Estar voltando para Ohio nunca foi algo nos planos depois de todos os acontecimentos. O táxi da estação até a minha casa me deixava cada vez mais pensativo conforme nos aproximávamos. As ruas continuavam repletas de famílias comemorando, desfrutando de mais um feriado importante. Talvez eu ainda não estivesse no clima, mas quanto mais próximo eu ficava de minha antiga casa, Mais embrulhado eu ficava.
- Estamos chegando amor. - Clara se aproximou do vidro do táxi e tentou ver além na chuva de neve que caia do lado de fora.
O táxi nos deixou a frente de casa. Era como voltar no tempo e estar de volta a uma época que não podia ser esquecida. A neve cobria tudo a minha frente, o gramado, o telhado e até mesmo o pátio do lugar, mas tudo estava conforme eu ainda imaginava em meus pensamentos. Minha casa continuava a mesma. Ao lado de dentro uma luz mostrava que estavam a nossa espera.
Precisei de um minuto para poder digerir tudo que estava acontecendo, o mal estar em meu estômago parecia estar ainda pior dando fortes pontadas que me deixavam com o peso sobre uma de minhas pernas. O taxista se ofereceu em me ajudar, mas ser breve era o que eu mais queria naquele momento, por isto busquei minhas malas e corri para fugir dos flocos brancos que caiam do céu.
Minha mãe estava à frente da porta, sua mão segurava a maçaneta como se buscasse um sinal para que pudesse abrir. Busquei forças em meu próprio reflexo no vidro da janela, estávamos na parte coberta de casa, onde tijolos vermelhos estavam a mostra e uma grande janela se encontrava ao lado da porta de entrada.
Ao me ver notei o quanto tinha amadurecidos e o quanto podia ser forte por mim mesmo naquele momento. Notei que meu casaco cinza e meu gorro estavam repleto de neve. Minha mãe ainda aguardava ao meu comando, apesar de estar sorridente ela sabia o que poderia acontecer se caso as coisas saíssem do controle.
- Pode abrir. - Levantei minha mala e empurrei meu próprio corpo para frente no intuito de força-lo a entrar.
- Eles chegaram. - Rebbeca passou pela sala e buscou encontrar meu olhar. - Aleluia, achei que não iriam chegar hoje por causa da tempestade. - A garota completou.
Era possível ver que o bom gosto de Rebbeca para a moda ainda estava de pé. Seus cabelos escuros se escondiam em uma trança jogada para trás. Seu sobretudo amarelo e de felpudo parecia fofinho e me deixava com uma vontade imensa de passar a mão e senti-lo. No meio de toda aquela conversa eu me perdi nos olhos perdidos de minha melhor amiga, seus olhos castanhos me procuravam dentro de mim esperando uma resposta ou até mesmo algo mais sentimental para aquele momento.
- Você está linda. - Foi o máximo que consegui. Logo senti seus braços me puxando para perto da lareira e dos sofás da sala. Os pais de Rebbeca ainda divorciados estavam na sala conversando e olhando na minha direção.
- Como você está bonito Katter. - Dona Teresa se aproximou buscando um melhor ângulo.
- Eles chegaram. - Victor o pai de Rebbeca gritou como se quisesse avisar alguém no andar de cima.
E lá estava ele.
Héctor estava elegante, seu terno de listra e seu cachecol lhe dava o ar de uma grande empresário. Seus olhos me acharam no meio da escada, onde ele me mediu e me analisou com muita cautela. Em suas mãos ele trazia alguns porta retratos da família, o que me deixou um pouco aflito em não conseguir desvendar.- Como foi a viagem ? - Ele perguntou deixando tudo sobre uma cômoda de madeira próxima. Seu olhar novamente foi até a minha pessoa, me analisando novamente com muita cautela.
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"Meio Campo - Entre o amor e o futebol."
Roman d'amourEstá é a História de Katter. Um romance entre dois jogadores. De volta a sua terra Natal após um ano jogando futebol fora, Katter, um dos melhores jogadores juvenil volta para terminar seu último ano no colégio. Meio Campista, o jogador lo...