23. Batalha pela Estrela Vermelha

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Apesar da vitória esmagadora, o enorme e feroz humandrill estava estranhamente calmo. No fundo, sabia que não teriam oponentes fortes o suficiente para derrotá-lo e tirar o tesouro brilhante dele e caso aparecesse um, lutaria até um dos dois cair morto no chão. Observou o grupo recém chegado e sabia exatamente o que eles queriam: o seu tesouro vermelho. Sua experiência com adversários formidáveis era vasta, por isso percebeu que, exceto pelas fêmeas, ele teria muitas dificuldades em derrotar um grupo com tantos guerreiros fortes como aqueles machos, portanto a melhor opção que sua mente conseguiu pensar foi lutar com eles um por um.

Retirou a espada do humandrill morto brutalmente, fazendo a poça pegajosa de sangue aumentar sob seus pés. Com confiança, apontou a arma tingida de vermelho para o filhote que estava entre eles. De algum modo, sabia que aquele tesouro brilhante era do filhote, como se tivessem um cheiro semelhante. Sua boca de dentes afiadíssimos se abriu em um sorriso convencido, para logo em seguida se desmanchar. Achou que o filhote sairia correndo por causa do desafio, mas pelo contrário, o pequeno se prontificou logo à frente sacando sua espada.

A arma era muito maior e bem mais pesada que o filhote de penugem escarlate poderia aguentar, mas mesmo assim era segurada com firmeza e sem esforço exagerado.

As fêmeas logo atrás balbuciavam alguma coisa. A que tem cheiro de comida agarrava no ombro do filhote. Estranho, normalmente as mães humandrills incentivam seus filhotes a lutarem, mas essa de pelo rosa estava com muito medo.

O sorriso voltou no rosto do humandrill e sem baixar a cabeça, olhou com arrogância a minúscula criatura na sua frente. Mesmo que perdesse, levaria um com ele usando sua tática suja que o levou para a vitória contra o ex-líder do bando.

Conforme o filhote ia dando seus passos curtos, uma pressão caiu sobre os ombros do humandrill. Incomodado, balançou os braços para ver se passava, porém nada mudou.

O filhote foi o primeiro a atacar e as duas espadas se chocaram com violência, fazendo o barulho metálico ressoar por entre os veios da montanha. Mesmo pequeno, o golpe era carregado de força e algo mais, fazendo seu corpo cinco vezes maior ficar pesado. Recuou dando um pulo para trás, enxugando uma gota de suor, seu coração acelerava. Jamais perderia para um filhote, não pouparia esforços para esmagar essa pequena criatura e até táticas sujas seriam válidas.

Agora era vez do humandrill, que numa velocidade impressionante, avançou em direção do pequeno, que desviou saltando para longe. Os humandrills colocavam suas cabeças para fora das tocas, curiosos com o novo embate. Antes do líder, que agora estava morto, muitos perderam a vida para o guerreiro trapaceiro, compreendendo-se de que ele era o mais forte, portanto o novo líder.

O embate era feroz, ambos atacavam e defendiam, mas conforme o tempo passava, aquela pressão nos ombros da criatura ia aumentando, até que em um dado momento, o humandrill olhou nos olhos do filhote escarlate. E ele se arrependeu profundamente.

Seus dentes não paravam de bater um contra o outro e seus joelhos já não suportavam o peso do próprio corpo. O olhar intimidador crescia ainda mais sobre ele, como se agora fosse apenas um bebê humandrill. Sua consciência cedeu à pressão e sem o controle do corpo, apenas desabou, a boca aberta por onde a baba escorria.

Não sabia dizer por quanto tempo ficou inconsciente, mas a gritaria indicava que os humanos ainda estavam lá. A fêmea de pelos pretos segurava o precioso tesouro no alto, longe do filhote, de costas para o humandrill. A criatura era boa em se fazer de derrotada, foi assim que ganhou várias lutas.

