33.Amores e Flores

1.6K 128 36
                                    


— E deu certo? — Luíza perguntou do outro lado da linha, enquanto eu mesma fazia a minha maquiagem.

— Sim — ri sozinha, lembrando dos momentos que tive com Marília em seu escritório ontem — Eu fui no banheiro antes de passar na sala dela, tirei minha lingerie, e ainda deixei uma surpresa pra sua amiga.

— Surpresa? — agora é a voz de Lari que soa meio confusa no fundo, eu sabia que estava no viva voz e eu sabia que a morena estava ali, por isso não me surpreendi com sua voz.

— Vamos dizer que, a amiga de vocês terá uma bela surpresa quando abrir a gaveta e encontrar meu sutiã e minha calcinha lá. Ainda deixei um bilhetinho — Luíza ri alto.

— Jesus Cristo! — a voz da minha mãe, com seu sotaque espanhol forte interrompe as risadas das meninas — Carla Maraisa , eu não criei filha pra ser safada assim, não — mamãe vem em minha direção, me dando um tapa que me fez quase borrar o delineado que eu já passava.

Já não tinha talento com delineador, minha mãe também não me ajudava.

— Eu não sou safada — me defendi — Só tenho maneiras diferentes de demonstrar para a minha namorada o quanto eu amo ela.

— Okay... Essa foi boa, vou usar — Luíza, que até então ouvia minha mãe brigando comigo, diz — Isa, temos que ir. Lari é a oradora, precisa chegar lá mais cedo.

— Tudo bem, vejo vocês em alguns minutos — esperei que Luíza desligasse a ligação, e quando eu termino os toques finais da maquiagem, vou até o celular, o pegando.

— Eu tenho que conhecer essa sua namorada, você namora há quase quatro meses e eu ainda não a vi — minha mãe murmurou, ajeitando o próprio vestido.

— Eu também quero bater um papinho com ela — levei um susto com a voz do meu irmão no batente da porta.

Quase minha família inteira tinha vindo para a Califórnia para a minha formatura. Minha mãe, meu pai, meus irmãos. Só faltou meus avós, que infelizmente não puderam vir.

— Vocês não vão assustar minha namorada. A Marília é tímida, não façam perguntas que possam constrangê-la — os alertei, ouvindo uma risada fraca do meu irmão.

— Nada a respeito de ela ser trans, então? — Diego perguntou.

— Ela não é trans, Diego. É intersexual. Vá pesquisar mais, idiota.

— Ei! — mamãe interrompeu nossa possível discussão — Diego, nada de falar sobre a genitália da namorada da sua irmã, ninguém fala do seu pau quando te conhece. Maraisa, seja mais paciente com seu irmão.

— Eu só fiquei curioso — ele disse, levantando as mãos em rendição — É estranho pensar que você pode engravidar namorando uma mulher.

— Pode, mas não vai. Não é, Maraisa? — mamãe arqueia as sobrancelhas, me fazendo assentir quase de imediato.

— Sem bebês por aqui. Nada de gravidez por enquanto — passei por minha mãe, indo para a sala — Diferente do Diego, que quase engravidou a Tina com uma semana de namoro.

Não perco a oportunidade de alfinetar meu irmão, que me lança um dedo do meio.

— Por que eu fui nascer na mesma placenta que essa garota? — meu irmão passa a mão no rosto.

— Eu sinto sua dor, Diego — revidei.
Antes que meu irmão pudesse continuar, senti meu celular tocar e sorri ao ler o nome de Marília na tela.

— Ela chegou! Se lembrem. Sejam educados, não façam perguntas constrangedoras. Cadê o papai? E os gêmeos? — perguntei franzindo o cenho.

Por que não? •Marília Mendonça • |G!p| ♻️Onde histórias criam vida. Descubra agora