17. Aventura na Ilha Kuraigana

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Já era visível a irritação de Shanks. O jovem de 11 anos cruzava os braços como um adulto revoltado faria, batendo repetidamente o pé esquerdo e batucando o braço com o dedo indicador. Já era a terceira parada que faziam antes de chegar ao destino e sua mente livre de medos não conseguia entender porquê diabos esses dois adultos estavam enrolando tanto.

- Eu já disse, Shanks, é uma peça importante, sem ela não podemos usar o modo submarino do Rainbow Fox. - Mia dizia analisando as peças de metal que lhe foram dispostas na bancada. - Por que não espera com Benn lá fora? - Sorriu e afagou o topo da cabeça ruiva. - Depois que eu terminar a manutenção, tenho certeza que não faremos mais paradas, está bem?

Com tal promessa, Shanks mostrou um sorriso tímido e saiu da loja abarrotada de ferro velho, ficando ao lado do imediato Benn Beckman.

- Ela é teimosa, capitão. Mas não tiro razão dela, quanto melhor for o estado no navio, mais fácil será a viagem.

- Eu sei, eu sei. - Shanks voltou a ficar ligeiramente emburrado, inflando uma das bochechas. - Mas fizemos muitas paradas desnecessárias.

Benn relembrou tal trecho da viagem.

- Mas pelo menos foi rápido e Mia conseguiu o que queria. Hm? - Benn volta sua atenção para uma pequena multidão bem vestida na frente da igreja da cidade. - Parece um casamento.

Shanks também observa e fica animado, esquecendo a razão do mal humor.

- O que é um casamento, Beck? Eles parecem felizes! - O menino perguntou sem tirar os olhos do casal sorridente que passava pela chuva de arroz que seus convidados faziam.

Benn sorri e se agacha, trazendo o menino para sentar na sua perna.

- Eles estão criando laços. Quando você encontra a pessoa certa, você declara o seu amor. O casamento é uma promessa de que você ficará com essa pessoa até o fim de sua vida.

Shanks fica maravilhado com a explicação e os dois ficam em silêncio, apreciando aquele momento e desejando que o novo casal seja feliz. Depois de uma linda chuva de pétalas coloridas e o deslocamento dos convidados para o local da festa, a porta da loja se abre e Mia aparece segurando uma enorme sacola que fazia tilintares a cada movimento.

- O que estão fazendo aí? - Mia sorri ao ver Shanks sentado no colo de Benn.

- Casamentos são bem legais, Mia! - Shanks levanta-se energicamente, com as bochechas levemente coradas. Com suas mãos, segura Benn e Mia puxando-os em direção ao porto. - Eu não vejo a hora de me casar!

Os dois adultos apenas cruzam os olhares, achando graça da atitude do menino.

Ao pôr do sol, Mia aparece no convés do Rainbow Fox enxugando o suor, suja de graxa e carregando um saco de peças velhas. Deixa o saco em um canto e se junta aos dois, que estavam sentados na mureta do navio  observando a cor rosada que o sol deixava no céu naquele breve momento.

- Podemos partir amanhã logo cedo e chegaremos em menos de um dia em Kuraigana. - Mia apoia o cotovelo e sorri com a beleza das nuvens que pareciam ondas fofas.

Shanks abre um largo sorriso, voltando com sua animação costumeira de quando partem para uma nova aventura. Sem grandes acontecimentos, chegam conforme a previsão de Mia na escura ilha. Param o navio a certa distância. Mia observa a densa neblina que cobre parte da ilha, não conseguindo esconder o pequeno pavor que estava sentindo. Benn percebe e tenta acalma-la, chegando ao seu lado.

- Provavelmente "ele" já sabe que estamos por aqui. - Benn diz e acha graça do chacoalhar de ombros e cara amedrontada da inventora. - Mas fique tranquila, ele não lutaria conosco sem uma boa razão. Da última vez que ele nos encontrou, não houve batalha alguma.

- Eu não ligo para o Olhos de Gavião, Benn. Minha preocupação são os habitantes naturais dessa ilha.

Benn a olha curioso.

- Você já veio pra cá antes então?

Mia assente com a cabeça relembrando aquele dia trágico.

- Viemos para cá porque um dos pesquisadores estava estudando os animais lutadores. Depois de passar em Alabasta para fazer os registros dos kung-fu dugongos e os lapahns na ilha Drum, o cientista estava animado para ver com os próprios olhos os humandrills.

Benn levantou as sobrancelhas, sem acreditar muito como meros cientista poderiam se arriscar tanto pelas suas pesquisas.

- E então, ele conseguiu?

- Oh, sim... - Mia se treme toda. - Fugimos deles por três dias até uma equipe de resgate vir nos salvar. Os humandrills eram tão inteligentes que fecharam o caminho para o porto, nos fazendo correr em círculos apenas por mero divertimento. Depois desse dia o pesquisador resolveu trocar seu tema de pesquisa... Flores... - Mia suspira e Benn disfarça uma risada, impressionado que uma equipe sem poder de luta conseguiu escapar daqueles macacos maníacos por batalha.

Atracaram na praia e os três desceram carregando mochilas. Logo a frente, uma floresta de árvores retorcidas e pontudas se estendia, a névoa se intensificou, deixando o ar pesado e misterioso. Shanks era o mais animado ali, não sendo intimidado pelo clima assustador e depressivo que a ilha passava. Apoiava a mão direita na bainha da espada e com a outra, segurava um galho seco que encontrou na areia. Cutucava pedras, troncos e tudo que encontrava, sem tirar o sorriso alegre do rosto. Já Mia estava encolhida, mais próxima de Benn. Não era tão covarde assim, mas ali seria um cenário perfeito para as histórias de terror que Ivy e Amy adoravam contar. A inventora odiava admitir, morria de medo de assombração e coisas do gênero.

CRECK!

- AHHHH! - Mia deu um grito estridente e se escondeu atrás de Benn, que mal conseguia conter a risada.

- Não acredito que uma pessoa crescida e estudiosa como você, está tão assustada. - Benn andava tranquilamente pelo caminho de terra batida, as mãos no bolso e o cigarro apagado na boca. - Se aparecer alguma coisa, o capitão te salva, não é mesmo?

O menino vira-se para os dois adultos, com um largo sorriso.

- É, Mia, fica tranquila, eu vou... - Shanks interrompe sua fala, fitando o olhar para um ponto logo atrás do ombro de Mia. Jogou a cabeça para o lado, tentando entender o que era aquela estranha forma branca e meio transparente que pairava no ar. A inventora percebeu a distração do garoto e virou a cabeça para trás, não vendo nada.

- Você tá de brincadeira comigo, Shanks? - Mia frisou as sobrancelhas, fazendo um biquinho para o menino.

- O que? - Shanks arregalou os olhos porque a coisa branca sumiu e reapareceu assim que Mia virou-se para frente. - Não! É sério! Tem alguma coisa atrás de você, Mia!

Benn também se vira, não vendo nada, mas alguns movimentos rápidos entre as árvores chama sua atenção.

- Fantasma ou não, temos companhia. Fiquem juntos e...

Tudo aconteceu muito, mas muito rápido mesmo.

Uma forma branca que flutuava no ar apareceu bem na frente de Mia, que gritou e saiu correndo para a esquerda. O fantasma a perseguiu, se multiplicando cada vez que ela o atingia com suas adagas.

Ao mesmo tempo que uma sombra bípede chegou perto de Shanks e o capturou, se refugiando pelo lado direito da floresta.

- ... tudo ficará bem.

Benn terminou a frase sozinho ali no caminho e depois de alguns segundos percebendo o que aconteceu, bateu forte na testa com a palma da mão.

Akagami no Baby?! (One Piece x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora