Prólogo

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- Guarde isso.

Olhei interrogativamente para o homem a minha frente, com uma pergunta no olhar. Mas não discuti, guardando a vassoura que eu segurava atrás da porta.

- Desde quando você deixa a limpeza de lado, Halt? - Eu perguntei. Eu conhecia bem os hábitos do velho arqueiro, e manter a cabana meticulosamente limpa era um deles. 

- Ah, não precisamos nos preocupar com isso hoje. - Ele disse, com um sorriso satisfeito. Ele se sentou em uma das poltronas frente a lareira, com um copo na mão. O cheiro do café me atingiu, e eu fui até a pequena bancada da cozinha ao lado para encher outro copo.

- E posso perguntar porquê? - Eu disse, mesmo sabendo que ele ia me contar de qualquer forma. 

- Vou ter um novo aprendiz. - Ele disse apenas, como se aquela única frase respondesse minha pergunta.

E na verdade, respondia. Tendo sido eu mesma aprendiz de Halt, sabia muito bem sobre como ele iniciava o treinamento com novos pupilos. Me sentei na poltrona ao lado dele, fazendo uma cara de falsa preocupação.

- E quem é o pobre coitado?

O arqueiro me lançou um olhar carrancudo, enquanto tomava outro gole de café. Ele era completamente viciado na bebida, e para falar a verdade, eu tinha pegado esse costume dele.

- O garoto Will. - Ele disse, ignorando minha piada.

- Will? - Eu repeti, procurando o nome em minha memória - É um dos protegidos de Arald, não é? Aquele bem pequeno. - Eu acrescentei, pensativa - Ele têm talento. Já o vi escalando antes, e ele é incrivelmente rápido. - Eu completei com um sorriso.

Will na verdade era um garoto muito doce, apesar de um tanto inclinado a se meter em encrencas. Era o único dos protegidos do castelo cujos pais são desconhecidos. Ele fora deixado na porta do castelo um dia, e o barão Arald, que governa em nosso feudo, o acolhera. Já tinha visto o garoto entrando em conflitos com um dos outros protegidos, e tinha me surpreendido com sua agilidade em fugir do garoto maior.

- Sim, ele têm um talento natural. - Halt disse - Mas não quero que ele saiba. - Ele completou, com um olhar significativo. - Não quero que fique esnobe.

- Ele não parece ser do tipo. - Eu disse, tomando um gole de café - Mas não vou falar nada, é claro. Vai ser interessante assistir de fora, depois de todo esse tempo.

Eu sorri. Faziam apenas duas semanas que eu voltara para o feudo Redmont, depois de alguns anos trabalhando como arqueira no feudo Meric junto com Gilan, que foi aprendiz de Halt junto comigo. Por Meric ser um feudo normalmente calmo e pacífico, nosso líder tinha decidido que seria melhor ter um arqueiro reserva em Redmont. Não reclamei da decisão, afinal Redmont sempre foi meu verdadeiro lar, e eu gostava muito de Halt.

O arqueiro olhou para mim, abrindo um de seus raros sorrisos.

- Bem vinda de volta, Ayla.

A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀Onde histórias criam vida. Descubra agora