desatando nó

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Luana

Passei a noite com Helôzinha na cama, dormi agarradinha nela, acho que a presença do pai por tão pouco tempo, afetou tanto a ela quanto a mim.

Dia seguinte acordo e a primeira coisa que faço é ligar pra revista e suspender as fotos de biquíni.

— Lu posso entrar? - Leti bate na minha porta.
— me mandaram um email agora pouco confirmando que você não vai mais permitir as fotos de biquíni. Isso é verdade?

— sim, é verdade!

— uai, não entendi, cê fez as fotos com tanto gosto.

— é Leti, mas eu desisti. - interrompo ela

— sei... e posso saber porquê?

— porque eu quis, só isso!

— tem certeza que é só isso?

— ooh trem, mas quando você quer heim Letícia? - falo mais brava com ela

— desculpa, eu só queria saber porque você se arrependeu, só isso.

— Nao me arrependi, só não sei se devo... -  paro de falar

— Não deve porque?

— ah Leti, porque se eu fizer isso eu perco ele de vez, pronto, é isso que cê queria saber? - falo impaciente e ficamos em um breve silêncio

— minha amiga, essa foi sua decisão mais acertada nos últimos dias. Eu apoio você. Temos outra matéria pra pôr no lugar e ela tá bem mais linda do que a exibição desse seu bundão de causar inveja. - sorri do jeito que ela falou.

— tá bom dona Leticia. Eu não estava muito confortável, mesmo sendo só fotos de moda praia, sei que meu pai não iria gostar muito. Ricelly não merece esse cuidado, mas eu sei que ele ficaria furioso com essa exposição toda.

— eu te entendo minha amiga e fico feliz com sua decisão. Vou organizar com eles as outras matérias tá? - ela sai e me deixa sozinha com meus pensamentos.

Eu não sei ainda o que fazer, mas uma coisa eu já tenho certeza, que é o que eu não devo fazer, então comecei por isso.

...

Alguns dias se passaram e mais uma revista é publicada, feliz demais com a repercussão, pelo menos de uma coisa todo esse estresse serviu, eu acabei focando um pouco no meu trabalho e pude tirar atenção dos meus problemas com Henrique.

— predileta, as revistas chegaram e a matéria ficou linda

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— predileta, as revistas chegaram e a matéria ficou linda.

— Que bom Letizinha. - respondo olhando pra revista

— Uai, que tristeza é essa? Não gostou da capa?

— Gostei sim, ficou linda.

— É posso saber porque essa carinha tão pra baixo? Tem haver com um certo barbudo? - confirmo com a cabeça enquanto amamento Heloísa
— O que houve?

— Não houve né Leti? Estamos distante todo esse tempo, ele mal fala comigo depois da ultima vez que veio aqui.
Não sei nem se ele ainda me quer, ele foi tão impaciente na nossa conversa, gritou comigo, defendeu a amiguinha, cê precisava ver. - falo triste

— E porque você não fala com ele sobre isso?

— Porque eu não sei se consigo ouvir o "eu não te quero mais" da boca dele.

— cê tá louca? Ele nunca vai falar isso...

— cê não ouviu como ele falou comigo Leti.

— mas você me disse que ele também tentou resolver certo?

— foi, mas o tom era estranho, era uma mistura de cansaço com raiva. - lembro da briga
— Mas também tem o que dona Maria falou comigo, isso ficou na cabeça martelando. Ou eu perdoo e confio nele ou... - não consigo concluir e choro

— Ou?

— Ou tá tudo terminado Leti. Não tem outra saída.

— e você não quer isso certo? - Mohana entra no quarto
— Desculpa mas a porta estava entre-aberta e eu ouvi um pedaço da conversa

— Tudo bem Moh. - enxugo as lágrimas

— Lu, você precisa resolver essa questão dentro de você antes de tudo. Eu vou repetir uma conversa que tivemos há bastante tempo, não é facil ser a esposa dessa dupla, é muita intriga, é muito ciumes, é muito assédio, mas se você ama de verdade, você vence tudo isso.

— Mas Moh, Henrique deu muito cabimento pra tudo isso também, cê conhece ele mais tempo que eu e... - ela me interrompe

— E o que eu sei é que ele te ama como nunca amou nenhuma das mulheres que passaram na vida dele, que você foi a única que conseguiu levar ele pra o altar, que realizou o sonho da vida dele de ser Pai, que doma a fera e dobra ele direitin. - sorri enxugando outras lágrimas que já caíam
— Cunhada, ele não é perfeito, nunca vai ser, mas tem algo nele que é perfeito e isso ninguém pode negar. É o jeito que ele te olha, não importa a ocasião, tá escrito na testa dele que te ama.

— Ah Moh, assim ocê acaba comigo. - choro sem conseguir controlar as lágrimas que desciam

— Não foi minha intenção, eu só estou dizendo tudo isso, porque é injusto demais que essa princesinha da titia cresça sem vocês dois juntos e ainda mais sabendo o tanto de amor que existe. - ela alisava a cabecinha de Heloísa que olhava pra tia atenta, mesmo não soltando o bico do meu peito.

— Essa não nega o pai que tem. - Leti sorri com ela e nós confirmamos
— E aí o que cê vai fazer? Vai ligar pra ele?

— Não sei ainda. Deixa eu pensar tá. Tem muita confusão na minha mente, não posso deixar essa saudade castigante direcionar minha atitude. Por agora eu quero agradecer por essa revista linda e me concentrar na outra postagem, me comunicar com Drica, vê se ela arruma um tempinho na agenda dela corrida no Goiás. - sorrimos

— Tá bom amiga, mas não espera muito pra resolver isso não tá. - Mohana me sacode mais uma vez

Passamos a tarde conversando, falando sobre trabalho e eu aproveito pra mostrar à Mohana as fotos de biquini que eu não deixei publicar e elas sorriem imaginando a reação dele vendo isso.

...

Enquanto isso em Goiânia

— e aí seu barba, de boa? - Emil entra na sala que Henrique trabalhava

— sim Emil, eu já vi a postagem da nova revista dela. Eu tô bem, não surtei e nem vou surtar tá? É isso que você queria saber? - ele responde com sarcasmo

— até porque foi uma entrevista tranquila né? Sem foto sexy. Ela até falou nocê. - Emil fala tentando amenizar

— hum, que bom pra ela não é? Faz bem falar do marido de vez em quando. - ele fala com ironia

— pra onde cê vai? - diz vendo ele fechar o notebook

— encontrar um pessoal aí. Depois a gente se fala. - ele se levanta e pega a chave do carro deixando Emil e Juliano, que acabou de entrar na sala, sem entender nada...

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"Eu só queria um elogio seu
no lugar de uma alfinetada
Se agente colocar numa balança
é mais sorrisos do que lágrimas
É melhor a gente desatar
o nó do nosso cadarço
Do que cada um te que sair
pra procurar outro sapato"

Dois Corações e Uma História | Ricelly HenriqueOnde histórias criam vida. Descubra agora