O macaco guerreiro lembra-se muito bem quando aprendeu essa tática. Foi um grupo de humanos com armaduras, descobriram que um matinho esverdeado que crescia na ilha era altamente venenoso. Acompanhou de longe os humanos esfregando essas plantas com cuidado na lâmina e presenciou o estrago que a tática resultava. Seu lugar como humandrill mais forte estaria garantido, mesmo que não o fosse. Apenas um corte e já seria lucro para ele. Pelo menos um levaria junto com ele ao fundo do poço. Seu movimento foi rápido e certeiro, com toda a certeza do mundo cortaria aquele corpo magro sem músculos ao meio, a fêmea não teria chance alguma. O grito fino foi a prova do sucesso de seu ataque, no entanto a espada afundou menos do que esperava, quase nada para falar a verdade. E por uma segunda vez, o humandrill se arrependeu de sua estupidez.

———

Zoro foi o primeiro a perceber a movimentação estranha do animal caído. Iria aparar o ataque com a bainha de uma de suas espadas, mas foi vergonhosamente devagar, Mia fora atingida na altura da cintura e percebeu que pelo grito, estava distraída demais para ativar seu haki de armamento. Seu sangue borbulhou em uma fúria cega e sem perceber já estava ao lado de Shanks, os dois alternavam entre chutes e socos até ouvirem um último suspiro de desespero do humandrill, que agora mais parecia um monte de carne todo estropiado.

Com o resquício de raiva ainda em seu sistema, Zoro voltou-se para Mia, soando intimidador, sua voz elevada afugentava as criaturas mais curiosas.

— Qual o seu problema, sua idiota! Eu sei muito bem que você é capaz de se defender sozinha, então vê se presta atenção.

Mia se encolheu, assustada com a reação agressiva do espadachim, apertando a estrela vermelha contra seu peito para que Shanks não a tomasse, mesmo tendo o direito. Com a outra mão, apalpou o rasgo feito pela espada porque sentia que algo escorria ali. Livrou-se de sua cara de susto após conferir o corte superficial que sofreu, encarando de frente a cara rabugenta de Zoro.

— Idiota é você! Não foi nada, então quer parar de se preocupar a toa? - Zoro recua um pouco, não esperando pela reação igualmente agressiva e apenas acompanhou as passadas apressadas de Mia em direção a saída.

Shanks correu atrás de Mia e estava vermelho, tanto por extravasar sua raiva no humandrill por ter machucado a inventora, quanto por sentir raiva da própria Mia, que o impediu injustamente de crescer. Com o tamanho da estrela vermelha tinha certeza que chegaria, pelo menos, na idade daquele cabeça de alface bobão e ver seu desejo de crescer e ficar forte ser adiado sem nenhuma explicação o deixava deveras frustrado.

— Mia, me dá a estrela! Eu quero crescer logo! Me dá! - Gritava o menino, agarrando a barra do sobretudo de Mia com todas as suas forças. - Me dá, Mia! Me dá logo!

Cessou o insistente pedido quando Mia estacou e girou-se para ele. Recuou um passo porque nunca a vira com essa expressão.

— NÃO! - Mia rosnou, de forma que até seus companheiros de aventura engoliram em seco, sentindo a tensão e prevendo o que resultaria dessa negativa tão fria e agressiva. Sem se importar com o que eles estavam pensando sobre ela, Mia prosseguiu pelo caminho para sair daquela caverna úmida e com cheiro de morte, lançando uma luz vermelha no caminho.

Shanks, por mais que quisesse mostrar que era um garoto forte, soltava suas lágrimas abundantes. Ao sentir o toque preocupado de Benn, sua boca apenas abriu para um lamento compulsivo que intercalavam-se com soluços. Afundou o rosto no peito de seu guardião e na sua cabeça de criança apenas passava o seguinte pensamento: "A Mia me odeia."

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⏰ Última atualização: May 09 ⏰

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Akagami no Baby?! (One Piece x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora