Capítulo 13 - Você quer que eu vá?

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Simone

Soraya está com a cabeça voltada para a janela do carro desde que saímos da rua lateral do escritório.  Suas mãos estão repousadas em seu colo, unidas enquanto ela passa um polegar sobre o outro em um movimento lento e constante.

Luto para manter meus olhos na estrada enquanto guio o volante, mas eles me traem e acabo por desviá-los em sua direção de poucos em poucos minutos. Fico tentada a parar o carro em qualquer lugar pelo caminho, apenas para poder abraçá-la mais uma vez, até que eu possa ver toda a dor sendo dispersada dos seus orbes castanhos.

Troco a marcha usando mais força do que o necessário, as palmas das minhas mãos suadas escorregam em contato com o couro. A preocupação me distrai a ponto de me fazer errar a rua em que deveria entrar, Soraya não parece sequer notar a alteração de rota. Continua vendo a cidade passar pela janela, perdida em pensamentos.

Pensamentos esses que eu pagaria para saber quais são. Gastaria até mesmo o último centavo da minha conta em troca de uma pista do que aconteceu.

A loira não parece disposta a me dizer o que havia ocorrido para ela ter passado da Soraya provocante, que se vestiu apenas para mostrar o efeito que exerce em mim, para a Soraya estilhaçada que expressou tanta dor em seu rosto enquanto chorava agarrada às minhas roupas.

Não que eu não possa entender o porquê de ela não querer se abrir comigo, eu ainda não a dei muitas provas que ela possa confiar em mim e depois da maneira que ela havia descoberto sobre Eduardo, era muito mais que compreensível. Ainda assim me dói saber disso, meu coração parece estar sendo esmagado por uma pressão enorme como se tivesse duplicado de tamanho, agora não tendo mais espaço em meu peito.

Tudo que eu quero nesse momento é acabar com o motivo da sua dor e protegê-la de todo o resto do mundo enquanto a seguro contra mim. Mesmo que eu não tenha esse direito.

Vê-la tão frágil me assusta, a sensação de impotência é esmagadora e posso senti-la até mesmo em meus ossos. Eu me acostumei com sua personalidade vibrante e com a forma que ela lida com todos os percalços sem abaixar a cabeça. Sempre com a intensidade de um pequeno furacão e com um brilho de vida que poderia ofuscar até mesmo o sol.

O jeito que ela parece perdida agora me faz querer ir atrás da pessoa responsável pelo seu sofrimento, para garantir que isso nunca mais se torne a repetir.

O céu está completamente fechado quando estaciono em frente ao seu prédio. O tempo parecendo refletir o meu estado de humor e não demora muito para que a chuva comece a bater no para brisa com força o suficiente para que as gotas quiquem contra a superfície.

— Ei. — Passo as mãos em seus cabelos, retirando os fios loiros da frente do seu rosto com cuidado, para chamar sua atenção. Ela olha para mim e apesar de suas lágrimas terem secado a dor ainda é evidente em todos os seus trejeitos. — Chegamos, mas nós vamos ter que dar uma corridinha até a porta para fugir da chuva.

— Nós vamos? Você não precisa ficar, Simone. Sei que tem que voltar para o trabalho.

Suspiro com suas palavras. Se sua teimosia está de volta, pelo menos quer dizer que ela está se sentindo um pouco melhor. Já deveria me ser claro que mesmo nessa situação ela não deixaria de ser difícil, não sei nem mesmo se ela sabe como fazer isso. Apesar disso, os últimos dias estavam sendo como um curso intensivo de como lidar com Soraya Thronicke e finalmente aprendi exatamente como agir para desarmá-la por completo.

— Hoje eu tenho uma coisa muito mais importante para fazer que ficar sentada naquele escritório frio.

Pego uma das suas mãos e levo até meus lábios, beijando os nós de seus dedos um por um em um movimento lento. Ela me observa com atenção, seguindo cada pincelar da minha boca em sua pele. Seus lábios estão levemente entreabertos de maneira convidativa e é ali que deposito o meu último beijo, me inclinando em sua direção. Demoro alguns segundos para afastar meus lábios dos seus e ela continua com as pálpebras cerradas enquanto deixo minha boca correr pela linha do seu maxilar parando apenas para beijar a pequena pintinha ali antes de seguir em direção a sua orelha.

Requisitos para um diploma - SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora