Fuja, Beatrice! Proteja seu amor!

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O dia já havia amanhecido. Ava e Beatrice já tinham tomado aquele belo café da manhã na cama e já estavam prontas para ir ao aeroporto embarcar para o novo local da viagem quando o telefone de Beatrice tocou. Era Camilla. Ava e Beatrice se posicionam a frente do celular. Era uma chamada de vídeo.

Beatrice: Olá, Cami, bom dia!

Ava: bom dia, Camilinha. Estamos indo para o aeroporto. O nordeste brasileiro nos espera!

Beatrice percebeu a expressão séria e ao mesmo tempo sem graça que Camilla expressava.

Bea: o que houve, Camilla?

Ava percebe que o momento não é para piadas e brincadeiras. Desde que começou a conviver com as meninas, Ava tinha amadurecido muito e já sabia interpretar olhares e feições.

Ava: fala, Camilla. Aconteceu alguma coisa?

Camilla: aconteceu. Aconteceu sim. A Devoradora de mundos... Ela apareceu.

Beatrice: onde? Vocês estão bem?

Camilla: nós estamos bem. Nem todas! Mas a maioria de nós escapou.

Beatrice: escaparam? Vocês entraram em combate? Por que não nos avisaram?

Camilla: foi muito rápido. Ela só apareceu aqui e... Enfim, vocês precisam voltar. Infelizmente a viagem de vocês não vai poder se completar.

Ava: nós estamos indo, Camilla. Já estamos com tudo pronto. Vamos ao aeroporto comprar passagens e...

Camila interrompe Ava: não precisa comprar passagens. A Jillian fretou um jatinho particular. Vocês precisam embarcar em meia hora. Mandarei a localização e demais informações pra vocês no celular.

Camilla desliga e envia as informações. Beatrice segura o celular com as duas mãos e senta na cama, com uma expressão de tristeza enquanto Ava arrasta as malas para perto da porta.

Ava: Bea, vamos, precisamos ir.

Beatrice estava chorando. Ela tinha percebido que aquele momento que ela tanto esperou pra viver estava chegando ao fim e ela não sabia o que aconteceria dali por diante.

Bea: eu acho que não posso. Eu não consigo.  Eu não posso sair daqui e te levar pra morte. Não de novo.

Ava se aproxima de Beatrice, se apoia em suas coxas, ficando de joelhos aos seus pés, olhando em seus olhos. Beatrice chorava copiosamente, enquanto Ava secava suas lágrimas.

Ava: Bea, eu não vou morrer. Isso não vai acontecer, tá me ouvindo? Eu não vou a lugar nenhum. Mas eu não posso fugir. Eu não posso deixar as pessoas morrerem por eu ser covarde.

Bea: lutar pela própria vida não é ser covarde, Ava.

Ava: nem tudo é sobre mim, Bea. Não é só a minha vida que está em jogo. A sua, a da Madre, Camilla, Yasmin, meu pai, seus pais...  Todas as pessoas desse mundo dependem de mim. E eles perdem para nós duas juntas. Eles sempre perdem.

Beatrice percebe que não há nada que ela diga que possa fazer com que Ava mude de ideia, então Beatrice levanta da cama, segura nas mãos de Ava e sai em silêncio absoluto. Infelizmente as coisas que passam pela cabeça de Beatrice sempre acabam com Ava longe dela, o que a faz sofrer como sofrera quando Ava se foi para dentro do arco

...

No Uber, a caminho do local de decolagem, Beatrice permaneceu em silêncio. Ava tocou suas mãos, fazendo carinho, mas Beatrice continua a a chorar de forma silenciosa.

Chegando ao local, elas desceram do carro, entregaram as malas para que pudessem ser colocadas no jatinho e entraram nele.

Dentro do jato Ava abraçou Beatrice.

Ava: Bea, meu amor, por favor. Não fica assim. Eu vou precisar de você. Com você eu consigo, eu sei que consigo. Mas eu preciso que você seja forte e esteja comigo.

Beatrice seca as lágrimas rapidamente.

Bea: está bem, Ava. Eu vou estar ao seu lado, como prometi que sempre estaria. E nós vamos vencer mais essa. Nós vencemos, né? Nós vencemos o Adriel e você está aqui. Agora não vai ser diferente.

Ava sorri para Beatrice. Um sorriso esperançoso. Ava sabe o quanto será perigoso essa nova guerra, mas também sabe que não pode desistir. Sua melhor e maior arma é a coragem e suas irmãs.

Ava: bom, enquanto a gente não chega, podemos aproveitar esse jatinho. Que tal vermos um filme?

Bea: tudo bem.

Ava coloca uma comédia romântica para assistirem durante o vôo. As duas se deitam e assistem agarradinhas. Em meia hora Beatrice havia dormido. Isso geralmente não acontecia. Até os filmes Beatrice levava a sério. Ava percebendo que Beatrice estava dormindo, pausou o filme, arrumou o travesseiro de Beatrice e a deixou em hma posição mais confortável. Ava estava de frente para Beatrice e a observava dormir.

Agora foi a vez de Ava desmoronar. Apesar de ter esperanças de vencer a guerra, Ava sabia que também existia a possibilidade de não dar certo. Ela poderia sim morrer, mas não podia deixar que Beatrice soubesse que ela também temia isso. Ava se colocou ali e ali ficou por vários minutos, até que finalmente também adormeceu.

Muitas horas se passaram até que finalmente foram avisadas pelo piloto reserva que o jato pousaria em meia hora.

Quando o jato pousasse elas ainda teriam que pegar um Uber até o convento. Chegariam lá por volta das 16:00h.  E assim foi feito.

Chegando ao convento, Beatrice e Ava perceberam que as irmãs estavam prontas para um momento fúnebre. Elas conseguiram avistar as pessoas mais próximas, pelo menos aquelas não tinham sido mortas.

Ava engoliu seco o choro. Abraçou as irmãs sobreviventes e foram até o local onde os corpos seriam enterrados, após uma cerimônia ministrada por Padre Vincent.

O ambiente era de uma tristeza desoladora. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo sendo que em menos de 24 horas Ava estava vivendo um dos melhores dias de sua vida ao lado de Beatrice. Não era possível que aquela tragédia estivesse acontecendo. Ava acreditava que teria mais tempo.

Após o fim da cerimônia, as irmãs estavam voltando para o convento quando Yasmin segura no braço de Beatrice e diz:

-Fuja, Beatrice! Leve Ava para o mais longe que você puder. Troquem de nome, mudem os cabelos, façam qualquer coisa, mas proteja seu amor.

Ava olha para Yasmin com os olhos cheios de lágrimas e uma expressão de tristeza, enquanto Beatrice a observa apavorada.

Yasmin: eu estou dizendo, Bea. Você não merece passar por isso de novo. Ava não merece morrer. FUJAM! FUJAM! VAO AGORA!

Yasmin grita de forma copiosa, quando é interrompida por Ava:

- Yasmin, eu não vou morrer! Isso não vai acontecer.

Yasmin: nem você acredita nisso, Ava. Da pra ver o medo em seus olhos.

Beatrice abraça Yasmin, tentando parecer forte.

Bea: nós vamos lutar e vamos vencer, Yasmin, eu acredito nisso.

Beatrice sabia que aquilo que saira de sua boca não era verdade. Não era naquilo que ela acreditava, mas já estava aflita demais pra dizer algo que a fosse deixar pior.

Camilla: Eu sei que você está com medo, Yasmin, mas a morte não é o fim da vida. E ninguém aqui vai morrer. Não mais! Nós temos nossa arma mais poderosa, Ava. E ela não vai morrer.

Avatrice - A devoradora de mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora