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Nós cavalgávamos lentamente sob a luz que diminuía aos poucos, seguindo a pista do porco selvagem. 

Apesar da pouca luz, não tínhamos nenhum problema com o trabalho. O animal era realmente enorme, e parecia estar muito furioso. Suas pegadas eram grandes e fundas, fáceis de se perseguir até mesmo no escuro. E mesmo que não houvesse a neve, teria sido fácil seguir o rastro do animal. Ele tinha deixado um caminho de destruição atrás de si, atacando árvores e arbustos com suas presas, e nos dando pistas inconfundíveis.

- Halt? - Will perguntou, quebrando o silêncio.

- Hum. - o arqueiro resmungou sua clássica resposta, parecendo distraído.

- Porque incomodar o barão? Não podemos simplesmente matar o porco com nossas flechas?

Eu sorri, e Halt pareceu notar minha expressão.

- Acho que vou deixar essa resposta para Ayla. - ele disse. Will se virou para mim, esperando uma resposta.

- Bom, ele é um animal muito grande. Poderíamos atirar mais de seis flechas, e ele ainda demoraria a morrer. Por ele ser muito rápido, é sempre melhor se garantir.

- E como fazemos isso?

- Bem, primeiro precisamos de cães - Halt respondeu - Esse é outro motivo pelo qual não podemos simplesmente acabar com ele com nossos arcos. Quando o encontrarmos, provavelmente terá entrado no bosque ou se escondido no meio de arbustos densos e não poderemos chegar perto dele. Os cães vão fazer que ele saia, e vamos ter um círculo de homens ao redor da toca com lanças especiais para porcos selvagens.

- E vão atirar as lanças nele? - o aprendiz perguntou.

- Não se usarem a cabeça. A lança para porcos selvagens tem mais de 2 metros de comprimento, uma lâmina de dois gumes e uma cruzeta atrás da lâmina. A ideia é fazer o animal atacar o lanceiro. Ele então enterra a base da lança na terra e deixa o porco correr por cima dela. A cruzeta impede o animal de correr por cima do cabo e atingir o lanceiro.

- Isso parece perigoso. - Will comentou, e eu assenti.

- E é. - eu disse - Mas homens como o barão, sir Rodney e os outros cavaleiros adoram isso. Eles não perderiam a oportunidade de caçar um porco selvagem por nada neste mundo.

- E vocês? - Will perguntou - Também vão usar lanças para o porco selvagem?

- Nós vamos ficar sentados bem aqui, em cima de nossos cavalos. E você vai estar montado no Puxão, no caso de o porco selvagem atravessar o círculo de homens à sua volta. Ou no caso de ele ser ferido e escapar.

- O que vamos fazer se isso acontecer? - Will perguntou.

- Vamos derrubá-lo antes que ele fuja outra vez - o arqueiro disse - E então vamos matar ele com nossos arcos.

...

- Ayla? - Will começou - Posso fazer uma pergunta?

Já era noite. Tínhamos conseguido encontrar a localização do porco selvagem, e nos reuniríamos aos guerreiros amanhã. Eu estava conversando com Will em seu quarto como normalmente fazíamos. Eu percebi que ele estava reunindo coragem para fazer a pergunta.

Eu suspirei.

- Acho que eu já esperava por essa pergunta - eu sorri levemente, e abaixei a gola da minha blusa para que Will pudesse ver as cicatrizes - Quer saber sobre isso, não é?

- Sim - Will admitiu, parecendo não saber ao certo se a pergunta era rude. Mas então, percebendo que agora não havia como voltar atrás, ele continuou - Foi em uma batalha?

A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀Onde histórias criam vida. Descubra agora