quatro: por você ter um jeito de prometer coisas

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O dia da festa chegou e, com isso, também chegaram as dores de barriga de Albedo. Ele não sabia se sairia por cima ou por baixo, mas sabia que iria sair em algum momento. Seu estômago revirava, seu intestino estava pronto para soltar uma bomba, sua cabeça latejava. Ele estava passando mal, muito mal.

"Albedo." Escutou a voz de Heizou ecoar no quarto através do viva voz do celular jogado em sua cama de solteiro. "Isso é ansiedade."

Kreideprinz queria ser sarcástico agora. Queria gritar "porra, não diga?". Queria arrancar de dentro de si toda aquela angústia.

Porra, por que ele tinha que ser assim? Como ele se tornou assim?

O albino queria chorar. Estava prostrado no vaso há quase meia hora. Não tinha mais vontade de ir, mas sabia que era mestre em auto sabotagem e, para se derrotar, teria que se fazer ganhar enquanto se derrotava, se isso fazia algum sentido.

Suas crises de ansiedade não eram de choro com sensação de morte e desespero, com falta de ar, não eram semelhantes a alguns ataques de pânicos que teve uma ou duas vezes na sua adolescência. Suas crises eram essas. Ele passava mal. Muito mal. No máximo, tinha a tão famosa taquicardia. Mas, na maioria das vezes, era ele só tremendo e suando frio enquanto colocava tudo que comeu durante o dia para fora, por cima ou por baixo; era ele tendo desmaios; era ele compulsivamente comendo; era ele em crise depressiva diante a crise de ansiedade; era ele tendo todos os sintomas juntos do transtorno compulsivo de uma única vez. Sua crise de ansiedade durava horas, dias ou meses. Era uma dor que gerava outras dores e então era um ciclo infinito de ansiedade e suas consequências.

Limpou-se e caminhou com joelhos fracos de volta para sua cama. Sua visão estava turva e ele sabia que era desidratação.

"Eu 'tô passando muito mal", disse e, com as mãos trêmulas, pegou a garrafa d'água quente que estava ao lado do seu celular. Abriu com dificuldade e tomou goles grandes. Passou mal agora, então estava torcendo para não passar mal lá. "Eu queria que você fosse comigo."

"Mas eu vou contigo."

"Eu quis dizer pessoalmente."

"Eu sei..."

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos. Albedo ainda tremia e parecia mais pálido do que já era. Seus cílios brancos estavam umidos por lágrimas que não saíram, por ter sofrido no vaso por trinta minutos, por forçá-los a fechar para evitar a luz forte do quarto.

"Ok, vou me arrumar", anunciou. Olhou o relógio pregado na parede branca do seu dormitório e já marcava nove horas da noite. A festa começava às oito, mas, pelo que Heizou falava, a verdade era que as festas começavam duas horas depois do horário combinado, então Albedo confiou no que ele dizia.

Albedo teve colegas na adolescência. Saía com eles, bebia e às vezes fumava. Ele não era tão esquisito assim, ele sabia o que eram festas!

Sua roupa para a noite era uma saia quadriculada marrom escuro, meia calça castanha e um moletom bege por cima. Ele esperava não ficar no meio de tanta gente, mas sim onde tinha abertura para ar fresco e isso significaria frio pela baixa temperatura hoje. Nos pés, uma bota preta plataforma de cabo baixo que o deixaria pelo menos quase dez centímetros mais alto.

Colocou o celular em pé e apoiado no seus vários travesseiros sobre sua cama, então se afastou para mostrar sua roupa para seu melhor amigo. E Heizou gritou de excitação. Kazuha, que estava ao lado do ruivo na ligação, pulou pelo susto, trazendo a Heizou uma gargalhada escandalosa.

"E a maquiagem?", perguntou do outro lado da tela. "Você vai colocar maquiagem, né?"

"Sim, vou...", disse incerto. "Acho que vou colocar um delineado vermelho e não sei... Brilho." Sorriu ao se aproximar do celular e o pegar em mãos.

uma colina em chamas ⨾ kaebedoOnde histórias criam vida. Descubra agora