03. Susto

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- Ei, Mia, falta muito para você terminar a pesquisa?

- Benn, já é a quinta vez que você aparece nesse quarto perguntando isso!

- Na verdade, essa é a primeira vez que venho aqui...

- Ah... - Mia encosta na cadeira largando os braços e observa o teto. - Desculpa... Não está fácil decodificar esse diário, nunca vi alguém ser tão cuidadoso com suas anotações.

- Ou paranóico. - Completou o imediato. - Eu só queria saber se está tudo bem, não sai do quarto faz três dias. E também tem outra coisa...

- É o bebê? - Benn faz que sim com a cabeça. - Eu já disse que não sei como lidar com eles.

- Talvez a sua presença faça ele mais feliz. Nós temos cuidado dele, mas não adianta, ele acaba ficando triste depois de alguns minutos.

- Você acha que vou conseguir? Não sei como bebês funcionam. Tem o manual de instrução ai? - Mia brincou, mas com uma certa seriedade.

- Vem. - Benn faz um sinal com a cabeça para Mia o acompanhar. - Não é nenhum bicho de sete cabeças, você vai conseguir. Ou pelo menos pensar em alguma invenção que dê um jeito.

Mia acompanha o imediato, ainda receosa de como lidar com a situação. Tinha um medo inexplicável de bebês, já que eram tão frágeis quanto uma folha de vidro e não sabiam usar haki para se protegerem. Enfim, Mia temia quebrar o bebê e não poder consertar.

No convés, a lua minguante brilhava no céu repleto de estrelas. A temperatura estava agradável e o cheiro do mar era revigorante para alguém que mal havia saído para ver a luz do sol nos últimos dias.

- Oh, Mia! Que bom ver você! - Yasopp acenava enquanto segurava o bebê ruivo no colo, tentando fazer ele dormir. - É sempre tão difícil fazer o capitão dormir. Ele tem energia de sobra!

- Você é bom nisso, Yasopp.

- Bom, cuidei muito do Usopp antes de aceitar ser um pirata. - O atirador sorria orgulhoso, lembrando-se do filho. - Por que você não tenta, Mia?

A inventora sentou-se ao lado de Yasopp, que colocou gentilmente o bebê no colo dela, dando instruções de como segura-lo.

- Isso, agora passa o outro braço por trás do pescoço, não deixa a cabeça pender. Pelo tamanho, o capitão não deve estar nem com um ano de idade. Encaixa a outra mão por baixo, assim vai poder balançar ele. Viu, não é tão difícil, pára de fazer essa cara de assustada! - Yasopp gargalhava, mas sentiu Benn o puxar para que ficasse quieto.

Nos braços de Mia, o pequeno Shanks já dormia, sentindo a exaustão tomar seu corpo. O medo que Mia sentia foi evaporando enquanto observava as bochechas rosadas e o leve sorriso de quem se divertiu pra caramba durante o dia. Se aconchegou um pouco melhor para ficar mais próxima do bebê, encostando sua testa na dele.

- Vamos dar um jeito nisso, Shanks.

Os piratas fizeram um berço improvisado e deixavam em um dos quartos dos homens, onde sempre havia alguém caso Shanks começasse a chorar. Mia dedicava a parte da manhã para sua pesquisa e o restante para auxiliar seus companheiros, tanto em atividades para manter o navio, quanto em cuidar do bebê.

Depois de uma longa tempestade, finalmente os raios de sol passavam pelas nuvens cinzas, permitindo que todos ali respirassem aliviados por estarem vivos. Acima das nuvens, silhuetas de pássaros cobriam vez ou outra o sol, projetando sombras no chão do navio. Mia e os piratas descansavam no convés, Benn e Yasopp estavam tentando ensinar Shanks a andar.

- Isso, capitão, um pé de cada vez! Estou te segurando, mais um passo! - Yasopp ia dando pequenos passos para trás enquanto segurava as mãozinhas rechonchudas.

- Da.. uh.. gu.. - O pequeno Shanks tropeça e cai de barriga no chão, batendo o queixo. Demorou alguns segundos até começar a chorar. - Uh.... Buaaaaaaaaaaaah!

Todos ali entraram em pânico, mas Benn conseguiu manter a calma e levantar o bebê para ficar sentado. O sangue pingava de um pequeno corte no queixo.

- Cuidem dele, vou pegar o kit de primeiros-socorros. - Benn correu para dentro do navio.

Enquanto isso Mia e os outros piratas ficaram tão preocupados que mal perceberam a aproximação de um pássaro enorme. Sua sombra ia aumentando cada vez mais sob o bebê, que chorava sem parar. O mergulho foi certeiro, o Pelicano Rei colocou o bebê todo no bico e segundos depois saiu dali. Todos olhavam com a boca aberta e os olhos arregalados.

Benn havia chegado e olhou para a direção que os outros olhavam, entendendo rapidamente a situação.

- O que estão esperando, idiotas? Vamos, se mexam! Vocês, manobrem o navio naquela direção. Yasopp!

- Pode deixar! - O atirador respirou fundo e soltou o ar lentamente. Apertou o gatilho e acertou a asa do pássaro.

- Lucky, me arremessa! - Mia pediu e logo foi atendida. Estava indo na direção certa, mas os avisos no navio a alertaram, outros pelicanos haviam surgido para vingar seu rei. Abraçou o bebê, que se divertia com toda a situação, porém os pássaros tentavam a todo custo ter de volta a presa do pássaro líder bicando Mia com seus bicos irritantes. Tomando cuidado para não atingir Shanks, Mia usa seu Haoshoku haki e todas as aves caem inconscientes no mar. Shanks, no entanto, se assusta com a intimidação de Mia e começa a chorar. Os dois caem no mar, mas a inventora sobe para a superfície o mais rápido que pode, levantando Shanks sobre sua cabeça para mostrar aos amigos que estavam bem. - Eiii, venham logo! Estamos aqui! Está tudo...

Os piratas do Ruivo estavam apavorados com a situação, os olhos arregalados seriam cômicos se não fosse tão grave. Um Rei dos Mares havia fechado a boca e engolido todos, pelicanos, inventora e bebê.

Algumas horas depois, os dois são resgatados e descansam no navio. O bebê, porém, só quer saber do colo de Yasopp.

- Vamos lá, você não quer ficar com a tia Mia? - O atirador estendeu Shanks na direção da mulher, mas se afastou porque o pequeno abriu o maior berreiro.

- Viu? Eu quebrei o bebê, Benn... Agora ele me odeia... - Mia dizia cabisbaixa, agachada em um canto enquanto fazia círculos no chão.

- Ei, calma lá! Ele só está assustado. Ei, Mia!

Benn suspira coçando a nuca. "A nossa vida já foi mais simples.", ele pensou.

Akagami no Baby?! (One Piece x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora