CAPÍTULO 1 – O DIABO USA TERNO E GRAVATA
DP faz parte da vida dos universitários, sempre fez, e sempre vai fazer. Exceto no meu caso. Infelizmente, como condição para manter minha bolsa de estudos, não posso reprovar em nem mesmo uma única matéria. E é exatamente por esse motivo que me encontro parada em frente a uma grande porta de madeira, em um tom escuro de tabaco que deixaria minha mãe babando.
Minhas pernas tremem de leve e está difícil controlar minha respiração, tudo por que eu sei o que me espera do outro lado da porta: o pior professor de toda universidade. Desde o meu primeiro dia, no primeiro semestre, eu já conheci sua reputação, apesar de não ter trocado uma única palavra com ele. Demorou quase quatro anos, mas meu tormento com ele começou. No meu atual semestre, tive o prazer de ter suas aulas. Tudo o que ele tem de lindo tem de demoníaco, quase na mesma proporção. Lembro-me perfeitamente que no segundo em que entrou na sala e se apoiou na mesa envernizada, cruzando os braços em frente ao peito, pensei que ele era um anjo caído do céu, com seu rosto perfeitamente esculpido, seu cabelo tão maravilhoso quanto aqueles dos comerciais e seus olhos que pareciam ter fugido de alguma pintura antiga. Tão perfeito quanto um anjo. Eu só tinha me esquecido que o anjo que caiu do céu foi Lúcifer, ou como ele se chama agora, Sasuke Uchiha.
Suas primeiras palavras dentro da sala foram:
- "Eu não concedo pontos, independentemente do motivo. Se querem passar na minha matéria, estudem, e estudem muito. Se não tiverem essa capacidade ou acharem que não vão conseguir, podem sair da sala agora mesmo e me poupem do tempo que gastarei tentando lhes ensinar. Se decidirem ficar, façam um total silencio. Não aceito celulares tocando ou fazendo qualquer tipo de barulho na sala, muito menos conversas sobre qualquer tipo de assunto, principalmente sobre a matéria. Se tiverem duvidas levantem a mão, e não ousem perguntar para o amiguinho do lado, pois ele provavelmente vai estar tão confuso quanto você. Minha avaliação é justa, só cobro na prova o que ensinei em sala de aula, então basta vir e prestar atenção que não terão problemas em responder as questões."
Depois disso o discurso continuou, porém, lembro de ter pensado que ele com certeza estava precisando transar um pouco. Eu ainda acho que está, pois se passaram quatro meses desde esse dia e sua cara emburrada e seu péssimo humor continuam o mesmo.
Enfim, prometi a mim mesma que não pegaria exame nele, que nem chegaria perto de precisar de um ponto. Mas como é que a minha vó diz? "Não cospe para o alto que caí na testa"? Bom, a véia está totalmente certa. Caiu bem no meio da minha testa, e aparentemente fez um belo de um buraco. Depois de fazer um exame que sugou toda a minha alma, recebi minha nota. Um lindo e maravilhoso seis, perfeitamente escrito com uma caneta vermelha, grifado duas vezes em baixo como se ele quisesse enfatizar minha nota medíocre.
Conhecendo ele do jeito que conheço, ele provavelmente queria.
Então, aqui estou eu, parada há quase dez minutos observando a porta da sua sala, tentando tomar coragem para entrar e implorar que ele me dê um único ponto, mesmo sabendo que isso provavelmente é inútil.
Respirei fundo, mais uma vez. Precisava tentar. Precisava mesmo. A mensalidade do curso de Direito está quase nos dez mil, fora minhas contas normais, meu apartamento, meu miojo e meu lindo Sirius Black, cuja a ração custa quase todo meu salário. Nunca conseguiria pagar a mensalidade da faculdade, nunca mesmo. Seria obrigada a trancar e tentar conseguir outra bolsa de estudos, ou então algum financiamento estudantil que me deixaria endividada até os meus trinta anos. Não posso me dar esse luxo, então minha única opção é implorar, implorar muito para que ele me ajude.
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Fingindo
RomanceSakura Haruno era acostumada a se virar sozinha, e em regra geral, sempre foi orgulhosa demais para pedir ajuda, isso até a situação fugir do seu controle. Pela primeira vez na vida sua média não tinha sido o bastante para passar de semestre em "Int...