19 Evidências.

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Curtam, comentem bastante.

Vozes entram e saem do meu estado consciente. Abro os olhos, muito tonta, e vejo vários olhos olhando direto para mim. Fecho os meus depressa, esperando que aqueles outros desapareçam. Espero um instante e entreabro o olho esquerdo para checar a situação. Não, eles ainda estão lá. Na verdade, não quero despertar ainda, tudo me parece um grande esforço, mas a ideia daquelas pessoas me vigiando é demais. Olho lentamente de um rosto para o outro. Mamãe, papai e Lena... Lena? LENA? Que diabo ela está fazendo no meu quarto? Sento-me na cama e puxo a colcha até o queixo, com o coração batendo forte.

- Kara, está tudo bem! - diz minha mãe, como se estivesse tentando acalmar um cavalo amedrontado. Daqui a um instante é capaz de começar a fazer carinho no meu nariz. Frenética, olho em volta e percebo que não estou no meu quarto.

- Onde estou?

- No hospital, querida. Você levou uma pancada na cabeça

- Que horas são? Há quanto tempo estou dormindo?

Meu pai olha para o relógio.

- São nove horas da manhã. Você dormiu aproximadamente vinte e três horas.

Ao saber que havia dormido vinte e três horas, franzo a testa e levo sutilmente a mão à cabeça para ajeitar o cabelo. Sempre fico horrível quando acordo. Ninguém, ninguém fica mais horrível do que eu ao
acordar.

Esfrego os olhos e passo um dedo debaixo dele para tentar tirar a maquiagem que ainda deve estar lá. Enquanto com uma das mãos sigo subconscientemente minha rotina de beleza, ou melhor, minha rotina para não me sentir tão feia, com a outra sinto meu corpo debaixo da coberta e confirmo as minhas suspeitas.

Eu estou absolutamente nua, fora aquela camisola fininha de papel do hospital, que certamente não cobre as costas. O que estou fazendo? O QUE PENSO QUE ESTOU FAZENDO? Acabei de ver de perto a morte e estou preocupada com a minha aparência. Tenho certeza de que a polícia vai dispensar você dessa vez, Kara. Certeza. Dou uma olhada apreensiva para Lena, e ela sorri para mim. Quanto será que ela viu?

- Como você está se sentindo?

- Bem - digo sem muita certeza, pois para ser sincera não tenho certeza de nada no momento.

Tento forçar a memória e vejo umas imagens pouco nítidas. Estávamos perseguindo alguém. Eu estava mantendo certa distância de Lena para não repetir a façanha do meu olho roxo. Depois chegamos a uma cerca. Lena pulou por cima dela, e só me lembro de um estalo alto. A partir dali foi tudo escuridão. Completa escuridão.

- O que aconteceu? - eu pergunto. Lena parece um pouco encabulada.

- Foi um acidente.

- Mas o que foi?

- Você se lembra de que estávamos perseguindo Leslie? - Eu faço que sim. - Bom, tínhamos de atravessar uma cerca de arame farpado, então pulei em cima dela pensando que o meu peso a derrubaria. Infelizmente, o fazendeiro deve ter pregado a cerca em uma árvore morta próxima, e, quando derrubei a cerca, a árvore saiu do chão e... foi bater na sua cabeça... Era uma árvore enorme, mas felizmente relativamente leve... Porque estava morta. - Houve uma longa pausa enquanto eu absorvia toda a informação.

- Vocês pegaram a Leslie?

- Pegamos. Aliás, foi Matt quem pegou. Eu fiquei com você. Achei que tinha causado a sua morte.

- Eu estava tentando manter pelo menos três metros de distância de você para não ficar de novo com um olho roxo. E você disse que eu era um apocalipse. Essa foi a segunda vez que você me machucou - eu disse baixinho. Lena sorriu e eu me vi pensando que foi isso que deve ter feito Helena se apaixonar. Seu sorriso. Esse sorriso deve ser fatal quando usado de forma apropriada.

Queda Livre - KarLenaOnde histórias criam vida. Descubra agora