Curtam, comentem bastante.
Fico olhando para a bandeja do almoço que ela deixou comigo, tentando me fixar em um dos pensamentos que passam pela minha cabeça. Lena.
A pessoa que eu chamava era Lena. E dai? Ela tinha acabado de dar uma pancada na minha cabeça, obviamente era nela que eu tinha que pensar. Certo. Deve ser isso. Quer dizer ela deve ter sido a última pessoa que eu vi antes de desmaiar. Era mais natural chamar o nome dela. Provavelmente queria dizer "Lena, sua trapalhona". Pego o garfo com determinação e olho para a salada de batata, em uma bandejinha de plástico, que nem as que são usadas nos serviços de borda. Finco o garfo no presunto. O que foi mesmo que a enfermeira disse? "Esquentou meu coração ou coisa parecida. Engulo em seco. Ela também mencionou que eu devia ser muito apaixonada por Lena. Ponho o garfo de plástico na bandeja, me recosto nos travesseiros e sinto que estou corando da cabeça aos pés.
Oh, nabo. E se ela estivesse ao lado da minha cama naquela hora? E se tivesse ouvido? E como eu me sinto a respeito dela? Como me sinto realmente? Fico pensando um instante sobre as últimas semanas que passamos juntas. Penso no rosto, nos olhos e no sorriso dela. Depois penso no seu casamento com a Helena. E então a verdade se apresenta diante dos meus olhos. Não posso nem pensar em ir nesse casamento porque sei que estou apaixonada por Lena. Meu lábio inferior começa a tremer.
Como isso pode ter acontecido? Outro pensamento terrível vem à minha cabeça. Meu Deus! deve ser muito óbvio. Meu lábio inferior começa uma verdadeira dança agora. Todos, TODOS acharam que devia haver alguma coisa entre nós. Minha mãe, Nia e até mesmo a moça da cantina do hospital.
E por quê? PORQUE ESCREVI SOBRE ISSO. Não foi o testemunho dela. E, porque meus sentimentos eram transparentes, preto no branco para quem quisesse ver, todo mundo pensou naturalmente que ela talvez também estivesse interessada por mim. Que constrangimento. Mas como eu gostaria que estivesse. Tapo a boca com a mão. Como pude pensar nisso? Como? Helena foi tão legal comigo! Meu rosto estava ardendo e meus olhos se encheram de lágrimas. Minha vontade era desaparecer debaixo das cobertas da cama e só sair... digamos no Natal? Será que o hospital notaria se perdesse uma paciente? Será que isso acontece sempre? Ao ver que no quarto não havia drogas para entorpecer minha mente começo a roer as unhas, um vício, do qual me livrei há dez anos. Estou preocupada em conter as lágrimas porque sei que depois que começar não vou conseguir parar.
Tento pensar em coisas não passionais. No euro. Nas eleições locais. Mas minha cabeça volta sempre para Lena Luthor. Meus diários devern ser verdadeiras cartas de amor para que as pessoas cheguem a essas conclusões. Todos estão rindo de mim. Devem esta dizendo "Lé vai aquela repórter apaixonada pela detetive que vai casar daqui a uma semana. E embora isso já seja bastante terrível há também a Lena. Ela vai casar daqui a uma semana. Com Helena. Repito essas palavras de novo, tentando enfiar firmemente na minha consciência. Em instantes o pessoal vai esta chegando. E minha mãe e minha melhor amiga vão obviamente perceber que aconteceu alguma coisa.
Rápido, pense em outra coisa. Fecho os olhos e me afundo mais na cama, esperando que tudo isso saia da minha frente. Olho o relógio. Faz mais de uma hora que eles foram para a cantina. Por que não estão de volta na minha cama, pondo compressa fria na minha testa febril? Por que não estão me dando apoio e carinho?
Minha mãe aparece na porta, chorando de tanto rir. Nia vem atrás dela, também às gargalhadas, e meu pai vem por último. - E como vai indo, Kara? Como está se sentindo? - Nia pergunta.
- Muito bem! Estou ótima agora - digo, mesmo sem me sentir nada bem. Como tanta coisa pode mudar tão depressa? Depois que eles saíram de meu quarto, uma hora atrás, tive a sensação de ter descido de uma montanha-russa emocional, e tenho sérias suspeitas de que a corrida ainda não terminou, mas a chegada de James evita qualquer outro tipo de reflexão.
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Queda Livre - KarLena
Fanfiction[concluída] Uma jornalista atrapalhada tenta salvar seu emprego se tornando a sombra de uma detetive de humor ácido e sem a menor paciência para a imprensa. Ambas mergulham em um enredo de mistério, confusão e muitas reviravoltas. Inicio 22 - 10 - 2...