O pedaço de papel entre as mãos de Alfonso caíra no chão assim que ele deu o primeiro passo para fora da cozinha. Parou no corredor, olhando de um lado para o outro. Na sala ela não estava, e os olhos verdes captaram apenas o breu que vinha do final do corredor, que era atenuado apenas pela solitária luminária que pendia em uma das paredes. Ele franziu o cenho, se aproximando de um objeto de contornos o qual ainda não conseguia distinguir próximo à porta do banheiro. O ar lhe faltou e Alfonso precisou abrir os dois primeiros botões de sua camisa. Ele se ajoelhou, apanhando entre as mãos a minúscula calcinha de renda preta que Anahi havia "esquecido" pelo caminho.
Desgraçada!
O tecido era fino e delicado, fazendo-o imaginar contra pele macia de Anahi. E, Deus do céu, estava úmido, denunciando que aquela brincadeira também havia custado um preço alto para ela. O cheiro da excitação dela impregnado naquele pedaço minúsculo de pano quase o embreagou. Prova disso é que se sentiu zonzo ao se levantar.
Aquele joguinho tinha chegado ao seu fim.
Do outro lado da porta do banheiro, Anahi ouviu apenas um grunhido vindo do corredor, o que fez o arrepio em sua pele se acentuar ainda mais. Estava com as costas pressionadas na porta, o silêncio de outrora fazendo-a se contorcer em uma deliciosa expectativa, sem saber o que estava acontecendo e onde ele estava. Havia algo de excitante em ficar esperando, sem ver nem saber de nada. Mas o som grutal vindo do fundo da garganta dele denunciou que Alfonso estava perto, e ela pressionou as pernas uma na outra sem nem perceber, buscando algum alívio para aquela ardência que sentia.
Alguns minutos se passaram, mais silêncio. Anahi mordeu os lábios, uma das mãos se fechando sobre suas coxas involuntariamente. As unhas curtas rasparam sua pele, mas ela não ligou. A dor era uma distração perante sua inquietude imaginando o que estaria acontecendo.
Ela focou os olhos em sua imagem refletida no pequeno espelho que havia sobre a pia. Seus cabelos estavam mais arrepiados do que ela havia deixado, sua face estava rosada e ela tinha um brilho travesso no olhar. O brilho de quem sabia que tinha aprontado e que mal podia esperar para pagar caro por isso.
Um baque na porta impulsionou o corpo de Anahi para frente e logo em seguida o som divertido de sua risada preencheu o ambiente.
— Anahi, abra. — Ele murrou a porta mais uma vez.
— Não sei se estou com vontade. — Gracejou, sabendo que já tinha levado aquilo ao limite.
— Não brinque comigo, Anahi. — Ela não podia ver, mas Alfonso tinha o rosto sério.
— Ou o quê? Vai me bater, professor? — Provocou, se aproximando da porta e praticamente encostando os lábios na madeira, para que sua voz saísse em um susurro e ele pudesse escutar.
— Você bem que merece. Estou mandando você abrir essa porta. — O tom autoritário, que era designado aos alunos ou a ela quando estavam na cama, fez o ventre de Anahi se apertar.
— Acontece que você não manda em mim. — A voz dela era rouca. Causou um efeito devastador nele.
— Abra e vamos descobrir se eu não mando. Se não abrir, eu vou arrombar, e o prejuízo vai ser seu. — Alfonso tinha a testa encostada na porta, o membro latejando tanto que chegava a doer.
— Vamos negociar. — Não sabia de onde estava tirando forças para continuar com aquilo, mas imaginar o estado que ele estava era delicioso.
— Anahi...—Aquilo poderia ser um alerta, um chamado, alguém implorando. Nenhum dos dois soube identificar.
— Prometa que quando eu abrir a porta, você vai ser bonzinho comigo. Eu fui uma garota má, mas foi você quem começou a me provocar hoje a noite. — Ela tinha um sorriso triunfante nos lábios, as mãos espalmadas na porta, esperando.
![](https://img.wattpad.com/cover/310672373-288-k822777.jpg)