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Era o dia seguinte. Depois de uma noite não tão confortável passada na casa do Velho Bob, finalmente Halt decidiu que era hora de Will tentar montar em Puxão.

- Leve-o para dar uma volta - O arqueiro sugeriu. Seu olhar era inexpressivo, mas eu sabia exatamente o que estava por vir. E não tinha a menor intenção de contar para Will, afinal, eu já tinha tido a minha vez, e era bom ver outra pessoa passar pelo mesmo para variar.

- Vamos, garoto - Will disse, olhando para o cavalo enquanto puxava os arreios.

Puxão fincou as pernas no chão, recusando-se a mover. Will tentou puxar com mais força, mas sem sucesso. O Velho Bob por sua vez, gargalhava audivelmente.

- Ele é mais forte do que você!

Envergonhado, Will puxou as rédeas novamente, com mais força, mas sem resultados. Por fim, eu senti pena do garoto, e resolvi lhe dar uma ajuda.

- Não olhe para ele Will. Apenas pegue a corda e se afaste, e Puxão vai acompanhá-lo.

Halt olhou para mim acusadoramente, como se eu tivesse tirado um brinquedo dele. Mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele não estava realmente incomodado, pois ele já pretendia dar a dica para Will de qualquer forma.

Will tentou dessa forma. Virou as costas para Puxão e saiu andando, e é claro, assim que ele fez isso, o cavalo trotou docilmente atrás dele. O garoto sorriu ao olhar para Halt, enquanto o arqueiro fez um gesto de cabeça em direção ao portão do cercado. Havia uma pequena sela colocada sobre a cerca.

- Ponha os arreios nele. - Halt disse.

Puxão trotou para a cerca com facilidade. Will prendeu as rédeas na cerca, colocou a sela nas costas do pônei e se abaixou para apertar as tiras da barrigueira. 

- Puxe com bastante força - o Velho Bob aconselhou. 

Finalmente, a sela estava firme no lugar, e Will olhou ansiosamente para Halt. 

- Posso montar nele agora?

Um erro. Eu sorri, ao perceber que Will tinha se esquecido da lição de ser paciente, tamanha era sua animação. As próximas palavras de Halt deveriam ter acendido um aviso em sua mente.

- Se você acha que é uma boa ideia, vá em frente. - Ele disse.

Will hesitou, pois as palavras o lembravam de alguma coisa. Mas a ansiedade superou a cautela, e colocou um pé no estribo, jogando o corpo com facilidade nas costas do pônei. Puxão não se mexeu.

- Vamos! - Will ordenou, batendo os calcanhares na lateral do pônei.

Por um momento, nada aconteceu, e parecia que Puxão iria apenas permanecer imóvel, alheio aos esforços do garoto. Então de repente, o cavalo estremeceu, arqueou as costas pequenas e musculosas e deu um salto no ar, fazendo que as quatro patas deixassem o chão ao mesmo tempo. Ele se virou violentamente para um lado, pousou nas patas dianteiras e chutou as traseiras na direção do céu. Will foi parar em cima das orelhas do pônei, deu uma cambalhota no ar e caiu de costas na terra. Ele se levantou, esfregando as costas.

O cavalo apenas o observou com um olhar completamente inocente, como se achasse graça da atitude do garoto. O Velho Bob se contorcia de tanto rir, e eu não pude evitar acompanhá-lo, recebendo um olhar acusatório de Will. "Você sabia que isso ia acontecer?", ele parecia dizer. Eu apenas dei de ombros, sacudida pelo riso.

- O que eu fiz de errado? - Will finalmente perguntou, olhando para Halt.

O arqueiro passou por baixo da cerca e foi até onde Puxão estava parado olhando para os dois, esperando para ver o que ia acontecer. Ele devolveu as rédeas para Will e pousou uma das mãos em seu ombro. Seu olhar continuava inexpressivo, mas eu sabia que por dentro ele se divertia muito com toda aquela situação. Era um ritual que ele fazia com todos os alunos, e como eu iniciei meu aprendizado pouco depois de Gilan, Halt pode pregar a mesma peça em mim e nele.

A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀Onde histórias criam vida. Descubra agora