Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? O capitulo 21 finalmente está aqui! Não sei se ainda tem algum acompanhando, mas caso sim, espero que gostem do capitulo!
Soraya
Minha mãe reclamava de forma constante sobre minha impulsividade. Ela suspirava e me repreendia a cada minha nova ação não pensada, desde quando eu era nova o suficiente para que agora as memórias venham a minha mente de forma fragmentada, com um véu onírico que faz tudo parecer mais parte da fantasia do que da minha própria história. Ainda assim as lembranças dela me censurando não se esvaem. Ela avisava sempre, com seu jeito condescendente, que se eu não melhorasse em conter meus impulsos um dia eles me meteriam no maior dos problemas. Daqueles que parecem impossíveis de serem resolvidos e nos perseguem em todos os cantos de nossas vidas. Sem reparo. Sem volta.
Talvez ela estivesse certa em relação a isso. Meus impulsos incontidos no final realmente seriam a minha ruína. Mais uma vez eu me jogo de um precipício por livre e espontânea vontade, sem saber se no fundo terá algo para me agarrar. Só com a esperança que no final da queda haja qualquer coisa para suavizar o impacto.
O tempo entra em suspensão assim que minha declaração toma conta do espaço. Os lábios de Simone se abrem, mas nenhuma palavra os deixam. Minha insegurança aflora, os questionamentos rodam em minha mente atropelando uns aos outros, sendo controlados pela minha ansiedade que faz tudo parecer cinza. A maioria deles fugindo do sentido da realidade, enquanto outros são como velhos conhecidos que passam horas e mais horas enunciando sua presença diariamente no caos da minha mente.
Ela nunca o deixaria.
Eu sou apenas uma diversão e agora ela vai me taxar como um problema.
Talvez eu tenha entendido de forma errada as suas palavras de mais cedo.
Talvez ela só esteja me iludindo.
Talvez esse seja nosso ponto final.
Os pingos de chuva batendo agressivos nos vidros da janela são responsáveis pelo único som audível no recinto, ainda assim o sangue correndo forte por minhas veias faz que com o rugido em meus ouvidos se sobreponha a ele. Os segundos passam se arrastando, cada um deles multiplicando de forma crescente a minha vontade de sair correndo daquela sala e não olhar para trás. Me fazendo cogitar arrancar todas as memorias sobre Simone e todos os meus sentimentos de mim, mesmo que isso faça minha alma sangrar.
E então, mais rápido do que meu cérebro anestesiado consegue processar, aos mãos dela estão em meus cabelos. Ela as entrelaça em meio aos meus fios e me puxa para frente de maneira que ambas ficamos reclinadas sobre a mesa que nos separa. Sua boca se choca contra a minha com uma urgência que faz meu interior se ascender, não importa o tempo que passe a reação do meu corpo a ela nunca perde sua intensidade, os fogos de artificio sempre são telespectadores de nós. Meus olhos queimam pelas lagrimas que forçam caminho para se libertarem, o alivio me inundando e calando cada uma das minhas angustias.
A beijo colocando todos os meus sentimentos nesse ato e sei que ela está fazendo o mesmo. Me agarro a ela com avidez, querendo que o momento nunca acabe. Seus lábios tomam os meus como uma prece, uma das que ela nunca quer parar de tecer. É quase como uma declaração. É como um grito de eu te amo. Me entrego a ela como nunca me entreguei a ninguém antes, ela se infiltra de vez no meu coração e reivindica cada espaço. Deixa seu nome marcado em tinta permanente em cada centímetro de mim e pela primeira vez acredito com todas as forças que o meu também está nela.
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Requisitos para um diploma - Simoraya
FanfictionSoraya Thronicke achou que nunca mais veria Simone Tebet depois do final de semana em que passaram dormindo juntas, rodeadas por todas suas coisas encaixotadas para a mudança, no seu antigo apartamento. Por isso fez de tudo para gravar na memória to...