tinha sido o porre no dia anterior.

Um tecido macio está pendurado em meus ombros, cobrindo toda a parte superior do meu corpo como um cobertor. O blazer azul de Simone, percebo. A peça exala o seu perfume, o mesmo que havia ficado tanto tempo fixado em minhas roupas de cama, mas que por fim havia desvanecido. Respiro fundo, tentando absorver ao máximo a fragrância familiar e todos meus músculos relaxam.

Depois de tantos dias sendo embalada por aquele cheiro ao dormir, sinto sua falta. Às vezes ainda me pego tentando encontrá-lo em minhas fronhas antes de cair no sono, como se ele fosse reaparecer ali, mágicamente.

Meus pés descalços parecem dois cubos de gelo e estou estremecendo com o ar gelado do ambiente mesmo vestida com meu blazer e contando com o adicional de minha chefe sobre mim. O digitar constante no teclado e o suave farfalhar dos papéis quando são revirados são os únicos barulhos no espaço, até que Simone suspira.

Olho em sua direção de forma discreta, ainda sem levantar a cabeça dos meus braços. Ela não parece notar que estou acordada, apesar de estar bem próxima a mim ao outro lado da mesa, está compenetrada demais em sua tarefa e não olha em minha direção.

Aproveito o momento para observá-la em silêncio, não são muitas as vezes que posso examiná-la de tão perto sem a pressão de tê-la com os olhos também fixos em mim.

Gosto muito da visão.

Simone com um movimento lento passa as duas mãos nos fios negros, os jogando para de trás de seus ombros. Não consigo desviar meu foco de seus movimentos e não desviaria mesmo se pudesse. Essa era uma de suas manias que pareciam performadas, com o objetivo calculado de seduzir, mas não me surpreende que seja algo natural e que ela nem perceba. A mulher nunca teve problemas com o quesito sensualidade.

A sensualidade dela era um problema apenas para mim.

E um dos grandes.

Mergulho nas lembranças da noite anterior que estão gravadas na minha memória como se tivessem sido marcadas ali com ferro quente, a forma que ela sequer havia tentado esconder seus sentimentos tornou ainda mais difícil me manter fiel à promessa que fiz a mim mesma de não ceder mais aos seus toques.

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