Caché dans l'ombre

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Um silêncio pesado se instaurou no salão assim que aquelas palavras saíram da boca de Alfonso. Ele, aliás, tinha uma expressão confusa no rosto, o clima erótico de outrora já tendo se dissipado completamente. Anahi estava na defensiva, olhando de Alfonso para as duas pessoas a sua frente. Alexander, infelizmente, ela conhecia muito bem. Mas a garota que estava com ele....

— Desculpe. Estávamos apenas conversando. — A voz, embora tentasse soar normal, tinha uma nota de rouquidão.

Três pares de olhos se voltaram para a garota. Os de Anahi, curiosos. Os de Alexander, repreensivos. Os de Alfonso,  completamente fixos naquele rosto que ele tinha certeza que conhecia. Ele buscou em sua memória, mas não vinha nada concreto. Resolveu pelo lado mais fácil, então.

— Como você se chama?

— Com licença. Eu e minha namorada estamos atrasados para ensaiar. — Alexander tomou  a frente, envolvendo os ombros da garota com o braço. Anahi notou que ela se encolheu brevemente. Quase imperceptível, mas ela notou.

— Não, não dou licença. Vocês estavam discutindo dentro do salão e eu sou a autoridade aqui dentro. — Repreendeu, vendo Alexander engolir sua fúria contra a própria vontade. Os olhos verdes oliva, no entanto, se suavizaram ao olhar a garota novamente. — Você está bem? Como se chama?

A garota levou uma das mãos a nuca e sentiu os dedos de Alexander afundarem em seu braço, pouco abaixo do ombro. Mas ela não via como sair dali a não ser respondendo a pergunta.

— Azul. Esta tudo bem. — Como se para reafirmar o que disse, Azul entrelaçou uma das mãos com a do namorado. — Apenas um desentendimento de casal, nada a ver com o trabalho. — Garantiu. Ela evitava olhar direto nos olhos de Alfonso, enquanto ele parecia estar atento às expressões e ao rosto dela.

Alexander envolveu as mãos nas de Azul, o olhar desafiando Alfonso a qiestioná-lo novamente. Ele, é claro, não gostou da provocação.

Antes que desse um passo na direção do casal, mãos delicadas o envolveram pelo braço. Aquele toque pareceu ttazê-lo de volta à si.

— Querido, foi apenas uma briga boba de casal. Está tudo bem, não está? — Anahi voltou o olhar de Alfonso para o casal à frente, buscando a confirmação que precisava. Os dois assentiram com a cabeça.

— Então vocês podem ir. Mas que não se repita. A escola não é lugar para vocês resolverem problemas pessoais.

Incrivelmente, a ordem havia vindo de Anahi. A mão dela havia deslizado quando ela se postou ao lado de Alfonso e agora os dedos deles se tocavam.

Como estava pressa de sair dali, Alexander nem sequer pensou em alfinetá-la, apenas passou o braço pela cintura de Azul, dando as costas e saindo dali.

Quando os dois sumiram pela porta, Alfonso virou de frente para Anahi.

— Você sabe que aquilo não foi uma briga bobagem de casal. — Não havia tom de repreensão na voz dele. Mas ele estava, claramente, contrariado.

Anahi negou com o rosto.

— Eu sei. A garota estava muito nervosa. E isso pareceu piorar depois que você apareceu. Você a conhece? — Os dois falavam baixinho, quase aos sussurros.

— Eu não tenho certeza. Mas algo muito forte me diz que sim. — Ele franziu o cenho, como se esforçasse para lembrar de algo. Mas nada vinha a sua mente. Terminou desalinhado os cabelos com a mão, frustrado.

— Me desculpe por ter tomado a frente e dado uma ordem que cabia a você, não foi minha intenção passar por cima de sua autoridade. Mas você estava muito nervoso. — Anahi se aproximou um passo, ajeitando a gola da camisa dele. Um gesto sem segundas intenções, ela tinha esse costume desde quando eram casados. Alfonso sorriu de canto com a lembrança e sentiu o corpo voltar a relaxar.

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