Capítulo 4 - Uma Haruno sempre paga suas dividas

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CAPÍTULO 4 - UMA HARUNO SEMPRE PAGA SUAS DIVIDAS


Quando o carro parou e o manobrista entregou a chave, o diabo lhe deu uma nota de cem e colocou minha comida no banco de trás. Olhei em direção ao ponto.

Essa era a hora de correr.

Uma pena minha comidinha ficar com ele, mas fazer o que? Não se pode ter tudo na vida. Dei dois passos quando a voz dele soou um pouco mais alta do que o normal.

- Nem pense.

Duas palavras e minhas pernas congelaram onde estavam.

Sério, eu preciso parar de ser tão covarde. Mas alguém pode me culpar? A ideia de ficar sozinha com ele, ainda mais depois do que aconteceu, me enche de pânico.

Dei um sorrisinho bem sem graça em sua direção, mas ele continuou com aquela expressão de quem planeava me matar e jogar meu corpo em um lago esquecido por deus.

Se eu nunca mais aparecesse, já sabem quem é o culpado.

O Uchiha abriu a porta do carro para mim, e esperou pacientemente meus passos lentos. Fiz uma curva bem longa só para não arriscar encostar nele, e então me sentei no banco macio.

Ele bateu a porta com um pouco mais de força do que o necessário.

Que deus me ajude.

Em questão de segundos ele se sentou no banco do motorista. Mantive minha cabeça fixa para frente, e meus olhos se prenderam a um carro a poucos metros de distancia.

Medo de olhar para ele e ver o rosto do diabo, igual na série Lúcifer.

Ou ver uma faca afiada, igual todo filme de terror clichê.

- Cinto - falou ao meu lado.

Prendi o mesmo, torcendo para ser forte o bastante caso ele realmente decidisse me matar em um suposto acidente não intencional. Como professor de direito penal e advogado criminal, tenho certeza que ele sabe exatamente como matar alguém sem parecer culpado.

Assim que coloquei as mãos no colo, ele ligou o carro.

Retirando meu cheiro de medo, e o cheiro de ódio quase palpável, o carro estava com um cheirinho gostoso, daqueles de limpeza. Coisa de gente rica, certeza. Carro de pobre cheira a eucalipto por causa daquelas arvorezinhas penduradas.

Eu pessoalmente não gostava muito, até porque em viagens longas o cheiro me fazia ficar enjoada.

Ele manobrou o carro e então saímos, no mais absoluto silêncio. Quais as chances de não termos uma conversa constrangedora no caminho?

- Onde mora? - questionou.

Murmurei o endereço sem olhar para ele.

Eu com certeza preferia ir a pé.

Andar nunca me pareceu tão bom, o metro nunca foi mais tentador. Ai ai, até a morte era melhor do que o silêncio constrangedor.

Melhor contar lobisomens para ocupar a mente.

Um lobisomem.

Dois lobisomens.

Três lobisomens.

Quatro lobisomens.

Cinco lobisomens.

Seis lobisomens.

Sete lobisomens.

FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora