Não haviam respostas a serem encontradas em Pordellath. Examinando a vila, encontramos os mesmos sinais de partida repentina que tínhamos visto no posto da fronteira. Havia indícios de que algumas pessoas tinham feito as malas apressadamente, mas na maioria das casas quase todos os bens dos ocupantes ainda estavam no lugar. Tudo indicava que a população tinha partido às pressas levando o que podia carregar nas costas e um pouco mais. Ferramentas, utensílios, roupas, móveis e outros itens pessoais foram deixados para trás. Mas não haviam pistas do motivo da partida.

Quando começou a escurecer, finalmente decidimos que era hora de pôr fim a busca, e encontrar um lugar para passar a noite. Nós voltamos à casa do riadhah, onde tiramos as selas dos cavalos e os escovamos no abrigo de uma pequena varanda em frente ao edifício.

Passamos uma noite intranquila. Eu podia perceber o nervosismo que pairava sobre Will e Horace, enquanto minhas preocupações maiores eram sobre o que poderia ter causado a partida tão repentina dos cidadãos da vila. Eu sabia que Gilan também estava inquieto com a situação, mas nós dois tratamos de manter uma fachada calma, para não preocupar Will e Horace.

Pegamos a estrada nas primeiras horas da manhã seguinte. Tinha chovido durante a noite, mas a chuva parou ao amanhecer, e agora nosso objetivo era chegar rapidamente a Gwyntaleth, a primeira cidade grande em nossa rota. Esperávamos que lá finalmente conseguíssemos algumas respostas para nossas perguntas.

Com cuidado, nós descemos a trilha sinuosa e irregular que saía da vila, mas quando chegamos à estrada principal, fizemos os cavalos galoparem por cerca de vinte minutos. Depois, avançamos em um passo mais lento pelos próximos vinte, mantendo esse ritmo alternado e constante durante toda a manhã.

Fizemos uma refeição rápida ao meio-dia antes de continuarmos. Estávamos agora na principal área de mineração de Céltica e tínhamos passado por pelo menos umas 12 minas de carvão ou ferro: grandes buracos negros abertos nas laterais das colinas e das montanhas e cercados por escoras de madeira e por edifícios de pedra. Mas em nenhum lugar vimos sinal de vida. Era como se os habitantes de Céltica simplesmente tivessem desaparecido da face da Terra.

- Eles podem ter desertado do posto da fronteira e até dos vilarejos - Gilan murmurou em determinado momento, quase para si mesmo - mas nunca conheci um celta que abandonaria uma mina enquanto restasse um grama de metal para ser extraído.

Finalmente, no final da tarde, chegamos até o topo de uma montanha. No vale que se estendia abaixo de nós, vimos as fileiras bem ordenadas de telhados de pedra que formavam o condado de Gwyntaleth. Uma pequena torre no centro da cidade indicava um templo. Os celtas seguiam uma religião única e particular que venerava os deuses do fogo e do ferro. Uma torre maior formava o principal ponto de defesa da cidade.

Estávamos longe demais para ver qualquer sinal de movimento na cidade, mas não havia sinal de fumaça nas chaminés, e o que eu e Gilan consideramos mais importante, não havia sinal de barulho.

- Barulho? - Horace perguntou - Que tipo de barulho?

- Batidas, marteladas, tinidos - eu expliquei brevemente. - Lembre que os celtas extraem o minério de ferro e também forjam ele. Com a brisa soprando do sudeste como acontece agora, deveríamos ouvir as ferrarias em funcionamento, mesmo a esta distância.

- Bom, então vamos dar uma olhada - Will disse, começando a impelir Puxão para frente.

- Acho que talvez seja melhor eu e Ayla irmos na frente - Gilan disse, impedindo Will.

- Sozinhos? - Will perguntou, e Gilan assentiu.

- Ontem você percebeu que ficamos bem visíveis quando entramos em Pordellath. Talvez seja a hora de sermos um pouco mais cuidadosos. Alguma coisa está acontecendo, e eu gostaria de saber o que é.

A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀Onde histórias criam vida. Descubra agora