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Nós andamos por cerca de uma hora, enquanto Will parecia determinado em ser paciente, e não fazer nenhuma pergunta sobre nosso destino. Finalmente, pudemos ver um pequeno grupo de casas enterradas no fundo da floresta.

Halt nos guiou até a maior das cabanas em ruínas, parando em frente a ela para se certificar de que nós o estávamos seguindo.

- Olá, Velho Bob! - ele chamou.

Pudemos ouvir o som de alguém se mexendo dentro da cabana, antes que uma figura aparecesse na porta. Bob era quase careca, e sua barba era comprida, manchada e de um branco sujo. Apesar disso, seu rosto exibia um sorriso gentil.

- Bom dia, arqueiro! Quem você traz aí? - Bob perguntou, antes de me notar parada ao lado de Will - Ayla. - Ele cumprimentou, com um aceno de cabeça.

- Este é Will, meu novo aprendiz. - Halt disse - Will, este é o Velho Bob.

- Bom dia, senhor - Will cumprimentou, fazendo com que o velho risse.

- Ele me chamou de senhor! Viu só, arqueiro, ele me chamou de senhor! Esse vai ser um excelente arqueiro! - Ele então se virou para mim, cheio de humor - Sinto falta de quando você me chamava assim, Ayla. Bem que poderia seguir o exemplo do jovem.

Will abriu um sorriso de orelha a orelha, parecendo ter decidido que gostava do Velho Bob. Halt apenas soltou um grunhido, impaciente:

- Eles estão prontos? - perguntou.

- Estão mais do que prontos! - o velho respondeu - Venha até aqui e veja.

Ele nos levou até o fundo da cabana, onde havia um pequeno cercado com o portão aberto. Na outra extremidade, havia um abrigo coberto por um telhado sustentado por quatro postes. Não havia paredes. O Velho Bob soltou um assobio agudo que fez Will dar um pulo. 

- Eles estão ali, está vendo? - falou, apontando para o abrigo. Imediatamente, três pequenos cavalos vieram trotando em nossa direção. O menor deles era um pônei, mas os três eram animais pequenos e desgrenhados.

Os dois maiores relincharam, em reconhecimento. Enquanto um deles trotou para perto de Halt, a pequena égua branca veio em minha direção. Eu acariciei seu focinho calmamente. Não fazia muito tempo que a deixara aos cuidados de Bob, mas ela já parecia muito satisfeita com o estilo de vida tranquilo.

Eu peguei uma maçã de um pequeno cesto ao lado, e a estendi para a égua. Ela mastigou a fruta, agradecida, enquanto o Velho Bob fazia o mesmo com o pequeno pônei.

- Esse se chama Puxão - ele contou, enquanto o cavalo dirigia seu olhar inteligente para Will - Parece que é do seu tamanho, não é?

Ele passou a rédea de corda para Will, que encarou o animal profundamente. Eu podia entender bem sua reação. À primeira vista, os cavalos usados por arqueiros realmente não eram figuras impressionantes. Pequenos e atarracados, eles se assemelhavam muito mais a pôneis desgrenhados do que aos cavalos de batalha do castelo. Apesar disso, eles eram incrivelmente melhores do que os cavalos de cavaleiros: Muito mais espertos e resistentes, esses cavalos eram não só animais para nós, mas companheiros constantes e amigos íntimos.

Na verdade, assim como com a maioria dos arqueiros, minha relação com a pequena égua era tão profunda que eu me via muitas vezes conversando com ela. E sempre que eu dizia algo, seu olhar inteligente parecia me dar uma resposta.

Pude sentir o desapontamento de Will ao olhar para o cavalo. O animal, longe de se intimidar, encostou a cabeça no ombro do garoto, como se tentasse pedir para que ele o desse uma chance de se provar.

- Bom - Halt disse - O que você achou dele? - perguntou, acariciando o focinho do animal.

Will hesitou visivelmente, tentando escolher as melhores palavras para expressar seus sentimentos.

A Ordem dos Arqueiros - Arqueira do Rei ➀Onde histórias criam vida. Descubra agora