A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀

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- E então, o que acha dele? - Halt perguntou.

Era a noite seguinte. O arqueiro tinha saído com Will naquele dia para seu primeiro dia de treinamento, onde mostrara ao garoto as nossas principais armas. Nós arqueiros éramos conhecidos principalmente por nossa habilidade com o arco, e as facas que carregávamos em uma bainha dupla.

- Sinceramente, acho que ele vai ser um grande arqueiro. - Eu disse - E ele parece genuinamente interessado.

- Sabe, ele me lembra muito você. - Halt disse - Alegre, fazendo perguntas o tempo todo, não se desanima fácil. Realmente, só não me enlouquece mais do que você e Gilan juntos. - O arqueiro fez uma pausa, com um sorriso no rosto - E por falar nele, como andam as coisas entre vocês? - Ele disse, com um olhar sugestivo.

Eu hesitei, subitamente desconfortável. Era de conhecimento de praticamente toda a corporação a situação entre eu e Gilan, afinal, o arqueiro nunca mantivera segredo sobre suas intenções, e era completamente natural que Halt perguntasse. Ele nos conhecia desde crianças, e era um dos únicos que sabia o quão íntimos éramos. Crescemos como parceiros, fazíamos tudo juntos, e não havia nada sobre mim que Gilan não soubesse. Eu confiava a ele minha vida, e o sentimento era recíproco. Ele nunca questionou, ou pareceu contrariado por eu ser uma garota em treinamento para me tornar arqueira, e na realidade, foi meu maior defensor durante todos esses anos.

E ainda sim, eu evitava discutir sobre nossos sentimentos um pelo outro. A realidade, é que havíamos criado uma familiaridade profunda crescendo juntos, o tipo de relação que não é facilmente desconstruída. E por mais que eu quisesse me permitir dar o próximo passo, uma parte muito pequena de mim ainda tinha dúvidas de que aqueles sentimentos pudessem ser nada mais do que o amor fraterno desenvolvido entre nós.

Gilan, longe de se intimidar pela rejeição, entendeu os meus pensamentos. Mas isso não foi o suficiente para fazê-lo desistir. Ele continuava, mesmo que sutilmente, a demonstrar suas intenções, na esperança de que eu um dia cedesse. A verdade é que era realmente algo tentador para mim, mas eu ainda não compreendia completamente os meus próprios sentimentos. Isso causava algumas situações um tanto embaraçosas entre nós ocasionalmente, mas não havia de forma nenhuma diminuído nosso vínculo, o que foi um alívio para mim.

- Nós não nos falamos desde que vim para cá. - Eu disse apenas.

- Ah, bom, eu pensei que vocês estivessem... - Halt deixou a frase no ar, mas eu entendi o que ele quis dizer.

- Não estamos. - Eu respondi - Se não se importar, eu prefiro não falar sobre isso.

Halt não insistiu, entendendo o que eu quis dizer. Eu tinha certeza, que apesar de eu nunca ter me aberto sobre esse assunto para ele, ele compreendia boa parte dos pensamentos que perturbavam minha mente. E da mesma forma, nunca iria se intrometer. E esse era um dos motivos pelos quais eu o amava. Halt era praticamente uma figura paterna para mim, mas esse assunto era um campo minado no qual eu ainda não queria entrar.

- Bom, queria perguntar se você não gostaria de me acompanhar no treinamento de Will de vez em quando. - O arqueiro continuou, trocando o assunto. - Afinal, seria bom que você assistisse, pois um dia terá seu próprio aprendiz.

Eu o agradeci mentalmente, enquanto respondia.

- Eu adoraria, se não houver problemas. Não quero interferir no seu trabalho.

- Não se preocupe. Sei que você não vai estragar minha diversão, apesar de ser muito coração mole com esses jovens. - Ele disse - Bem, nesse caso acho melhor irmos descansar. Amanhã preciso começar os exercícios com Will, e em breve faremos uma visita ao velho Bob. Você deveria vir conosco.