Capítulo 16

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Maite ouviu uma movimentação estranha vindo do andar de baixo, olhou pela janela e o Sol parecia estar acabando de raiar. Ainda sonolenta ela vestiu um hobby e desceu, na sala encontrou William sentado no sofá e com as mãos na cabeça como se estivesse desesperado.

- O que foi? - Questionou preocupada.

E quando ele a olhou ela sentiu seu coração se apertar, os olhos do homem estavam marejados. E naquele momento ela soube que algo muito ruim havia acontecido, William não era de chorar por pouca coisa.

- Você precisa ser forte, Maite. O Henry morreu.

A jovem sentiu como se o chão tivesse aberto sob seus pés, e caiu de joelhos antes que William pudesse a amparar. Ele se abaixou e a abraçou enquanto soluços escapavam de sua garganta.

- Não pode ser... NÃO PODE SER. Você está mentindo. - Falou se afastando e tentando o atacar, mas ele segurou suas mãos e olhou dentro de seus olhos.

- Ele se foi...

Minutos se passaram com os dois apenas ali juntos chorando, a dor que ambos sentiam era imensa.
Apesar das diferenças William amava seu irmão, afinal cresceram juntos, eram confidentes um do outro.
Henry foi o primeiro e até então único amor de Maite, era o pai do seu filho. E apesar da mágoa que sentia por ele ter a abandonado ela não conseguia deixar de amá-lo e jamais lhe desejaria qualquer mal.

- Vai ficar tudo bem. - Disse o Duque a ajudando se levantar e a sentando no sofá.

- Como?... Como ele morreu? Ontem estávamos lá na casa dele, e ele estava ótimo. - Perguntou a morena secando as lágrimas.

- Invadiram a casa agora na madrugada, ele provavelmente ouviu o barulho e saiu para ver o que era... E o mataram, a facadas.

- Senhor... Que tragédia, como pode alguém ser capaz de tamanha crueldade? - Questionou abismada.

- Eu vou precisar sair, preciso arrumar tudo. Mais tarde será o enterro, aí eu venho para buscá-la.

- Ok...

- Você vai ficar bem?

- Não... Mas vou precisar ficar.

Ele segurou sua cabeça e depositou um beijo em sua testa antes de partir.
Maite se deitou no sofá e ficou chorando por horas, até não restar mais lágrimas para escorrer.

- Senhora, preparei um banho quentinho. Vamos lá, eu te ajudo. - Disse uma das criadas que sentiu pena pelo estado da moça.

- Eu não tenho forças, Rosália. - Confessou.

- É muito difícil perder alguém, conheço Henry a alguns anos e ele é uma pessoa cativante mesmo. Sei que passou pouco tempo com ele, mas entendo sua dor, ele era um ser incrível. Mas a vida aqui continua, e tenho certeza que o milorde não gostaria de ver ninguém sofrendo por ele.

- É difícil, muito difícil perder alguém assim.

- Eu sei, mas a senhora está grávida, tanto sofrimento pode afetar o bebê. Vamos lá tomar um banho, depois te sirvo um chá de camomila com bolachinhas para não ficar em jejum.

A jovem concordou, e com o apoio de Rosália seguiu escada acima. Praticamente a criada lhe deu banho sozinha, Maite mal conseguia se manter em pé.

- Qual vestido a senhora quer usar?

- O azul claro.

- Não quer colocar um preto?

- Não, como você disse o Henry era leve, feliz, preto não combina com ele.

A mulher não disse mais nada, apenas concordou e pegou o vestido que lhe foi pedido.
Quando já estava devidamente pronta, lhe trouxeram a bandeja com o chá e os biscoitos. Ela deu uma beliscadinha, mas pouco, não tinha fome alguma, porém sabia que era necessário se alimentar um pouco.
Horas mais tarde ela foi informada que William havia voltado, tomaria um banho e sairiam para o velório.
Ela ficou o esperando na sala, e em poucos minutos ele apareceu.

- A sociedade exige que vestimos preto em funerais, Maite.

- Eu não ligo para as malditas regras da  sociedade, eu não me importo do que vão falar ou pensar. O Henry gostaria de me ver assim, e é assim que irei.

Ele nada mais disse, apenas estendeu o braço para que pudéssem seguir.
O percurso até a igreja parecia eterno, mas finalmente chegaram. A morena já estava se levantando para descer, mas William segurou seu braço a impedindo.

- Eu entendo seu sofrimento e sua dor, mas não se esqueça que a esposa de Henry é a lady Kathy, e diante dela e dos demais você precisará controlar. Seja forte, estarei sempre ao seu lado.

Ela apenas balançou a cabeça em concordância, e então desceram da carruagem.
Assim que entraram várias pessoas estavam sentadas, e Kathy em pé ao lado do caixão.
Um arrepio percorreu o corpo de Maite quando ela olhou nos olhos da mulher, ela enxergou maldade neles. E estava nítido que a mesma não havia derramado uma lágrima se quer.
Assim que se aproximaram Kathy se jogou nos braços de William, não o deixou nem ver o irmão primeiro.
Campbell aproveitou a distração para se aproximar do caixão, ela segurou as  mãos frias do homem, enquanto mordia fortemente os lábios para não cair no choro novamente.
Ela deu um leve sorriso, parecia que haviam combinado na roupa, a cor de seu terno era idêntica a cor de seu vestido, eles eram almas gêmea que jamais conseguiram viver o amor.
Doeu em seu ser vê-lo daquele jeito, pálido, gélido e em seu rosto uma expressão como se estivesse indignado.

- Quem fez isso com você, meu amor? - Murmurou baixinho.

Ela sentiu uma presença atrás dela nesse instante, era o Duque. Ele tocou o peito do irmão, e escondeu o rosto no pescoço de Maite, ele estava chorando e queria evitar que o vissem, afinal demonstração exagerada de sentimentos também não era bem vista pela hipócrita sociedade.
Na mesma hora ela se virou e o abraçou fortemente sem se importar.
A morte era uma coisa inexplicável, porque não levava somente a pessoa em si, mas também um pedaço de cada um que ficava.

Aos Cuidados de um Duque Onde histórias criam vida. Descubra agora