Os outros caçadores se reuniam em volta do jovem que tinha matado o animal, cumprimentando-o e dando tapinhas em suas costas. Não me preocupei mais em manter minha posição, e fui até onde o barão Arald e sir Rodney estavam.
O barão estava parado ao lado de Will, parecendo aborrecido.
- Você não vai ver outro desse tamanho durante muito tempo, Will - ele disse - Pena que ele não veio na minha direção. Eu gostaria de um troféu desses para mim.
Ele foi se reunir a sir Rodney, que já estava com os outros guerreiros em volta do corpo do animal morto. Consequentemente, notei que Will e Horace se encontravam cara a cara pela primeira vez desde a briga. Percebi que os dois estavam animados com o resultado da caça, e que queriam compartilhar o momento juntos, apesar de estarem envergonhados pela briga anterior. Talvez finalmente tivessem percebido o quanto havia sido bobo.
Will pareceu finalmente tomar coragem para se aproximar do guerreiro, e eu me virei, percebendo que era melhor que não me vissem observando. Eles deveriam se entender sozinhos.
Em vez disso, me aproximei de Halt, sir Rodney e o barão, que ainda estavam perto do porco selvagem morto, conversando.
- Seu garoto se saiu bem, Halt - Rodney disse, e o barão concordou.
- Gostei de ter trazido Horace para participar da caçada - eu disse, me virando para Rodney - Ele é realmente muito disciplinado.
O guerreiro concordou, sorrindo.
Foi quando ouvi a voz de Will, se sobressaindo à comemoração dos cavaleiros.
- Cuidado! - ele gritou, chamando a atenção de todos.
Ao me virar, meu coração deu um pulo em meu peito. Outro porco selvagem, ainda maior que o primeiro, havia aparecido das árvores, bem onde Will e Horace tinham sido deixados sozinhos, a uma distância considerável.
Percebi imediatamente que a situação era muito perigosa. A formação tinha se desfeito, muitos dos cavaleiros não haviam nem percebido o novo perigo. Além disso, a velocidade dos porcos selvagens impedia que qualquer um de nós pudesse chegar até o animal a tempo.
O porco selvagem abaixou a cabeça, raspou o chão outra vez e atacou. Tudo aconteceu numa velocidade aterrorizante. Num momento, o imenso animal estava raspando o chão com as presas. No outro, disparava na direção de Will e Horace, os únicos que tinham ficado em seu caminho.
Colocando-se entre Will e o porco selvagem, Horace se virou sem hesitação para o animal, preparando a lança como sir Rodney e o barão tinham lhe mostrado. Mas, ao fazer isso, seu pé escorregou na trilha gelada coberta de neve e ele caiu indefeso para o lado, soltando a lança no chão.
Will não esperou um segundo, percebendo que a situação era crítica. Ele desmontou de Puxão, no mesmo tempo em que preparava a flecha. O arco recurvo que ele usava não tinha a mesma potência que os arcos longos dos arqueiros, pois ele ainda estava no início do treinamento, e por isso não havia a menor chance de que ele pudesse matar o animal.
Ele atirou e no mesmo instante correu para o lado, para longe do aprendiz caído na neve. Em seguida, gritou com toda a força dos pulmões e atirou novamente.
As flechas ficaram espetadas na pele grossa do porco selvagem como agulhas numa almofada para alfinetes. Elas não provocaram grandes danos, mas a dor que causaram atravessava seu corpo como uma faca quente. Seus olhos vermelhos e zangados se prenderam na pequena figura saltitante, e o animal furioso saltou atrás de Will.
Will, percebendo o perigo iminente, procurou o abrigo de uma árvore e se agachou atrás dela bem a tempo.
O ataque enraivecido do porco selvagem o levou diretamente para o tronco da árvore. Seu corpo enorme se chocou contra ela, sacudiu-a até as raízes e mandou uma chuva de neve para o chão, caída dos galhos.
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A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀
AdventureA Ordem dos Arqueiros é um respeitável e recluso grupo, repleto de mistérios. Dizem que os arqueiros são praticantes de magia negra, seres temíveis com habilidades místicas que garantem a ordem no reino de Araluen, e a segurança do rei. Ayla é uma...