Capítulo 23

6.8K 638 28
                                    

No dia seguinte Maite mal acreditava que estava livre, e dormir naquela cama novamente havia lhe feito recuperar boa parte de sua energia.

- Bom dia, filho. - Falou acariciando a barriga como fazia todas as manhãs quando acordava.

Depois de alguns minutos uma das criadas apareceu para ajudá-la se arrumar, e trouxe junto consigo alguns vestidos que William havia comprado a ela já que a maioria que tinha não servia ou estavam muito gastos e sujos de quando usou na cadeia.

- Pegue aquele meu cinza que trouxe comigo, ele é horroso, mas servirá.

- Mas por que, senhora? Os vestidos que vossa graça comprou são tão lindos.

- Eu não quero mais nada de Levy.

A mulher não disse mais nada e simplesmente a ajudou colocar a roupa.
Quando desceu para tomar café o Duque já estava sentado a mesa.
Ela apenas se sentou na extremidade oposta sem nem cumprimentá-lo.

- Bom dia. - Foi ele quem disse para quebrar o silêncio.

- Bom dia. - Respondeu apenas por educação.

- Dormiu bem?

- Sim.

- E aí, vai fazer o que hoje?

A mulher já respirou fundo nervosa, não queria trocar palavras com ele, mas o mesmo ficava fazendo perguntas desnecessárias.

- Irei sair.

- Para fazer o que?

- Nossa, para de ser chato. Não percebe que não quero falar com vossa graça?

- Vossa graça? Voltamos a estaca zero? - Questionou com a sobrancelha arqueada.

- Não sou mais sua esposa, logo deverei te tratar com formalidades.

- Maite...

- Já estou satisfeita, com sua licença. - Falou a morena já se levantando e saindo em seguida. Era mentira, estava faminta, com toda aquela converseira de William mal havia conseguido tocar na comida.

Perroni decidiu que iria procurar algum médico na cidade e oferecer seus serviços como enfermeira, não queria ficar dependendo 100% do dinheiro de William.
Ela saiu perguntando para algumas pessoas, até descobrir os dois médicos que haviam na cidade e as quatro parteiras.
Primeiro Maite decidiu tentar algo que era mais na sua área, e procurou os doutores, mas todos se negaram no mesmo instante por saberem se tratar da duquesa e além de tudo estar com uma barriga gigante de grávida.
Restando assim apenas as parteiras, ela já estava descrente, as três primeiras também negaram seus serviços. A morena foi até a última simplesmente por desencargo de consciência.

- Bom dia, vossa graça. Como posso ajudá-la? - Perguntou a senhorinha com um grande sorriso. - Quer ver como está a saúde do seu bebezinho?

- Bom dia, senhora Lurdes. Fiquei sabendo que trabalha como parteira e queria saber se não está precisando de uma auxiliar. - Questionou com um sorrisinho amarelo.

- Oh! - Disse surpresa. - Acredito que o Duque não ficará muito contente com isso.

- Sem dúvidas a senhora deve estar ciente que fui presa acusada pelo assassinato de Henry Levy, e sabe o que houve? William não acreditou em mim, me mandou para cadeia para ser morta logo após o nascimento da criança. Agora que fui inocentada e descobriram o verdadeiro assassino, como acha que conseguirei viver sob o mesmo teto que ele?

- Vai se separar?

- Assim que o neném nascer.

- Mas como, querida? O único que pode pedir a anulação do casamento é o senhor Levy, acha mesmo que ele fará isso ainda mais com um filho de vocês?

- Ele já está totalmente ciente da minha decisão, e nada nem ninguém mudará isso. A única coisa que lhe peço é que me dê um serviço para que eu possa partir com pelo menos um tostão no bolso. Sou enfermeira de guerra, não tenho quase nenhum conhecimento sobre partos, mas tenha total certeza que darei o meu melhor, e aprendo muito rápido.

A mulher refletiu um pouco enquanto passava as mãos pelos fios brancos de sua cabeça, e só depois de respirar fundo deu sua resposta.

- Tudo bem, mas tem que me prometer que o Duque não fará nada para me prejudicar.

- Eu te dou minha palavra, se ele sonhar em fazer qualquer coisa com a senhora eu finalmente cometerei meu primeiro assassinato de verdade.

- Então considere-se contratada, duquesa.

E foi assim que Maite começou a enxergar uma esperança no fim do túnel, o primeiro passo para conseguir ir embora futuramente era arrumando um trabalho e tendo um pouco de dinheiro.
Se tudo desse certo quando a criança completasse algumas poucas semanas de vida ela já estaria longe daquele lugar e daquelas pessoas que tanto lhe fizeram mal.

Aos Cuidados de um Duque Onde histórias criam vida. Descubra agora