01. O aprisionador da fruta do diabo

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O estrondo era ensurdecedor, as balas de canhão passavam raspando nas laterais do Red Force. Apesar do número desfavorável, os piratas do Ruivo levavam tudo na diversão, como se aquilo fosse brincadeira de criança, ainda mais depois das melhorias feitas por Mia. O navio estava mais rápido e resistente, além de ter um poder de fogo muito maior.
Yasopp comemorava um tiro certeiro que atingiu em cheio o convés do navio principal da Frota inimiga.

- Porra! Essa foi muito boa, cê viu, Lucky? - Yasopp se apoiava na cerca de madeira bem talhada do navio, sua pele morena reluzia por causa do suor e dos raios de sol que finalmente estavam saindo depois de uma grande tempestade.

- Hehehehe, nada mal, nada mal. Eles até desistiram! - O enorme pirata dava uma bela mordida em sua carne suculenta, ria com gosto, estava se divertindo tanto! - Para irem tão longe, o tesouro era importante, não é, capitão?

Shanks se segurava na corda, observando os navios recuarem, ficando cada vez menores. O vento forte bagunçava seus cabelos vermelhos e o cheiro do mar dissipava a pólvora que estava no ar. Sorriu de orelha a orelha, só de pensar o que viria a seguir.

- Muito bem, pessoal! Estamos longe o suficiente! Venham, vamos ver o que conseguimos e começar logo a festa!

Os homens se animaram e gritaram de alegria, se concentrando no centro do convés onde havia uma enorme pilha de tesouro. Os raios do sol faziam refletir nas pessoas mais próximas os brilhos de ouro e pedras preciosas.

- Vamos, pessoal, ajudem na separação e contagem para guardar tudo isso. - Benn, o imediato, tentava colocar ordem na casa, mas não escondia seu contentamento com a boa pilhagem. - Fazia tempo que não pegamos um saque bom desses, aqueles piratas até que tinham coisas interessantes. - Benn pegou uma katana de bainha vermelha e empunhadura dourada. - Essa é das boas. - Mostrou para o capitão que se aproximava.

- Nada mal. Estávamos precisando, já que o nosso tesouro estava acabando. Façam a divisão, mas não se esqueçam de deixar uma boa parte para os nossos suprimentos. - Shanks ordenou e seus homens obedeceram prontamente. - Viu Mia por aí? Ela sumiu da minha vista quanto invadimos os navios.

- Na hora do saque, algo chamou a atenção dela, acho que uma biblioteca. Mas tenho certeza que ela está no navio.

O ruivo estala a língua, sorrindo de leve.

- Esses metidos a sabichões. Realmente, ela não é mesmo pirata. Você cuida de tudo? Vou ver se ela está no quarto.

Benn concorda e começa a organizar todo mundo para começarem a festa o mais breve possível.

Chegando no quarto principal, Shanks abre a porta lentamente e abre um sorriso safado, aproveitando a visão privilegiada que tinha. Observava a bunda de Mia, fazendo questão de abaixar um pouco a cabeça para ver ainda mais. Segurou um livro tacado em sua direção antes que acertasse sua cara.

- Isso é jeito de tratar seu capitão? - O pirata fez um biquinho inocente e sentiu seu nariz coçar. - Parece que isso é bem velho. Está se divertindo aí?

- Ainda não me sinto bem fazendo isso, mesmo que sejam piratas. - Mia ainda continuava vasculhando sua enorme mochila, tirando dois, três livros de uma vez e empilhando no chão. - Isso foi por ficar aí me comendo com os olhos. - Ela se aproxima do ruivo e pega o livro de sua mão, rindo da sobrancelha erguida do homem em sua frente. Sabia o que ele estava pensando, por isso deu um leve empurrão com o dedo indicador. - Nem vem, agora não. Olha, eu encontrei uma coisa interessante! - Mia pega Shanks pela mão e o puxa para dentro do quarto.

Sentados no chão, cuidadosamente, Mia pega uma caixa de camurça azul  com detalhes dourados nas bordas, já bem desgastada. Levantou a tampa e revelou um acolchoado de cetim branco que envolvia quatro pingentes dourados em formato de diamante. Por incrível que pareça, o cheiro daquilo era agradável, suave e floral, inesperado para algo que parecia ser tão velho. Três dos pingentes tinham seus brilhos reduzidos, como se fossem apenas um pedaço de vidro envolto de fios de ouro muito bem trabalhados. O quarto pingente era curioso, pois parecia que havia um líquido lá dentro que se movia e cintilava, variando as cores entre azul escuro e claro. Nos momentos que ficava escuro, Shanks podia jurar que via pequenas estrelas brilhantes. Sua curiosidade sobre o objeto era tão grande, que ergueu sua mão sem pensar, em direção ao pingente brilhante. Se assustou, porém, quando a caixa se afastou dele abruptamente.

- Não vai tocando assim! Você nem sabe o que é! - Mia franzia as sobrancelhas, protegia os pingentes até dela mesma.

- E você por algum acaso sabe o que é? - O ruivo dizia contrariado por não poder tocar no seu próprio tesouro.

Mia sorriu e colocou um diário velho quase caindo aos pedaços na sua frente.

- As informações sobre esses pingentes estão aqui. Se a lenda for verdade, então temos algo incrível nas nossas mãos, Shanks!

- Que lenda é essa? - Shanks estava maravilhado com o brilho nos olhos da parceira. Fazia tempo que não via aquilo acontecer, por isso estava ainda mais curioso.

- Um estudioso de muito tempo atrás dedicou sua vida para estudar as frutas do diabo. Tentava entender porquê sempre que algum usuário morria, a fruta surgia novamente. Ele que criou essa enciclopédia. - Mia tira um livro desgastado, sem título, o primeiro livro que comprou com o primeiro salário. Folheou rapidamente algumas páginas que tinham os desenhos das frutas do diabo e textos com descrições detalhadas. - Ele criou cinco desse pingente que aprisiona os poderes. Um está com a fruta que ele possuía.

- E o quinto? - Perguntou Shanks sem se demorar para fazer as contas.

- Eu li em uma página do diário que era a fruta da escuridão.

Shanks levanta uma sobrancelha, lembrando-se do recente encontro com Barba Negra em Marineford.

- Dá para dizer que esse pingente funciona? Sabemos que o Barba Negra é o usuário dessa fruta.

- Ninguém havia relatado o aparecimento da fruta da escuridão. Eu, pelo menos, não fiquei sabendo. Parece que em algum momento da história o pingente se quebrou e a fruta ressurgiu.

- Então esse pingente pode prender os poderes da fruta e impedir que ela retorne... - Ele olhava pensativo para o único pingente brilhante. Apontou para este a distância para não levar bronca de Mia. - E o que acontece depois que se prende os poderes?

Mia chacoalhou os ombros e relaxou um pouco a postura enquanto observava a ilustração da fruta da escuridão.

- Se não me engano, os poderes são ativados. Tenho que estudar um pouco mais sobre isso no diário. - Em um salto, Mia levanta e estende a mão para o capitão, que aceita. - Agora vá ajudar seus homens para a festa. Vou estudar o que Findulas tem a dizer.

Shanks dá um risinho pelo nome exótico. Ele resiste ao empurrão que Mia dava em suas costas para que saísse do quarto.

- Por que não posso ficar aqui com você?

- Porque você iria me distrair, oras. Agora, tchau!

A porta bateu e Shanks suspirou, ficando alguns segundos ali coçando a nuca. "Eu já tive mais respeito nesse navio...", ele pensou. A porta se abre e ele sente os lábios úmidos de Mia encostarem nos seus.

- Me chame quando tudo estiver pronto, ok? - Mia pisca de um olho e volta para dentro do quarto fechando a porta.

Shanks vai caminhando até o convés não conseguindo tirar o sorriso da boca.

Akagami no Baby?! (One Piece x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora