Após Ava atravessar o portal para tentar sobreviver, Beatrice se despede da OEC, para tentar fazer com que o último desejo de seu amor fosse respeitado.
Era tarde quando Beatrice se despediu das irmãs da ordem, subiu na moto que pertencia a Mary e se perdeu naquela paisagem, com uma única cena em sua mente: Ava a beijando, enquanto ela permanecia incrédula sobre o que acabara de acontecer. Aquela cena não saia da sua mente. Beatrice não entendia em que momento os sentimentos de Ava por ela surgiram, e como ela não percebeu a reciprocidade de sentimentos.
E se ela tivesse percebido? E se ela tivesse tido coragem de se declarar antes de tudo, mesmo com medo? E se ela tivesse conseguido colocar a coroa na cabeça de Ava e a impedido de se sacrificar? E se?... Meu Deus, como aquilo a fazia sofrer. Ela só queria poder ter vivido aquele amor.
Naquele momento, após algumas horas pilotando, os pensamentos e as lembranças na cabeça de Beatrice eram os mesmos. Lembranças de momentos tão rápidos, tão inesquecíveis, tão dolorosos. Era impossível conter as lágrimas. O vento que balançava os cabelos de Beatrice enquanto ela pilotava, também era responsável por secar suas lágrimas que caiam a todo momento durante aquela viagem, sem a menor ideia de para onde iria. Ela só não poderia permanecer ali. Não naquele lugar que por muito tempo serviu como forma de a reprimir e que fez com que ela, mais uma vez, tivesse medo de ser ela mesma, já que tinha feito seus votos e não poderia assumir seus sentimentos por Ava.
Já era quase noite quando Beatrice chegou a um hotelzinho em uma cidade pequena, cerca de 4 horas do convento onde as freiras continuavam treinando para a Guerra Santa que se aproximava.
Beatrice parou a moto no estacionamento do hotel, retirou o capacete (seus cabelos escorreram por seus ombros e costas), olhou no espelho do retrovisor, limpou o rosto com as mangas da jaqueta de couro que estava vestida, respirou fundo e foi até a recepção do lugar.
-Beatrice: Boa noite! Gostaria de um quarto, com varanda, por favor.
-Recepcionista: Boa noite! A pernoite custa 120 dólares. Qual a forma de pagamento?
-Beatrice: Será em espécie.
Naquele momento, veio a mente de Beatrice a possível piada que Ava faria ao vê-la fazendo aquele pagamento em dinheiro. Provavelmente a Ava perguntaria novamente se ela tem 70 anos, já que não usava cartão de crédito. Ela soltou um leve sorrisinho, um misto de saudade e tristeza por não estar vivendo aquilo que acabara de imaginar.
-Recepcionista: Perdão! Falou alguma coisa?
-Beatrice: Não. Só lembrei de algo que gostaria de estar vivendo.
A recepcionista lhe entregou a chave de seu quarto. Beatrice subiu, abriu a porta e olhou para aquele lugar vazio. O quarto em nada lembrava aquele que ela dormia com Ava nos Alpes. Principalmente porque ela não tinha a perspectiva de que Ava pudesse chegar a qualquer momento, como sempre acontecia enquanto estavam na Suiça. Ela suspirou e falou em voz alta:
- E agora, Ava? O que eu faço?
Demorou alguns segundos em pé, conferindo todos os cantos daquele quarto, colocou sua mochila com poucas roupas em cima da cama e foi até o banheiro preparar o chuveiro para tomar um banho. A água estava quente, como Bea estava precisando que fosse.
Apesar de não ter comido nada durante aquele dia, Beatrice não sentia fome. Sabia que tinha que comer, mas não tinha vontade. Em cima da mesinha de cabeceira ela notou que havia o cardápio do hotel. Folheou rapidamente, chegando até a parte das bebidas. Lá estava o drinque de limão. Passou alguns segundos olhando aquela página, lembrando da primeira vez que tomou drinque de limão.
Beatrice pegou o telefone e discou o número da cozinha do hotel.
-Beatrice: Boa noite! Pode por gentileza me mandar 4 drinks de limão?
-Atendente: Sim, senhora. Em 20 minutos estará no seu quarto.
Beatrice agradeceu, desligou o telefone, pegou um livro que estava lendo havia um bom tempo, sentou-se na varanda do quarto e começou a ler.
20 minutos se passaram, Beatrice não leu uma página sequer. Seus pensamentos, suas lembranças a estavam consumindo. Ela não sabia o que fazer, pra onde ir... Apesar de todas as tristezas que já havia vivido, nenhuma se comparava ao que estava sentindo agora. Não tinha mais controle sobre seus pensamentos, suas lágrimas.
Ouviu duas batidinhas na porta. Eram seus drinques que estavam chegando. Abriu a porta, pegou seu pedido e voltou a varanda. Colocou os quatro copos em cima da mesa, olhou-os e disse:
- Um shot gigante para a santidade.
Virou um copo na boca. Respirou, virou mais um.
Pensou alto:
-Por que você não está aqui comigo, Ava?
Seu telefone tocou. Ela olhou na tela. Era Camilla. Resolveu não atender. Ao finalizar a chamada, observou que já era a segunda chamada.
- Beatrice: Desculpa, Camilla, mas eu não posso voltar.
Tomou os outros dois drinques de limão, levantou da cadeira que estava na varanda, pegou seu celular, deitou na cama e abriu sua galeria de fotos e começou a ver fotos dela com Ava. Era a única coisa que lhe restara. Passaram-se algumas horas e finalmente ela adormeceu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Avatrice - A devoradora de mundos
Fiksi PenggemarApós a luta entre Ava e Adriel, que culminou na morte do anjo rebelde e nos ferimentos mortais da portadora do halo que foi obrigada a atravessar o portal para tentar sobreviver, Beatrice tenta seguir a vida após perder sua amada, enquanto espera o...