08. O sumiço

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Mia observava atônita os dois marinheiros que se mantiveram calmos mesmo com a aparição repentina. Ainda dentro do submarino, Benn tenta entender porque a inventora ainda não saira. O pirata percebeu que algo estava errado pelos sinais que ela mandava com uma das mãos, que claro, não faziam sentido. Aguçou a audição para poder ouvir qualquer conversa que houvesse lá fora.

- Hehe, ora senhores, não esperava ver vocês por aqui. - Mia sorria não conseguindo esconder a tensão.

Garp e Sengoku se entreolham e depois voltam para a mulher.

- Como assim? Eu moro aqui, menina. Agora, você me diga, o que uma procurada com a cabeça valendo mais de um bilhão de berry está fazendo nesta ilha pacata? - Garp pergunta, os braços cruzados e um sorriso desafiador.

- Ouvi dizer que aqui é ótimo para pescar e queria tentar.

Sengoku levanta uma das sobrancelhas, apoiando o cotovelo em um dos braços de plástico. Não demonstrava hostilidade, mas estava mal humorado.

- Tenho certeza que esse seu submarino afugentou todos os peixes. - Ele abanava com a outra mão fazendo careta. - Vamos, deixe-o em outro lugar para continuarmos a pescar.

Mia olhava para o almirante da frota muito confusa. Esperava o buda dourado lançando-lhe um belo soco na fuça.

- Vocês levam férias bem a sério, não?

- Tsc. Não pense que só porque é filha de Newgate que o universo gira em torno do seu umbigo. - O homem vira o rosto fechando a cara, mas Garp dá uma boa gargalhada.

- Apesar de tudo é bom te ver, Mia. Vejo que está bem e mesmo longe dos negócios, tudo está correndo bem. - Garp suaviza a feição, deixando um sorriso triste dominar sua boca por um momento. - Obrigado por fazer o que estava no seu alcance para salvar Ace e Luffy.

- Garp! - Sengoku grita apoiando as duas mãos nos braços de plástico da cadeira.

Garp abre mais o sorriso, agora para o amigo.

- Eu não poderia deixar isso passar, seria injusto de minha parte. Você fala de mim, mas não te vejo mover um músculo para capturar Mia.

O almirante da frota bufa encarando Mia impaciente.

- Agora estamos quites. Resolva o que tem que resolver e vá embora. Você tem três dias.

- Sabe, Sengoku, até que você é legal. Precisamos ir de novo naquele restaurante de frutos do mar!

- Maldição! Suma logo antes que eu mude de ideia!

Mia acena para Garp e desce para o submarino. Garp acena de volta e olha as bolhas de ar sumirem no mar.

- Ah, estamos mole mesmo. Nunca que iríamos deixar uma cabeça de mais de um bilhão escapar assim, não é, Sengoku? Senkogu?

Sengoku estava longe, lembrando do gosto daqueles camarões agridoces.

- Até que não seria má ideia ir lá novamente...

No submarino Mia explica para Benn o ocorrido e logo começam a planejar.

- Parece que o radar aponta para mais longe, então é pouco provável que esteja na vila Foosha. - Benn dizia enquanto fazia naninha para Shanks. - Vamos para a cidade então?

- Isso, mas antes precisamos fazer algo muito importante!

Algumas horas depois, na cidade, Benn alisa os cabelos grisalhos pra trás e coloca o chapéu fedora na cabeça, seguido dos óculos escuros arredondados.

- Isso realmente é necessário, Mia? - Por causa dos óculos era difícil ver, mas o imediato fazia cara de súplica.

Mia o recebe de boca aberta. O casaco do terno caía sobre os ombros largos do pirata, escondendo a espingarda nas costas. O conjunto todo de um cinza cintilante o vestia muito bem.

- Você está muito bonito, Benn! Agora vamos conseguir nos misturar sem atrair olhares.

Benn observava a amiga e o bebê. Sua expressão facial refletia o que estava pensando. "Tenho certeza que vamos chamar muita atenção", ele pensa. Mia vestia uma saia bem justa com um corte lateral revelando discretamente a coxa. Apesar de estar sem decote, a camisa branca de mangas compridas com pregas marcava bem o busto. O salto fino e alto finalizava o look de modo requintado. Olhou para o bebê nos braços dela e tentou manter o mesmo respeito e não pensar, de maneira alguma, que seu capitão era a criança mais fofa do mundo. Shanks usava um conjunto de marinheiro, o shorts branco com detalhes em azul mostravam suas pernas rechonchudas e ele tentava pegar o laço de cetim, também azul, de seu singelo chapéu.

- Ele ficou uma graça, não ficou? Peguei também algumas roupas maiores pra ele, caso ele cresça demais. Então vamos? Temos que descobrir ainda onde está a estrela.

- Fala a verdade, você está se divertindo, não está? - Benn suspirou enquanto segurava seu chapéu por causa de um vento forte.

- Eu?! Imagina! Estamos em uma missão tão importante, por que eu estaria me divertindo fazendo compras e pensando em disfarces como se fossemos agentes secretos? - Mia dizia ironicamente enquanto seus olhos brilhavam de excitação.

- Pff, sei. - Eles andam lado a lado, mas o imediato percebe a agitação do pequeno. - Hm? O que foi? - Os dois param e olham para onde Shanks estica os bracinhos.

- Dah, dah, oia, boia, bincá.

Era uma loja de brinquedos e na vitrine havia uma bela bola colorida de borracha, além de carrinhos, bonecas e outros brinquedos, alguns de madeira, outros de metal ou plástico. Estava cheia de crianças, que testavam os brinquedos antes de escolher o que iriam levar, acompanhada dos pais e babás.

Os dois adultos se entreolham, em dúvida.

- Acho que um brinquedo não fará mal algum, certo? - Benn pergunta.

Mia concorda com a cabeça e os três resolvem entrar na loja. Assim que colocam os pés lá dentro, Shanks se debate todo querendo ir para o chão. Animado em ver outras crianças, ele simplesmente começa a brincar com alguns ruivinhos perto dali, dando boas gargalhadas, correndo pra lá e pra cá, sempre com muita energia.

Os dois adultos sorriem e ficam felizes, afinal de contas era um contato que o bebê Shanks não teve antes, crianças de sua idade.

Observando despreocupada as prateleiras, Mia encontra um objeto curioso e que trazia lembranças. Era um aparelho com um pequeno microfone que girando o botão era possível escutar várias melodias diferentes. A criança cantava e o aparelho registrava. Benn se aproxima notando o interesse da inventora.

- Isso é novidade, acho que nunca vi um desses quando era criança.

- Bom, ele é particularmente novo. Acho que quando eu criei você já era um pirata e tanto.

O pirata a olhou surpreso. Mia sorriu e mostrou o fundo do brinquedo. Bem ali no meio havia um panda dourado.

- Bom, acho que já está na hora. Vamos comprar um brinquedo pra ele e continuar nossa investigação. Hm? Mia? Cadê o Shanks?

Um momento de alegria e diversão se torna um completo terror. Os dois procuravam entre as crianças o bebê ruivo, talvez escondido entre caixas ou estantes, ou então dentro de carrinhos de outros bebês, mas ele não estava ali, simplesmente sumiu. E essa sensação vai para a lista de traumas de Mia.

Akagami no Baby?! (One Piece x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora